Eduardo Caria, Grupo Ageas Portugal: «O novo papel da Gestão de Talento Humano»

Eduardo Caria, director de Pessoas e Organização do Grupo Ageas Portugal, destaca que «os principais desafios dos Recursos Humanos para o próximo ano serão, sem dúvida alguma, atrair, desenvolver e reter os melhores talentos. Há que ajustar equipas e respectivos líderes, preparando-os para uma gestão mais eficiente, mais exigente e mais adaptada a novas formas de trabalho.»

 

«A actual conjuntura de guerra na Europa, a crise energética e a inflação levam os empregadores a estarem apreensivos em relação ao clima económico global e às oportunidades no mercado laboral dos próximos anos.

O barómetro da Human Resources espelha, ainda, a preocupação dos empresários portugueses com o tema, demonstrando que mais de 60% afirmam que não existirá qualquer crescimento de emprego em 2023, com 30% a afiançarem mesmo que, em Portugal, irá diminuir entre 0,1% e 3%.

No que toca às previsões de recrutamento para 2023, apesar do panorama económico instável, ainda não há fortes sinais de abrandamento; segundo este barómetro, 67% pensam que a sua empresa vai amplificar o número de colaboradores e 65% perspectivam um aumento dos salários brutos entre os 2% e 4%.

Que o mundo corporativo está em constante mudança não é novidade para ninguém. Contudo, as transformações no sector de Recursos Humanos assumem um cariz cada vez mais estratégico, no qual as tomadas de decisão são fundamentais no incremento do diferencial competitivo.

Os principais desafios para o próximo ano serão, sem dúvida alguma, atrair, desenvolver e reter os melhores talentos. Há que ajustar equipas e respectivos líderes, preparando-os para uma gestão mais eficiente, mais exigente e mais adaptada a novas formas de trabalho.

Por outro lado, é essencial as organizações terem foco no bem-estar das suas pessoas. Os portugueses elegem a Saúde Mental (Índice Saúde Sustentável 2022, da Nova Management School) como a terceira doença mais importante no futuro, a seguir às doenças oncológicas e cardiovasculares.

O barómetro da Human Resources também espelha a preocupação dos decisores com o tema: 54% dizem que a saúde mental dos colaboradores está num nível aceitável, mas 61% consideram que piorou com a pandemia; 90% entendem que é uma temática pertinente de investimento da empresa, mas só 36% admitem que já têm acções calendarizadas de promoção da mesma.

Para qualquer empresa, os colaboradores são o seu activo mais precioso. Quando estão “bem”, os ganhos surgem, a competitividade aumenta, a conflitualidade diminui e a hipótese de redistribuição de dividendos (incluindo aumentos nos salários) é maior.

Sendo assim, urge que sejamos mais audaciosos, que redesenhemos espaços de trabalho tornando-os mais inclusivos e confortáveis, que realinhemos a gestão de horários com objectivos, que reforcemos a componente de sustentabilidade (ESG) das empresas, que trabalhemos a marca positivamente, e que alinhemos discursos externos com práticas internas.

A saúde mental dos colaboradores não é um problema “deles” ou das “empresas”. É um problema “nosso”, fulcral na “agenda 2023” de todos os decisores.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Dezembro (nº.144) da Human Resources, no âmbito da XLIV edição do seu Barómetro.

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