Dia Mundial da Poupança: Uma viagem até à reforma

A viagem até à reforma deve começar o mais cedo possível e ser devidamente planeada para evitar sobressaltos e permitir um merecido descanso após a chegada.

Por Vasco Câmara, Senior Director, Human Capital Benefits da Willis Towers Watson em Portugal

 

Acredito que a generalidade das pessoas pretende chegar à idade da reforma e manter o nível de vida a que estava habituada durante a vida activa. Sabemos que o sistema da Segurança Social está sob pressão e que o nível da pensão a que vamos ter direito, provavelmente não vai ser suficiente para manter o nível de vida desejado.

Não há volta a dar. Poupar para a reforma é obrigatório e é algo que deve entrar nas rotinas de todos aqueles que têm capacidade financeira para o fazer, seja através do plano de pensões que a empresa atribui, seja a título particular.

Mas não basta poupar o que se pode, quando se pode e esperar para ver o resultado. É importante que exista um planeamento adequado e ter resposta às seguintes perguntas pode ajudar:

  • Quanto vou receber por parte da Segurança Social quando atingir a idade de reforma?
  • Quanto é que vou precisar para colmatar a redução do nível de vida após a reforma?
  • Qual o nível de poupança que vou precisar para atingir o meu objectivo?
  • Qual o nível de risco que estou disposto a assumir ao longo deste caminho até à reforma?

A resposta a estas perguntas pode parecer difícil à primeira vista. No entanto, algumas empresas disponibilizam plataformas digitais que permitem que os seus colaboradores consigam ter as respostas de que precisam para efectuar um planeamento adequado da sua reforma e possam monitorizar a evolução ao longo do tempo e efectuar ajustamentos, caso seja necessário.

No fundo, estas plataformas vão proporcionar uma experiência ao colaborador, no sentido em que este vai estar mais bem preparado para tomar decisões, vai estar mais envolvido com o plano de pensões que a empresa que lhe atribui e compreender o papel que tem no financiamento da sua reforma.

 

Nível de poupança e de risco

Quando definimos a estratégia de investimentos para a reforma, devemos ter em consideração duas variáveis que acabam por estar relacionadas:

– Nível de poupança necessário para atingir um determinado objectivo;

– Nível de risco que estamos dispostos a assumir ao longo da viagem.

Existem vários caminhos para atingir o mesmo objectivo: assumir mais risco pode significar reduzir o nível da poupança, mas é provável que a volatilidade ao longo da viagem aumente. Por outro lado, se assumirmos menor risco, o nível da poupança terá que ser necessariamente superior para atingir o objectivo pretendido, mas a volatilidade diminui.

É importante referir que o investimento para a reforma tende a ser um investimento de longo-prazo, mas obviamente que este prazo vai ser mais ou menos longo, dependendo da distância temporal a que cada um está da reforma.

Seja através dos planos de pensões das empresas, seja a título particular, cada um pode escolher veículos de investimento alternativos, desde fundos de pensões com garantia de capital até fundos com elevada exposição a ações. O risco dos investimentos está do lado de quem está a poupar e é verdade que muitas pessoas podem não estar bem preparadas para tomar estas decisões. O apoio das empresas e as referidas plataformas digitais são essências na educação financeira para que os colaboradores possam tomar decisões conscientes.

 

Monitorizar e corrigir, se necessário…

É aconselhável que haja uma verificação anual de como está a progredir a nossa viagem em comparação com o objectivo definido inicialmente.

Por exemplo, quem verifica que num determinado momento está acima do objectivo definido inicialmente, pode tomar uma das seguintes decisões: não fazer nada e aproveitar o facto de estar acima do objectivo; reduzir o risco de investimento para proteger o valor que já poupou ou reduzir o nível de poupança.

Da mesma maneira, se concluir que está significativamente abaixo do objectivo, pode considerar a possibilidade de aumentar o risco ou aumentar o nível da poupança.

A determinada altura, podemos chegar à conclusão que não vamos conseguir atingir o objectivo definido inicialmente, mas esta monotorização permite gerir as expectativas e evitar surpresas no momento da reforma.

 

Não pense que ainda tem muito tempo pela frente, o caminho parece longo, mas quando der por isso, já lá está. Informe-se, utilize as ferramentas digitais que tem à sua disposição e comece já a sua poupança para a reforma!

 

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