Entrevista a Marília Machado dos Santos, Volkswagen Portugal: Trabalhar o “nós” em vez do “eu”

Marília Machado dos Santos é licenciada em Matemática Aplicada, está no sector automóvel há já duas décadas e faz um ano que assumiu a liderança da Volkswagen em Portugal. Para além dos desafios ligados à transformação do sector e do modelo de negócio, há um desafio mais transversal inerente à liderança: conseguir ter pessoas produtivas e felizes. Acredita que «essa é a base sólida para resultados de excelência» e, também por isso, valoriza pessoas com orgulho no trabalho que fazem.

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

força «A do Grupo Volkswagen e do Grupo PHS, detentor da SIVA em Portugal, para além do desafio pessoal, em termos de evolução profissional», foi o que fez Marília Machado dos Santos aceitar um novo desafio no sector da mobilidade, pois, como faz questão de salientar e reiterar, há toda uma nova realidade na área automóvel. Também por isso, não tem dúvidas de que é um sector atractivo para os jovens talentos. «Estamos no sector da inovação, da tecnologia ao serviço do cliente. E que tem objectivos e metas definidas ao nível da sustentabilidade», afirma, reconhecendo no entanto que, dada a vontade constante de novas experiências nas camadas mais jovens, hoje «é mais difícil reter, sobretudo os potenciais talentos que nos interessa manter. E aí sim temos de desenvolver estratégias específicas de Recursos Humanos para que essas pessoas não saiam das nossas equipas».

 

Comecemos pelo princípio: iniciou a sua carreira como professora, teve uma breve passagem pela consultoria, mas rapidamente chegaria ao sector automóvel, de onde não mais saiu. Foi uma questão de oportunidade ou era um universo que já a interessava?

No início era o universo da análise estatística, porque comecei neste sector, mas que depois se veio também a transformar e consolidar em interesse no sector automóvel.

Devemos ter em conta que o sector automóvel é um sector muito completo, por todas as áreas com as quais se relaciona, desde o marketing, as vendas, a logística, o planeamento, a análise financeira, entre outras. É muito redutor referirmos o sector apenas como sector automóvel.

Estamos perante uma nova realidade, o mercado da mobilidade, onde evoluímos a largos passos com a evolução da tecnologia e das novas formas de consumo e experiências dos nossos clientes.

 

A sua formação talvez não fizesse adivinhar o seu percurso… É licenciada em Matemática Aplicada, tendo depois feito um mestrado em Gestão de Informação, com especialização em Marketing. Como surgiram estas escolhas?

E daí talvez fizesse… A matemática está na base de todo o desenvolvimento tecnológico, analítico, de negócio, ou seja, a ligação, ainda que possa ser ténue, está sempre presente. Efectivamente, não é directo, pela forma como uma parte da sociedade ainda vê uma licenciatura de matemática, mas actualmente esta tendência está a desvanecer, e a imagem da matemática está a assumir o lugar de referência que deve ter nas organizações.

Relativamente às escolhas, não foram propriamente escolhas, mas sim oportunidades que surgiram, que faziam sentido e que se foram construindo ao longo do tempo, permitindo-me consolidar áreas importantes que contribuem hoje para o meu dia-a-dia na gestão da marca Volkswagen em Portugal.

 

Quais foram os principais desafios e dificuldades que enfrentou no início?

Como dificuldades, as normais da entrada numa nova realidade, num novo mundo, o conhecimento do sector e do ecossistema associado.

Como desafios, os que coloco a mim e à minha equipa todos os dias – o foco no resultado e na rentabilidade. Só assim evoluímos enquanto profissionais.

 

Ser tradicionalmente um “mundo de homens” ajudou a que desenvolvesse competências que outro contexto provavelmente não proporcionaria?

Acho que não, não considero que as competências estejam ligadas ao facto de ser mulher ou homem. Existe lugar para homens e mulheres em todas as equipas e em todas as áreas.

Sobretudo no meu início de carreira, claro que as equipas eram maioritariamente masculinas, o que talvez até tivesse sido positivo, no processo de integração, mas nada que me levasse a desenvolver competências específicas.

O que é mesmo necessário desenvolver é a competência de todas as equipas e a multidisciplinaridade das mesmas.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Fevereiro (nº. 134) da Human Resources, nas bancas.

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