Está desempregado? Estas dicas de personal branding vão ajudar a regressar ao mercado de trabalho

Com a rápida disseminação do novo coronavírus, houve um acirramento da crise económica que já afectava o mundo antes da pandemia.

Por Higor Gonçalves, especialista em Assessoria de Comunicação e Gestão Estratégica de Marketing

 

O Fundo Monetário Internacional reduziu ainda mais sua estimativa para a produção global em 2020. O FMI espera agora que sofra contracção de 4,9% este ano, diante de recuo de 3,0% estimado em Abril, quando usou dados disponíveis conforme as restrições aos negócios ainda não estavam com força total. Profissionais dos mais variados sectores estão sendo afectados ou serão num futuro próximo.

As medidas de isolamento social adoptadas em boa parte do mundo, no entanto, contribuíram para acelerar mudanças que vinham ocorrendo no trabalho antes mesmo da pandemia. No mundo globalizado, o emprego, no sentido clássico, já estava em processo de transformação. Um exemplo são os trabalhos pontuais, “on demand”, que vinham crescendo. A tendência é de continuidade, mesmo após superado o delicado momento de crise sanitária provocada pela Covid-19. No contexto vigente, de “novo normal”, o profissional, contudo, precisará se reinventar. E comunicar os seus diferenciais, além de estabelecer uma sólida reputação. Serão as garantias no processo de reinserção ao mercado de trabalho, seja conseguindo um novo emprego ou mesmo empreendendo.

É fundamental que ele tenha um propósito de carreira claro, construa um planejamento estratégico pessoal coerente e coloque em prática planos de acções factíveis alinhados aos seus objectivos profissionais. Essas iniciativas poderão determinar as oportunidades que ele terá no presente e no futuro. Aqueles que precisam ser reintegrados ao mercado de trabalho, nas mais diversas modalidades, deverão se tornar promotores de si mesmos. Precisam conhecer o personal branding e focar no gerenciamento da própria reputação. O personal branding investiga quem é o profissional, o que ele faz e como constrói valor, gerenciando como os seus atributos, diferenciais e a sua imagem serão comunicados.

Comunicação, aliás, é um dos pilares da imagem, que também é formada pela aparência e pelo comportamento. Ela abrange as expressões verbal, sobre o discurso e o conteúdo, o que é falado; e não-verbal, relacionada a gestos, energia, tom de voz e uso do espaço-tempo. É na integração, e, principalmente, na coerência entre todos esses elementos que a reputação de um profissional torna-se fortalecida. Todas as estratégias, tácticas e acções de posicionamento, devem ser exclusivas, elaboradas com base na essência do profissional. Precisam ser desenvolvidas a partir dos atributos, valores e talentos pessoais. Esses elementos definem quem é o profissional, os diferencia perante os demais e devem ser accionados em prol do seu retorno ao mercado de trabalho.

Branding pessoal é pensar em si mesmo como uma marca. Ao enxergar-se como uma tal, o profissional não fica a mercê das circunstâncias para alcançar os seus objectivos. Em um cenário com tantas mudanças, a reputação é e continuará sendo o activo mais importante que existe. É o mais duradouro. Por que não cuidar dela?

 

A partir deste preâmbulo, enumero cinco dicas práticas de branding pessoal para você regressar ao mercado de trabalho:

#1 – Defina propósitos: entenda quem é enquanto profissional e estabeleça objectivos claros de carreira. Quem é você no trabalho? Como chegou aonde se encontra? E quais posições deseja alcançar? Procure saber como o mercado lhe enxerga, construa uma “personalidade profissional” e determine quais conceitos gostaria de associar a seu nome. Crie um PEP (Planejamento Estratégico Pessoal) coerente com os seus propósitos gerais.

#2 – Ofereça valor: o mercado quer saber, de fato, como você pode colaborar. Nesse sentido, é fundamental entregar valor. As pessoas não adquirem produtos ou serviços, mas soluções, ou seja: valores agregados. O mesmo acontece em relação a um profissional. Quais problemas você resolve? Quais soluções oferece? Como pode contribuir num cenário de pandemia, ou depois dela? Defina o seu valor agregado e construa um guia de acções para comunicar esses diferenciais.

#3 – Mire um público-alvo: a determinação do público-alvo é um dos primeiros passos de um sólido planejamento de marketing. Esta definição acontece para que haja adequação entre a proposta de valor e o público correcto. Em relação ao personal branding, no entanto, acontece o contrário: primeiro se define a oferta de valor para, apenas em seguida, estabelecer o perfil das pessoas que pretende alcançar. Deseja chamar a atenção de headhunters/recrutadores? Ou, espera atrair novos clientes para o seu negócio? Delimite a sua abrangência, o seu nicho de actuação, e, sobretudo, o público-alvo adequado.

#4 – Use as redes sociais: mas, faça isso de forma planejada. Elas devem servir como um “cartão de visitas” digital. Precisam divulgar quem é o profissional, quais as suas expertises, os seus objectivos e as suas aspirações. No entanto, antes de criar ou actualizar perfis online, é importante construir uma estratégia fundamentada. A minha sugestão é definir o tipo de conteúdo que será publicado, uma “linha editorial” para cada plataforma (LinkedIn ou Instagram, por exemplo), a frequência das publicações e, claro, o modo como vai interagir com os seguidores.

#5 – Tenha autenticidade: é importantíssimo para que uma pessoa se torne relevante. Seja presencialmente ou nas redes sociais, no conteúdo que compartilha ou na forma como interage com as pessoas: seja sempre verdadeiro. Autenticidade desperta confiança e confiança gera familiaridade. As pessoas só confiam em quem lhes parece familiar.

 

Ler Mais