Empresas que só se preocupem com este factor correm o risco de não ter sucesso a longo prazo

De acordo com o “Estudo Liderança Responsável: Em que consiste e que caminho para Portugal?”, realizado pelo Center for Responsible Business & Leadership da Católica-Lisbon, as empresas sem propósito e valores, onde a única preocupação é a rentabilidade, correm o risco de não ter sucesso a longo prazo, a menos que tomem a iniciativa de mudar o modo como conduzem o seu negócio.

 

De acordo com os resultados obtidos através dos questionários e entrevistas do estudo, o caminho a seguir para se ser uma empresa de sucesso passa por ir para além do estabelecido por lei e de tomar iniciativa no sentido de procurar soluções cada vez mais responsáveis e éticas. Ao seguirem nesta direcção, não só se transformam em empresas nas quais os consumidores confiam e, como consequência, com boa reputação, mas também aumentam o seu potencial para atrair talento, nomeadamente no segmento das novas gerações, que procuram cada vez mais empresas com valores e um propósito com os quais se identificam.

O estudo sugere que existem cinco principais características da liderança responsável: Ética; Honestidade; Autenticidade; Ser fonte de inspiração; Humildade. No entanto, foi identificada uma possível lacuna entre aquele que é o entendimento do fenómeno de liderança responsável na prática (as características acima mencionadas) e em contexto académico, nomeadamente no que diz respeito à competência relacional com os stakeholders.

Estes aspectos, em particular a relação com os stakeholders, que é habitualmente entendida como fulcral na literatura, aparenta, de acordo com os dados dos questionários recolhidos, ser menos relevante na prática. Por outro lado, esta discrepância foi menos notória nas entrevistas aos vários líderes, onde a relação com os stakeholders assumiu um papel mais preponderante.

É ainda de evidenciar que, no segundo questionário efectuado, as características identificadas pela amostra portuguesa e pela amostra americana apresentam muitas semelhanças, sendo a única diferença evidente que a amostra portuguesa aponta a humildade do líder como mais importante, enquanto os americanos dão mais ênfase ao empoderamento dos colaboradores.

Em concordância com estes dados, nasce cada vez mais a noção de responsabilidade para com as pessoas. Um factor intrínseco às organizações, e que foi identificado como catalisador da liderança responsável, a nível empresarial, foi a equipa e o seu bem-estar. A existência de uma equipa motivada, competente e que acredita nos mesmos valores da empresa foi descrita como potenciadora de resultados positivos.

No que respeita aos principais factores identificados como barreiras à adopção da liderança responsável estão as questões financeiras e a definição de prioridades. O que se conclui é que, ainda que exista vontade por parte das organizações em implementarem medidas de liderança responsável na empresa, a sustentabilidade envolve um investimento e compromisso a longo prazo que, por vezes, pode tardar até que os accionistas vejam os seus resultados.

A pressão por parte dos accionistas e dos vários elementos da empresa, bem como os seus diferentes interesses, objectivos e prioridades, contribuem também para dificultar a implementação da liderança responsável. Paralelamente, quando se verifica algum choque externo na economia, como foi o caso da pandemia, alguns aspetos da sustentabilidade correm o risco de ser passados para segundo plano em prol de outros assuntos considerados mais urgentes.

O estudo contou com três partes distintas de investigação (revisão sistemática da literatura, estudo de questionário com duas amostras baseadas em Portugal e uma amostra baseada nos Estados Unidos da América, um estudo qualitativo com 15 entrevistas a líderes portugueses de diferentes empresas).

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