Entrevista a Ricardo Parreira, CEO da PHC: A viagem de uma vida

A ideia de criar a PHC Software surgiu ainda na faculdade e o sonho de dois amigos rapidamente se tornou realidade. Cerca de três décadas depois, assume a forma de uma multinacional, com mais de 200 pessoas. Ricardo Parreira fala-nos da «viagem de uma vida».

 

Por Ana Leonor Martins

 

No início, «não havia um plano detalhado, nem uma visão clara como a que temos hoje, havia apenas uma vontade muito grande e um espírito de trabalho que permitiu ultrapassar todas as adversidades», conta Ricardo Parreira, PHC Software. Mas isso não impediu o percurso de sucesso da empresa, que atingiu uma dimensão que nunca passou pela cabeça do seu fundador. Aprendeu fazendo, com a experiência da gestão real, e, claro, com alguns erros pelo meio, «que hoje não cometeria». Por isso escreveu o livro “Gestão Descontraída, mas Profissional”.

Ricardo Parreira fala dos sucessos, mas também partilha as dificuldades, como quando, num mês, não conseguiu pagar a totalidade dos ordenados e sentiu verdadeiramente «a responsabilidade que é ter nas mãos a vida dos colaboradores». Hoje, os grandes desafios passam, a nível do negócio, pela «velocidade a que tudo acontece, num mundo que está mais rápido, imprevisível e global», e, na Gestão de Pessoas, pela escassez de talento. A resposta a este último passa – acredita – pela experiência de trabalho proporcionada. «É isso que nos move na PHC: dar sentido e felicidade ao nosso dia-a-dia.-»

 

Tinha 22 anos quando, em 1989, criou o seu próprio negócio, a PHC. Como surgiu a ideia e como passou à sua concretização?
A ideia de fundar a PHC surgiu ainda na faculdade. Eu e o Miguel Capelão tínhamos essa vontade e colocámos em marcha aquilo que tem sido a viagem de uma vida. No início, não havia um plano detalhado, nem uma visão clara como a que temos hoje, havia apenas uma vontade muito grande e um espírito de trabalho que permitiu ultrapassar todas as adversidades.

 

Mas sempre soube que queria trabalhar por conta própria?
Penso que esta vontade de ter o meu próprio negócio sempre esteve comigo, basta pensar que desde criança tive iniciativas e um espírito muito empreendedor.

 

Neste percurso, o que identifica como as principais conquistas?
A maior conquista é ver a PHC Software com uma dimensão que nunca me passou pela cabeça quando começámos. Somos uma empresa com um impacto em muitas empresas, pessoas e até famílias. Hoje, a PHC é muito mais do que dois amigos com o sonho de ter uma empresa. É uma multinacional que faz a diferença na gestão de mais de 34 mil empresas por todo o mundo.

 

E quais as principais dificuldades que enfrentou?
Há um episódio que me marcou sobre dificuldades. No início da actividade, quando o negócio ainda estava a arrancar, houve um mês em que a tesouraria não permitia pagar a totalidade das nossas despesas e tive de chamar todos os colaboradores, um a um, perguntar-lhes que despesas tinham em casa para pagar, e dar a cada um o que necessitavam. Não levei nada. Foi um momento muito difícil, mas onde senti realmente a responsabilidade que é ter nas mãos a vida dos nossos colaboradores. E não lhes podemos falhar. Foi um momento decisivo naquilo que é hoje a gestão da PHC, onde não deixamos as pessoas para trás.

 

Como recorda as primeiras semanas/ meses de vida da PHC?
Vejo uma energia e uma vontade que ainda se mantém, mas também muitos lapsos que hoje não cometeria. Essa foi uma das razões que me levou a escrever o livro “Gestão Descontraída, mas Profissional”, ou seja, partilhar um pouco do que gostava de saber quando comecei e que só a experiência de gestão real me ensinou.

 

Passadas três décadas, tem uma empresa multinacional, com mais de 200 pessoas, num sector que evoluiu exponencialmente, tal como a concorrência. O que considera que tem sido essencial neste percurso e que vos distingue no mercado?
Existem três factores pelos quais a PHC se distingue de muitas outras software houses. Primeiro, somos uma marca de confiança e sólida, que dá garantias a quem opta pelo nosso software, que continuará a ter o acompanhamento do que necessita. Algo muito importante no negócio do software, especialmente a nível das actualizações legais de que as empresas necessitam.

Depois, temos um produto em constante inovação e que se adapta às empresas, o que é uma grande mais-valia, pois quem tem PHC pode ter o software adaptado aos seus processos, necessidades e crescimento da empresa. Por fim, uma rede de parceiros certificados que presta o aconselhamento, apoio e implementação necessária. É a combinação destes três elementos, juntamente com uma cultura altamente diferenciada que faz da PHC uma empresa reconhecida por trazer velocidade aos negócios das empresas.

 

Como compara os desafios da década de 90 com os de agora, se é que são sequer comparáveis? Quais são agora os principais desafios e quais perspectiva para um futuro próximo?
O grande desafio é a velocidade a que tudo acontece. O mundo está mais rápido, imprevisível e global, com um consumidor cada vez mais exigente e informado. Isto cria um efeito de darwinismo que obriga a que as empresas sejam extremamente rápidas na sua adaptação ao mercado. É um desafio, mas daqueles bons. Obriga a sermos melhores à escala global, e tudo o que nos faz crescer é uma dávida.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Março (nº.123) da Human Resources, nas bancas.

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