Entrevista a Olivier Goméz, Kiabi: As pessoas no centro, sempre, sem perder de vista a estratégia

«Fazer um trabalho de que gosto, com pessoas de que gosto, para clientes de que gosto.» A frase é do fundador da Kiabi e resume o espírito que guia tudo o que a marca faz. Conta com uma história de quase 50 anos, mas em Portugal está a celebrar 15. E tem bem definida a estratégia para a Gestão de Pessoas. A base – não negociável – são quatro valores: confiança, respeito, compromisso e optimismo.

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Olivier Goméz juntou-se à Kiabi em 2022, com responsabilidades pelo mercado espanhol, mas no ano passado, com a integração das operações com o mercado português, assumiu a liderança de Recursos Humanos em ambos os países. Fazendo questão de deixar claro que havia muito – e bom – trabalho já feito, destaca o desenvolvimento da estratégia de employer branding como a prioridade. Era preciso transformar o espírito Kiabi numa proposta e valor clara, autêntica e coerente, que reflectisse a cultura e os valores da marca. E é isso que estão a fazer, com uma certeza: «as pessoas estão, e continuarão a estar, no centro de tudo» o que fazem. E essas pessoas têm de ser «pessoas autênticas, com vontade de crescer e de fazer parte de um projecto colectivo com um propósito».

 

Assumiu funções na Kiabi em Outubro de 2022. Assumiu logo a responsabilidade por Espanha e Portugal?
Em 2022, quando me juntei à Kiabi, tinha responsabilidades apenas no mercado espanhol. Mais tarde, com a integração das operações de Portugal e Espanha, anunciada no ano passado, passei então a liderar a área de Recursos Humanos para ambos os países.

 

Já tinha acumulado responsabilidades em mais do que um país?
Sim, já tinha trabalhado em contextos internacionais, com responsabilidades directas em mais do que um país.

 

E já conhecia Portugal? Quais as primeiras impressões que recorda?
Já conhecia, até pela proximidade que temos. Do ponto de vista profissional, a primeira impressão foi muito positiva, vi um mercado com grande potencial e muitas oportunidades.

O que mais me chamou a atenção foi a paixão com que os kiabers em Portugal trabalham. Existe um espírito de equipa muito forte, uma energia muito positiva, e isso reflecte-se claramente nos bons resultados que estamos a alcançar. Não é por acaso que Espanha e Portugal juntos se tornaram um mercado estratégico para a Kiabi.

 

Mas são mercados de trabalho muito diferentes, o português e o espanhol?
Por exemplo, ao nível dos recursos disponíveis, competências e formação, expectativas…? Existem algumas diferenças, sim. Embora Espanha e Portugal estejam muito próximos, na área de Recursos Humanos, cada país tem as suas particularidades. Em Espanha, por exemplo, o mercado de trabalho é mais maduro no sector do Retalho, o que se traduz numa competição muito forte pelo talento. Este facto torna a retenção um dos maiores desafios: há mais movimento, mais oportunidades e as pessoas valorizam muito aspectos, como o desenvolvimento profissional e o equilíbrio pessoal.

Em Portugal, embora o contexto seja um pouco diferente, existem também desafios importantes. Estamos a trabalhar para atrair talento, sobretudo em áreas onde há menos oferta de perfis ou onde a mobilidade é mais limitada. Isto obriga-nos a ser criativos, a adaptar as nossas estratégias e a estar muito próximos das pessoas, desde o primeiro contacto.

As pessoas não querem apenas um emprego, querem um projecto onde possam evoluir, sentir-se valorizadas, ter um objectivo. E é precisamente essa a abordagem que estamos a promover na Kiabi: criar um ambiente onde as pessoas possam ser elas próprias e desenvolver-se verdadeiramente.

 

O facto de estar sedeado em Madrid trará, com certeza, desafios acrescidos para a gestão em Portugal. Quais identifica como os principais? Não diria que é um desafio. Embora esteja fisicamente sediado em Madrid, sinto-me muito ligado à equipa em Portugal e viajo frequentemente, pelo que a proximidade é real e não apenas virtual. Além disso, dispomos de muitas ferramentas que nos permitem manter uma comunicação muito fluida.

O importante, independentemente da localização, é estar disponível, ouvir, acompanhar e dar respostas rápidas às necessidades da equipa. E estamos muito alinhados nesse aspecto.

 

Quais têm sido os temas de Gestão de Pessoas mais prementes para si, nestes mais de dois anos?
Uma das questões mais importantes foi, sem dúvida, o desenvolvimento da nossa estratégia de employer branding, que lançámos em Março deste ano. Construir uma cultura organizacional sólida é fundamental, mas requer tempo, consistência e, acima de tudo, que o que vivemos internamente esteja alinhado com o que comunicamos externamente.

Inspiramo-nos numa frase do fundador da Kiabi: «Fazer um trabalho de que gosto, com pessoas de que gosto, para clientes de que gosto.» É uma forma simples, mas muito poderosa, de exprimir o que nos move. Por vezes, com o ritmo do dia-a-dia, perdemos de vista essas ligações, e esta estratégia veio realçar isso mesmo: o que nos motiva e nos faz gostar de trabalhar em equipa.

Depois foi preciso transformar todo esse espírito numa proposta clara, autêntica e coerente, que reflectisse a nossa cultura, que cada kiaber se sentisse identificado, e que valores como a autenticidade, a confiança e a responsabilidade fossem vividos e não apenas ditos.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Junho (nº. 174) da Human Resources.

Disponível nas bancas e online, na versão em papel e na versão digital.

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