É esta a estratégia da Comissão Europeia para garantir igualdade nas empresas

Apesar dos progressos realizados nas últimas décadas, os estereótipos baseados no género continuam a existir no mundo do trabalho. Com isso em mente, a Comissão Europeia (CE) apresentou, esta quinta-feira, a sua estratégia para a igualdade entre homens e mulheres na União Europeia (UE).

 

Segundo a CE, nenhum Estado-Membro conseguiu, até à data, concretizar a igualdade entre homens e mulheres. «Os progressos são lentos e persistem disparidades de género no mundo do trabalho e a nível dos salários, da assistência e das pensões», faz notar em comunicado, sublinhando que para colmatar essas disparidades «e permitir que a Europa atinja todo o seu potencial nas empresas, na política e na sociedade», a estratégia define um conjunto de acções-chave, incluindo assegurar a igualdade de participação e de oportunidades no mercado de trabalho e a igualdade salarial, por exemplo.

«A igualdade de género é um princípio fundamental da União Europeia, mas não é ainda uma realidade. Nas empresas, na política e na sociedade em geral, só poderemos concretizar plenamente o nosso potencial se utilizarmos todos os nossos talentos e diversidade. Utilizar apenas metade da população, metade das ideias ou metade da energia não é suficiente», declarou Ursula von der Leyen, presidente da CE.

Na UE, as mulheres ganham, em média, 16 % menos do que os homens e «continuam a ter obstáculos no acesso e na permanência no mercado de trabalho», revela a CE, argumentando que a igualdade entre homens e mulheres «é uma condição essencial para uma economia europeia inovadora, competitiva e próspera» e que, tendo em conta os desafios demográficos, a transição ecológica e a transição digital, «ajudar as mulheres a encontrar emprego em sectores caracterizados por uma escassez de competências, em particular o tecnológico e o da inteligência artificial, terá um impacto positivo na economia europeia».

«Atendendo às importantes transições que a nossa sociedade está vivendo, nomeadamente a transição verde e a transição digital, temos de garantir que as mulheres e os homens tenham as mesmas oportunidades e que as desigualdades não venham ainda a ser agravadas pelas mudanças», alertou a vice-presidente responsável pelos Valores e Transparência da CE, Vera Jourová.

Para fazer face à questão da desigualdade salarial, a Comissão lançou hoje uma consulta pública sobre a transparência salarial e comprometeu-se a apresentar medidas vinculativas até ao final do ano. Simultaneamente, «redobrará igualmente de esforços para fazer cumprir as normas da UE em matéria de conciliação entre vida profissional e vida familiar, a fim de que as mulheres e os homens tenham uma verdadeira possibilidade de escolha no que respeita ao seu desenvolvimento tanto a nível pessoal como profissional. A igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, ou em termos de inclusão social e de ensino, continuará a ser acompanhada no âmbito do Semestre Europeu», garante.

Dados da CE revelam também que as mulheres continuam sub-representadas em cargos de chefia, «incluindo nas maiores empresas da UE, nas quais apenas 8% dos cargos de director executivo são ocupados por mulheres». A fim de permitir que as mulheres assumam a liderança, nomeadamente nas empresas, «a Comissão incentivará a adopção da proposta de 2012 relativa ao equilíbrio entre homens e mulheres nos conselhos de administração das empresas» e «promoverá também a participação das mulheres na política, incluindo nas eleições para o Parlamento Europeu de 2024, nomeadamente através de financiamento e de partilha de boas práticas».

Para dar o exemplo, a entidade procurará alcançar um equilíbrio de 50% entre homens e mulheres em todos os níveis de gestão até ao final de 2024.

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