Entrevista Inês Madeira, FHC: «É na diferença que todos se sentem reconhecidos»

O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e houve alterações substanciais na forma como os profissionais encaram o que esperam da entidade empregadora. Quem o constata é Inês Madeira, que acredita ser preciso, cada vez mais, respeitar a individualidade. «Não podemos adoptar políticas transversais e tratar todos de igual maneira.»

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Inês Madeira assumiu a direcção de Capital Humano do Grupo FHC – um dos maiores grupos farmacêuticos em Portugal, integrando cinco empresas (Basi Laborátórios, Empifarma, Over Pharma, Phagecon, Zeone Informática) e mais de seis centenas de colaboradores – há relativamente pouco tempo, e numa altura particularmente desafiante para a Gestão de Pessoas. Contudo, não tem dúvidas de que a estratégia para os próximos anos para atrair os melhores perfis passa por disponibilizar um projecto de desenvolvimento pessoal de carreira. O seu alicerce, a cultura organizacional, tem por base os princípios CEICA – Confiança, Ética, Inovação, Coragem, Agilidade. No sentido inverso valorizam, sobretudo, o compromisso.

 

A FHC Farmacêutica foi criada em 1998, tornando- se, entretanto, uma empresa global, presente em todas as etapas do ciclo de vida do medicamento. Como evoluiu ao nível das pessoas? Que empresa existe hoje nesse âmbito, não só em números, mas também nas competências que integra?
A nível nacional, o Grupo FHC conta actualmente com cerca de 620 colaboradores, entre Mortágua, Montemor-o-Velho, Porto e Lisboa, em contraponto com 20 funcionários em 1998. Este crescimento pressupõe, desde logo, um grande desafio para a gestão da empresa, tendo em conta que os graus de especialização têm crescido concomitantemente com o crescimento da empresa.

Do ponto de vista da gestão e desenvolvimento das competências, o Grupo é hoje confrontado com desafios cada vez maiores, já que as respostas a dar aos seus colaboradores têm hoje níveis de exigência e complexidade extremamente elevados.

 

Antes de explorarmos esse tema, queria também perceber se se pode dizer que há uma FHC pré-pandemia e outra pós. Ou seja, que empresa existia em Janeiro de 2020 e que empresa existe agora, com o regresso da normalidade, digamos assim? O que mudou?
No balanço do pré e pós-pandemia – se é que já podemos falar em cenário pós- -pandemia – encontramos diferenças significativas. Nas áreas de produção e logística, sendo áreas que obrigam ao trabalho presencial, tivemos a necessidade de adaptar os nossos procedimentos para tornar possível a segurança dos colaboradores. Por outro lado, em posições técnicas e administrativas, assegurámos, de um dia para o outro, que todos os que estavam em teletrabalho tinham condições para desempenhar as suas funções, respeitando a nova dinâmica de trabalhar em casa, alguns com os filhos em telescola. No fundo, tratou-se de uma reeducação ao desempenho da função, ao trabalho em equipa e, acima de tudo, um desafio na gestão dos projectos e das equipas, respeitando o tempo dos pares.

 

Que mudanças se mantiveram?
Sem dúvida, as políticas de flexibilização foram as que mais reforçámos e se mantêm. Acreditamos que o respeito pelas necessidades individuais dos colaboradores e a promoção uma cultura colaborativa e transparente são o que dá significado a cada um que faz parte do Grupo FHC. Desta forma, numa perspectiva de melhoria contínua, ajustamos metodologias, introduzimos a regular utilização de ferramentas de comunicação, e fomentamos a partilha de informação entre as várias equipas.

 

E os desafios, como evoluíram? Quais são os principais, na gestão das vossas mais de 600 pessoas?
Na gestão das nossas quase 620 pessoas sempre houve o compromisso com a formação e com a realização pessoal e profissional, dando espaço a cada indivíduo para poder evoluir. Hoje, e planeando o que será a estratégia a nível do capital humano dos próximos anos, estamos certos de que a atracção dos melhores perfis se faz através da disponibilização de um projecto de desenvolvimento pessoal de carreira.

 

A COVID-19 também veio colocar o sector farmacêutico sob os holofotes. Já era um sector atractivo para trabalhar, mas o contexto contribuiu para aumentar a atractividade do Grupo FHC enquanto marca empregadora? O sector farmacêutico, assim como outras áreas ligadas a saúde, sempre tiveram um índice de atracção elevado, pela sua projecção, capacidade de comunicação e afirmação nesta área tão sensível. A COVID-19 confirmou a importância da área farmacêutica, pela sua contribuição na procura de soluções, a todos os níveis, para o combate a pandemia.

É verdade que a exposição do sector farmacêutico nesta fase tem sido mais vincada, e isso tem contribuído para o aumento do interesse dos candidatos. A atractividade da área farmacêutica, aliada à elevada procura por parte da indústria, criou algum desequilíbrio no mercado, aumentando significativamente a dificuldade na contratação.

Dito isto, e num cômputo geral, não considero que a COVID-19 esteja a contribuir para que o Grupo FHC seja mais atractivo para trabalhar. Como qualquer empresa, encetamos esforços e estamos focados em tornarmo-nos o mais atractivos possível, a fim de sermos escolhidos pelos melhores. Para o conseguirmos, tentamos elevar o mais possível os nossos padrões de exigência, para que os melhores se identifiquem connosco.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Maio (n.º 137) da Human Resources.

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