Entrevista a Miguel Almeida, Cisco: Conseguir recrutar, capacitar e encontrar caminhos conjuntos

Pessoas, negócio e transformação digital continuam a ser a base do pensamento na Cisco. O director-geral, Miguel Almeida, adora o negócio, mas sabe que este se faz do relacionamento com as pessoas. Nesta vertente, identifica dois grandes desafios: recrutar e capacitar. Mas há um outro: motivar e encontrar caminhos conjuntos, de forma a conseguirem, através da sua inovação e qualidade das suas pessoas, contribuir para uma dinâmica de crescimento digital e de economia de Portugal.

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Foi em 2005 que Miguel Almeida entrou para a Cisco, na altura como Mid Market team leader, passando rapidamente a responsável da área. Quatro anos depois, assumiu a função de Sales & Channel manager e o desafio para director-geral surgiu em 2019, algo que, sem falsa modéstia, reconhece tê-lo deixado muito orgulhoso. Ou seja, há 20 anos que a Cisco é a sua casa, e por dois motivos principais: a qualidade das pessoas e a criação de impacto na sociedade. Durante o seu percurso até à data, destaca a palavra resiliência, admite que estar na área da Tecnologia é um «add value enorme» e, não escondendo que têm uma «cultura de competitividade», acredita que faz «parte de uma equipa vencedora», que trabalha com «pessoas que todos os dias querem ser melhores». Mas quando se pergunta pelo legado que gostaria de deixar na Cisco, não hesita: «Ser recordado como uma boa pessoa, isso seria para mim o mais importante.»

 

Assumiu a liderança da Cisco Portugal no ano anterior à pandemia. Ainda recorda as prioridades que assumiu? Alteraram-se muito – as prioridades e os desafios – quando a “normalidade” foi retomada?
É verdade, foram sem dúvida tempos diferentes e desafiantes para uma organização que cresceu muito durante esses meses em Portugal. Tínhamos acabado de anunciar um grande investimento em Portugal: a abertura do nosso CX Center, com uma necessidade enorme de recrutamento nacional e internacional.

Diria que existiram nesse momento quatro prioridades-chave: desde logo, o acompanhamento diário das nossas pessoas, a preocupação em perceber se estavam pessoalmente confortáveis com esta nova realidade e se tinham condições para continuar a trabalhar da melhor forma possível.

Em segundo lugar, a solidificação do nosso management team, para podermos, de uma forma conjunta, comunicar a uma só voz as prioridades e políticas para os nossos colaboradores.

Passando para o negócio, uma preocupação com os nossos clientes e parceiros. As equipas estiveram permanentemente disponíveis para acompanhar os nossos clientes e parceiros na implementação das soluções para garantir a continuidade do negócio.

Por último, e não menos importante, trabalhar com as autoridades públicas para fazer parte dos grupos de trabalho que foram desenvolvidos, assegurando uma passagem mais tranquila neste momento bastante diferente para a nossa sociedade.

 

Mas o que mudou, quais as principais diferenças que identifica? Pode dizer-se que há um pré e pós-COVID-19?
É um facto que as prioridades e os desafios foram sendo ajustados com o regresso à normalidade, mas a preocupação com as pessoas e com o negócio mantém-se. O trabalho híbrido, juntamente com as novas dinâmicas, obrigam a estarmos permanentemente em alerta, para podermos avaliar e perceber o status quo do momento. Mais uma vez, é importante perceber as dinâmicas dos nossos colaboradores, as suas necessidades e como os poderemos ajudar nesta nova realidade.

 

E agora, em 2025, quais são as suas prioridades enquanto director-geral de uma tecnológica?
As prioridades seguem a mesma linha de pensamento, embora trabalhadas de forma diferente. Pessoas, negócio e transformação digital continuam a ser a base do nosso pensamento, do nosso foco. Encontrar estratégias para motivar as nossas equipas, de forma a conseguirmos levar a nossa inovação, contribuindo para a transformação do País. A nossa maior motivação será contribuir com a qualidade das nossas pessoas e das nossas soluções para uma dinâmica de crescimento digital e da economia de Portugal.

 

Quais são os principais desafios?
Existem vários desafios relacionados com as pessoas e com o negócio. Focando mais na óptica das pessoas, há dois desafios que se destacam quando olhamos para a realidade. A capacidade de recrutamento num mercado de pleno emprego e de concorrência além-fronteiras. Existem áreas com uma dificuldade imensa de recrutamento, não só em Portugal, mas também no exterior, o que poderá limitar a aceleração tecnológica.

Outro desafio está relacionado com a capacitação das pessoas. As novas tendências tecnológicas obrigam a um reskilling das equipas. Ligando este segundo desafio ao primeiro, percebe-se que as pessoas continuam a ser o mais importante para o nosso negócio e para o desenvolvimento da Cisco em Portugal.

 

Mas conciliar as expectativas das pessoas com as exigências do negócio nem sempre é fácil…
Adoro a componente do negócio, mas o negócio faz-se do relacionamento com as pessoas, quer internamente quer externamente. Sendo assim, precisamos de manter as pessoas motivadas, com a exigência certa para encontrar soluções para a empresa e para os colaboradores.

As pessoas têm um papel central nos negócios. Quando me sento a definir estratégias de negócios com a equipa, debatemos diferentes pontos de vista, com visões por vezes antagónicas, mas sempre com o objectivo de encontrarmos a melhor solução para a Cisco e para o cliente. A conjugação das pessoas e das suas ideias é parte integral e fulcral do negócio.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Maio (nº. 173) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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