Empresas portuguesas abaixo da média global na disponibilidade para violar ética

As empresas portuguesas mostram-se menos disponíveis para violar padrões éticos, com 6% dos inquiridos num estudo a dizerem-se dispostos a aceitar ou oferecer um suborno para melhorar a progressão de carreira ou o salário, face a 8% a globalmente.

No inquérito, da consultora EY, sobre integridade, as empresas portuguesas mostram-se «menos susceptíveis a violar padrões éticos e a actuar à margem das regras do que a média global», sendo que este trabalho «analisou as opiniões de mais de 4700 colaboradores, gestores e administradores de 54 países e territórios sobre os padrões de integridade das suas organizações», lê-se num comunicado.

A pesquisa incluiu 102 entrevistas realizadas em Portugal e revela que apenas 6% dos inquiridos no nosso país estariam dispostos a aceitar ou oferecer um suborno para melhorar a progressão de carreira ou o pacote salarial, o que compara com 8% a nível global.

Paralelamente, «5% admitiram a possibilidade de prestar informações falsas à gestão, 5% de falsificar registos financeiros e 4% de ignorar condutas impróprias por parte de terceiros, como fornecedores e distribuidores, abaixo dos 8%, 7% e 10%, respectivamente, a nível global», concluiu a EY.

Em comunicado, a consultora destacou que «o estudo evidencia uma desconexão em matéria de comportamento, demonstrando uma maior disposição entre os executivos seniores para actuar à margem das regras».

Assim, «os administradores entrevistados revelaram uma probabilidade cinco vezes maior do que os colaboradores de falsificar registos financeiros (15% vs. 3%) e seis vezes maior de estarem dispostos a enganar agentes externos, como auditores (18% vs. 3%)».

De acordo com a mesma nota, «mais de oito em cada 10 inquiridos (82%) em Portugal reconheceram ser muito importante demonstrar que a sua empresa actua com integridade, uma percentagem superior à média geral (72%) e à média registada na Europa Ocidental (66%)».

Ainda assim, «60% dos colaboradores e líderes de empresas entrevistados no país acreditam que os padrões de integridade corporativa permaneceram inalterados ou pioraram nos últimos 18 meses, uma percentagem ligeiramente superior à média global de 55%».

Segundo o inquérito, «a pandemia é apontada como um dos principais responsáveis, com 41% dos inquiridos a admitirem que a COVID-19 está a tornar mais difícil atuar com integridade nas relações comerciais».

O estudo descobriu ainda que «mais de quatro em cada dez administradores (42%) concordam que o comportamento antiético de gestores seniores e profissionais de alto desempenho é tolerado nas suas organizações (o que compara com 34% em 2020). Além disso, mais administradores (34%) assumem que é mais fácil contornar as regras na sua organização do que em 2020 (25%)», de acordo com a mesma nota.

Por outro lado, indicou a EY, «nos últimos 12 meses, houve um maior investimento em iniciativas de integridade e compliance: 53% das organizações entrevistadas a nível global têm um código de conduta em vigor, em comparação com 47% há 18 meses», havendo ainda um «aumento nos programas de formação, com 46% das empresas a oferecerem formação regular em requisitos regulatórios ou profissionais relevantes, em comparação com 38% em 2020».

No entanto, de acordo com os resultados do estudo, «enquanto 60% dos administradores entrevistados dizem que a sua organização comunicou a importância de se comportar com integridade com frequência nos últimos 18 meses, menos de um terço (30%) dos colaboradores entrevistados recorda-se de ter visto alguma comunicação sobre o assunto».

Por outro lado, «parece haver uma compreensão limitada da importância crítica da integridade, além do cumprimento de regras e regulamentos», sendo que «apenas um terço (33%) dos entrevistados disse que uma característica importante da integridade é comportar-se de acordo com padrões éticos».

Por fim, a EY concluiu que «quatro em cada dez entrevistados (40%) em Portugal afirmaram já ter denunciado uma situação de conduta imprópria dentro da sua organização, acima de 35%, a nível global», sendo que, «entre os portugueses considerados na pesquisa, 68% admitiram não ter sentido pressão para evitar expor essas situações, uma percentagem muito superior a 50%, considerando o total de colaboradores e líderes inquiridos em todo o mundo».

«Os entrevistados no estudo afirmam que o principal motivo para não denunciarem uma conduta imprópria na sua organização é o receio de que não seja tomada qualquer medida a esse respeito», rematou.

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