
Entrevista a Eliska Novotna, IKEA: Criar um melhor dia-a-dia para a maioria das pessoas
É esta a missão da IKEA – “criar um melhor dia-a-dia para a maioria das pessoas”, aquelas que servem, mas também as suas, aquelas que têm contribuído para o sucesso da marca ao longo dos anos. Por isso, o compromisso em valorizar e recompensar o empenho diário das suas pessoas é uma prioridade.
Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho
A primeira visita de Eliska Novotna a Portugal foi precisamente para a entrevista para liderar o departamento de People & Culture na IKEA, onde já trabalhava há quase 24 anos, sempre ligada a esta área. E assumiu a responsabilidade, em Abril de 2023, com o “sentido de dever” de proteger e valorizar tudo o que os torna especiais, tudo o que faz com que as pessoas em Portugal apreciem a IKEA e tudo o que faz com que os colaboradores gostem de lá trabalhar. Como prioridades, destacam-se os objectivos de reforçar o compromisso da IKEA com a diversidade e a inclusão, e com a melhoraria das condições básicas de trabalho dos colaboradores, promovendo a valorização, a motivação e o desenvolvimento de todos. Com cerca de três mil colaboradores, o maior desafio é preservar a cultura organizacional. Porque é isso que torna a IKEA única.
Está na IKEA há quase 24 anos, trabalhou para os mercados da República Checa, Eslováquia, Hungria e Suécia. Em Abril de 2023, veio para Portugal. Que realidade encontrou?
Encontrei uma equipa motivada e um mercado altamente dinâmico, com características únicas, que está a passar por uma transformação significativa para se tornar cada vez mais omnicanal e chegar a um número crescente de pessoas em Portugal.
Possibilitar esta mudança através de colaboradores felizes e competentes é um dos maiores desafios. É a verdadeira liderança no desconhecido – um desafio e uma diversão ao mesmo tempo.
Foi isso que lhe foi pedido, enquanto líder da área de Pessoas e Cultura?
Trabalhar numa empresa como a IKEA – uma marca tão querida e com valores fortes – significa proteger e valorizar tudo o que nos torna especiais, tudo o que faz com que as pessoas em Portugal nos apreciem e tudo o que faz com que os nossos colaboradores gostem de trabalhar aqui.
Fui desafiada a liderar a área de Pessoas e Cultura com o objectivo de reforçar o compromisso da IKEA com a diversidade e a inclusão, bem como melhorar as condições básicas de trabalho dos nossos colaboradores. Fizemos um grande investimento nos salários durante os últimos anos, e isso está a dar frutos, reduzindo drasticamente a rotatividade dos colaboradores.
A minha missão é continuar a promover uma cultura em que todos, independentemente da sua origem, género ou qualquer outro aspecto, tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento.
Para conseguir isso, o que definiu como prioridades de actuação?
Durante o primeiro ano, o foco esteve precisamente na promoção da diversidade e inclusão, pois acreditamos que uma empresa mais diversa é também mais competitiva e mais valiosa, e no investimento na melhoria das condições oferecidas aos colaboradores.
Temos programas e iniciativas para garantir uma maior representatividade de minorias étnicas e mulheres em cargos de liderança – como o EqualUp!, um programa pioneiro de desenvolvimento de liderança diversa na IKEA –, além de reforçar a integração de pessoas com deficiência na organização – o número de colaboradores nesta situação aumentou 134% nos últimos dois anos –, demonstrando ao mercado que isto pode ser alcançado sem comprometer a competitividade.
Este foco no desenvolvimento de talento e liderança será essencial nos próximos anos, para apoiar o crescimento da IKEA em Portugal. A nossa abordagem baseia-se na crença humanista de que todos têm talento, e não apenas alguns indivíduos com alto potencial. O nosso papel é descobrir, capacitar e desenvolver esse talento. Estamos a abrir portas para que as pessoas dentro da empresa explorem novas áreas e alcancem novas posições, mesmo que a sua formação ou experiência anterior não estejam directamente relacionadas com o cargo a que aspiram.
Promover esta diversidade dá-nos uma perspectiva renovada sobre os desafios que temos pela frente, trazendo diferentes pontos de vista e soluções para o mesmo problema, tornando-nos uma empresa melhor. Além disso, enviamos uma mensagem forte à sociedade: diversidade e inclusão não são apenas palavras, mas sim acções. Todos, independentemente de quem são ou de onde vêm, devem sentir-se em casa, não apenas onde vivem, mas também onde trabalham.
Com cinco lojas e 15 estúdios de planificação e encomenda e pontos de recolha distribuídos por todo o País, num total de cerca de três mil colaboradores, quais são os maiores desafios na sua gestão?
O maior desafio é preservar a nossa cultura organizacional. Porque, para além dos nossos produtos, é isso que torna a IKEA única.
Não só na IKEA, mas genericamente falando, quais considera que são actualmente – e serão nos próximos anos –, os grandes temas de Gestão de Pessoas?
A Gestão de Pessoas está a enfrentar desafios significativos, impulsionados por um mundo em rápida transformação. E um dos principais desafios é garantir que as equipas se sintam valorizadas, motivadas e ligadas à cultura da empresa, especialmente numa altura em que o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal se tornou essencial.
Outro grande desafio é a adaptação ao novo mundo do trabalho. A flexibilidade é uma prioridade, e estamos constantemente à procura de formas inovadoras de equilibrar as necessidades do negócio com as expectativas dos colaboradores. A formação contínua, o desenvolvimento de competências e a transformação digital são factores essenciais para preparar as nossas equipas para o futuro.
Sente as pessoas mais inquietas ou preocupadas, ou até menos tolerantes?
Sim, olhando para o que está a acontecer no mundo à nossa volta, e considerando factores externos como incertezas económicas, sociais e até ambientais, as pessoas têm hoje mais preocupações. Estes contextos têm um impacto directo no bem-estar emocional e na forma como as pessoas interagem.
Se as causas são essencialmente externas, o que podem as empresas fazer?
Podem criar ambientes mais seguros e acolhedores. É essencial promover espaços de escuta activa, onde os colaboradores se sintam ouvidos e valorizados, e também investir no seu bem-estar emocional e na segurança psicológica, através de programas de apoio, desenvolvimento pessoal e profissional, e iniciativas que incentivem o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Março (nº. 171) da Human Resources, nas bancas.
Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.