“Descodificando o trabalho híbrido”. Paula Panarra partilha a visão da Microsoft sobre o futuro do trabalho

Paula Panarra, CEO da Microsoft Portugal, esteve presente na XXI Conferência Human Resources Portugal como oradora de encerramento, e escolheu para a sua exposição o tema “Descodificando o trabalho híbrido”. 

Por Paulo Mendonça | Foto Nuno Carrancho

 

«Estamos a viver um período que não podemos considerar como uma experiência de trabalho remoto», refere Paula Panarra. Isto, porque «aquilo que temos vivido resulta de uma emergência de saúde pública, ferramentas e soluções»; importa agora que os líderes reimaginem o que poderá ser esta experiência num futuro sem pandemia e como aproveitar «o que de melhor esta oportunidade nos trouxe».

A CEO da Microsoft acredita que o futuro do trabalho vai reunir o melhor do presencial e do remoto num modelo híbrido. No entanto, esse futuro não terá lugar se não fizer sentido para os líderes de uma transformação estratégica de sustentabilidade para as organizações em Portugal. «É papel dos líderes abraçar estas transformações e trazê-las para aquilo que vai ser a necessária retoma».

Sectores e organizações diferentes vão ter realidades e necessidades distintas. A Microsoft fez um estudo que envolveu 30.000 pessoas de 30 países, oriundas dos mais variados sectores, e concluiu que hoje em dia existe um paradoxo. Ao mesmo tempo que 73% das pessoas pretendem manter-se com a flexibilidade na forma de trabalho, quase dois terços querem que o presencial também se mantenha. No fundo, as pessoas querem que as organizações tragam uma realidade de modelo híbrido para o dia a dia dos colaboradores.

Dadas as diferenças da situação pandémica nos vários países, a Microsoft tentou perceber, neste estudo, onde é que as pessoas já estão a ir mais do que três dias por semana ao escritório, e descobriu que não existe um padrão. É por isso que Paula Panarra afirma que o futuro do trabalho vai depender da cultura, das condições que vão ser propostas e da forma de estar das pessoas e das empresas. No entanto, tem uma certeza: certamente vai ser preciso imaginar um novo modelo operacional assente em três grandes pilares: as pessoas, os espaços e os processos.

Relativamente às pessoas, as empresas terão de preocupar-se não apenas com o capital social, mas também com o capital de conhecimento e com o capital humano. Depois da pandemia, antecipa-se que sejam recriados modelos operacionais que tenham a maior colaboração, produtividade, capacidade de integração na cultura e criatividade das organizações, mas que também mantenham a flexibilidade que os colaboradores pedem. No futuro, mesmo que existam muitas pessoas presencialmente nos escritórios, muitas outras haverá também que estarão em remoto. Os momentos de interação manter-se-ão, mas nem sempre serão em tempo real; muitas vezes acontecerão em eventos, por exemplo. Do mesmo modo, as reuniões poderão passar a estar disponíveis de forma assíncrona para serem consultadas mais tarde ou mesmo por quem não pôde estar presente. Também o learning interno é cada vez mais uma expectativa dos colaboradores.

No que diz respeito aos espaços, não só os físicos, mas também os colaborativos, vão ter relevância numa realidade híbrida. Estes espaços deverão ser inclusivos para todos e independentemente de onde estejam as pessoas, e espera-se que sejam também espaços de conhecimento, com informação disponível para toda a equipa. Em suma, os espaços físicos terão de ser pensados de forma a fazer com que todas as pessoas estejam presentes – mesmo que virtualmente – e ao mesmo nível de colaboração.

Por fim, os processos. Para Paula Panarra a pandemia foi uma oportunidade de acelerar para o digital, e deve ser aproveitada. As empresas devem repensar a sua presença no digital, a forma como interagem com os potenciais clientes, a forma como optimizam e automatizam uma série de operações e até a forma como entram em novos mercados, produtos e serviços. «É assim que vamos conseguir acelerar a retoma económica, que passa por repensar e digitalizar uma série de processos dentro das organizações», refere Paula Panarra. «Ter a intenção e a tecnologia, mas não habilitar as pessoas, as suas competências, e criar os processos com objectivos, não vai permitir que esta transformação seja o passo em frente que todos procuramos».

Concluindo, a tecnologia vai, sem dúvida, fazer parte do futuro de todas as organizações, não apenas na forma como as equipas colaboram, mas também na forma como as empresas estarão presentes numa economia cada vez mais sustentável.

 

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