Eduardo Caria, Grupo Ageas Portugal: «A geração de hoje procura outro propósito»

Eduardo Caria, responsável de Pessoas & Organização do Grupo Ageas Portugal, faz notar que «a geração de hoje procura outro propósito, outra missão; dá maior valor ao equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, sendo esse um desafio na atracção e retenção de talentos». Leia a sua análise aos resultados do XL Barómetro Human Resources.

 

«O mercado de trabalho está com um dinamismo que já não se vivia há pelo menos duas décadas. O mais recente barómetro revela alguns dos desafios resultantes das grandes transformações que se têm vivido no mercado de trabalho e formas de estar das organizações, mas também as alterações geracionais e as suas motivações.

Hoje, graças a todos os avanços tecnológicos e desenvolvimento acelerado, é provável que o tempo médio de uma geração seja cada vez mais curto e, atrás das mudanças geracionais, sucedem-se as alterações comportamentais e motivacionais, impactando directamente os mais diversos campos da vida, incluindo o laboral.

O mundo empresarial também não é o mesmo de há cinco ou 10 anos, e um dos sinais, por exemplo, é a maior rotatividade laboral e a “inexistência de um emprego para a vida”. A geração de hoje procura outro propósito, outra missão; dão maior valor ao equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, sendo esse um desafio na atracção e retenção de talentos. Mas as mudanças não se limitam às pessoas; as organizações também procuram outro tipo de perfis, com conhecimentos especializados e com capacidade de adaptação e de enfrentar as frequentes mudanças, e estão cada vez mais dispostas a adaptar as suas propostas de valor para os captar e reter, investindo no seu desenvolvimento, dando a liberdade aos colaboradores de crescerem e terem experiências mais diversificadas e desafiantes.

É importante recordar que os colaboradores reconhecem o seu valor e já expõem determinadas exigências, seja a nível salarial, seja nas próprias metodologias de trabalho, como, por exemplo, privilegiarem formatos de trabalho mais flexíveis como o modelo híbrido. Existem catalisadores dentro das empresas capazes de atrair talento e continuará a ser um vector importante, mas as empresas têm de estar preparadas para terem um papel mais activo no desenvolvimento e crescimento das suas pessoas e retê-las por meio de ambientes de trabalho de valor. Creio que há uma maior pressão remuneratória, mas não nos podemos limitar a esse factor, pois esta geração procura desafios, ambientes de trabalho flexíveis e colaborativos, bem como organizações com propósitos nobres e com impacto.

Para atrair talentos de topo, as organizações precisam de ser locais onde reconhecidamente as pessoas avançam na carreira, têm oportunidade de aprenderem novas competências e de assumirem novos desafios. O maior factor diferenciador será, por isso, a cultura e a liderança das organizações.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Março (nº.135) da Human Resources, no âmbito da XL edição do seu Barómetro. Está nas bancas. Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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