Diferença salarial entre homens e mulheres em quadros superiores chega aos 26%

De acordo com a CGTP, no final de 2020, mais de metade dos trabalhadores com vínculo precário, eram mulheres. As discriminações das mulheres vão desde o acesso ao emprego, à progressão da carreira e aos salários, que são, em média, 14% mais baixos comparativamente com os dos homens em trabalho igual ou de valor igual, chegando aos 26%, nos quadros superiores.

 

A organização sindical refere ainda que são também as mulheres que auferem, em maior número, o salário mínimo nacional. E que a situação piorou com a pandemia.

Com as situações de lay-off, o apoio extraordinário à família, entre outras, as mulheres sofreram uma perda salarial na ordem dos 16% no ano de 2020. Isto num quadro em que a maioria das trabalhadoras desempregadas não tem acesso a prestações de desemprego e os riscos de pobreza e de exclusão social são maiores entre as mulheres.

Para a CGTP, esta é «uma situação que urge alterar, num quadro político, económico e social em que a hipocrisia tem de acabar. Todos falam na importância da igualdade entre mulheres e homens, mas nem todos garantem a sua efectivação nos locais de trabalho e asseguram a sua concretização na vida e na sociedade. As mulheres são elogiadas pelo trabalho que fazem, mas continuam a ser preteridas nos direitos e esquecidas nos salários».

«Ao invés de combater a precariedade, a desregulação dos horários, os despedimentos fáceis e baratos e acabar de vez com a norma da caducidade das convenções colectivas, o Governo opta por manter uma legislação laboral que coloca Portugal como o quarto país da União Europeia onde se trabalha mais horas por semana. O trabalho por turnos, à noite, ao sábado ou domingo, tem crescido bastante nas últimas duas décadas e já abrange 860 mil mulheres, que corresponde a mais de 40% do total das assalariadas», refere a CGTP.

«Ou seja, trabalhamos mais, ganhamos menos e com o desencontro de horários e dias de descanso semanal, o tempo que sobra para as entidades patronais, falta para o acompanhamento dos nossos filhos e para o convívio familiar», diz a organização sindical.

A CGTP consta ainda que «por outro lado, num quadro em que o lucro é endeusado e os direitos laborais e sociais fragilizados, a intensificação dos ritmos de trabalho leva a que sejam as mulheres a sofrerem o maior número de doenças profissionais, em especial, lesões músculo-esqueléticas e as derivadas do stress. Uma situação que as coloca também em maioria, entre as vítimas de assédio laboral e violência doméstica, com reflexos negativos na sua vida pessoal e no trabalho».

Perante todos estes dados, a CGTP exige igualdade entre mulheres e homens, «cumprimos com os nossos deveres. Exigimos que respeitem e efectivem os nossos direitos. A igualdade entre mulheres e homens é uma luta que vamos continuar a travar para ganhar».

E assim defende, uma luta de mulheres e de homens:

–        Pelo emprego estável e com direitos / Contra a precariedade e o desemprego

–        Pelo aumento geral dos salários / Contra a discriminação e a pobreza

–        Pelas 35 horas semanais e a conciliação / Contra a desregulamentação dos horários de trabalho

–        Pela saúde no trabalho e a protecção dos trabalhadores face à Covid-19 / Contra os elevados ritmos de trabalho e as doenças profissionais

–        Pela dignidade, pela liberdade sindical e a efectivação de direitos nos locais de trabalho / Contra a violência e o assédio.

 

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