
E se pudesse ir a um espectáculo e pagar só o que quiser? Este teatro está a testar esse modelo
Enquanto prepara a reabertura do seu edifício no Rossio, encerrado para obras de requalificação, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, o Teatro Nacional D. Maria II está a testar um novo modelo de preçário, inspirado em experiências de diversas instituições culturais internacionais – Pay what you want / Pague o que quiser.
A experiência está a ser testada com o preçário do espetáculo Luta armada, de André Amálio e Tereza Havlíčková / Hotel Europa, que estará em cena na Sala Estúdio Valentim de Barros, nos Jardins do Bombarda, espaço cultural da cidade de Lisboa que, durante o ano de 2025, acolhe mais de uma dezena de espetáculos da programação do D. Maria II.
«Enquanto nos preparamos para terminar as obras de remodelação e reabrir as portas do D. Maria II, estamos também a abrir espaço para novas formas de pensar o Teatro e a sua relação com os públicos. A equipa do Teatro tem, assim, vindo a desenvolver ações diversas para melhor conhecer as comunidades que serve», afirma Rui Catarino, presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II.
«Pague o que quiser é mais do que um modelo de preçário — é um convite à participação, à confiança mútua e à ideia de que a cultura deve estar ao alcance de todas as pessoas. Queremos experimentar formas mais abertas, mais justas e mais curiosas de acolher quem nos procura — seja pela primeira vez ou de regresso», conclui.
O modelo «Pague o que quiser» permite a cada pessoa escolher quanto quer pagar pelo seu bilhete, de acordo com a sua percepção do valor da experiência. Nesta experiência-piloto, implementada para o espetáculo Luta Armada, o público poderá escolher entre cinco valores disponíveis: 5€, 10€, 15€, 20€ ou 25€. A compra de bilhetes com esta tipologia está já disponível online e também presencialmente, na bilheteira do D. Maria II localizada nos Jardins do Bombarda, em Lisboa.
No final da carreira do espetáculo, o público será ainda convidado a participar num breve estudo, que complementará a avaliação que o D. Maria II fará desta iniciativa e apoiará as decisões futuras da instituição relativamente ao modelo de preçário a implementar aquando da reabertura do edifício do Teatro, em 2026.
Luta Armada, uma criação de André Amálio e Tereza Havlíčková, da companhia Hotel Europa, estreada em Março de 2024, no âmbito do ciclo Abril Abriu do Teatro Nacional D. Maria II, para celebrar os 50 anos do 25 de Abril, volta agora à cena em Lisboa, depois de uma digressão nacional. O espetáculo parte da investigação desenvolvida pela companhia Hotel Europa sobre o passado recente de Portugal, analisando os projectos políticos que recorreram a acções violentas como forma de luta. Luta Armada é, assim, um espetáculo de teatro documental multidisciplinar, que tem como ponto de partida uma extensa recolha de testemunhos de pessoas que militavam em organizações armadas antes e depois do 25 de Abril, assim como a pesquisa de documentos sobre as suas acções.
Com interpretação e música ao vivo a cargo de André Amálio, Mara Nunes, Mariana Sardinha, Maurícia Barreira Neves, Mbalango e Paulo Quedas, Luta Armada estará em cena na Sala Estúdio Valentim de Barros de 26 de Setembro a 12 de Outubro, com o modelo de preçário «Pague o que quiser», e ainda com sessões dirigidas ao público escolar.
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