Esta empresa partilha o seu conhecimento em tecnologia (a custo zero) com ONGs e PMEs

A Bee Engineering são as suas pessoas, por isso a empresa acredita que empresa e sociedade fazem parte de um todo. A organização vê a responsabilidade social como uma oportunidade para ter um maior impacto positivo na sociedade civil.

 

Por Sandra M. Pinto

 

A responsabilidade social é um pilar que acompanha a Bee Engineering desde o início da sua actuação em Portugal. «Desde cedo dedicámos tempo a actividades de voluntariado e/ou recolha de bens para ajudar instituições em diversas áreas», faz notar José Leal e Silva, director executivo da consultora em Tecnologias de Informação (TI). «Expandimos posteriormente a importância do tema na organização, pois olhamos para a responsabilidade social como uma oportunidade para partilha do conhecimento em tecnologia com organizações, de forma a ter um maior impacto positivo na sociedade civil.»

No âmbito dessa preocupação, surgiu o programa Bee Social Opportunity, motivado pelos acontecimentos que marcaram 2020 e que resultaram numa forte onda de solidariedade, após o primeiro confinamento. «O conhecimento em tecnologia não está distribuído de igual forma nas organizações e, especialmente em contexto de pandemia, vimos que as entidades menos digitalizadas enfrentaram maiores desafios», relembra José Leal e Silva. Quando surgiu a oportunidade de a Bee Engineering partilhar o seu conhecimento em tecnologia com outras organizações e micro e pequenas empresas, essa responsabilidade foi de imediato aceite pela organização. «Dedicámos horas a duas iniciativas, o programa Tech Guidance, que orientava organizações a navegar nas opções disponíveis para o trabalho remoto, e ao projecto da APPDI, através da construção de uma landing page para o guia para um recrutamento inclusivo», refere o responsável, esclarecendo que os projectos foram baseados no âmbito de tempo disponibilizado a custo zero. «Fruto deste percurso, repensámos a forma como actuamos nesta área, transformando acções pontuais num programa concreto e estruturado ao longo do ano.»

 

Programa Bee Social Opportunity
A ideia surgiu directamente dos colaboradores da empresa que sentiram a necessidade de fazer essa partilha, sendo que o apoio da Bee Engineering ao programa é dado através da alocação de horas de trabalho, que podem envolver qualquer elemento da equipa dependendo da natureza do projecto. «A sensibilização de todos os colaboradores advém dos valores chave com que operamos, na medida em que acreditamos que quando se tem a possibilidade de fazer algo “pelo outro”, temos esse dever e essa responsabilidade», afirma José Leal e Silva. Ao longo do tempo, com o crescimento da empresa, as acções de responsabilidade social evoluíram e foram-se tornando mais diversificadas, sendo dada primazia a acções que envolvam directamente os colaboradores da empresa. «Acreditamos que, com acções de responsabilização social que envolvam directamente o tempo de mais pessoas na empresa, a sensibilização cresce e permite que esta se possa, no futuro, transformar-se numa onda contínua para a sociedade em que nos inserimos.»

Durante 2020, as acções de responsabilidade social envolveram dezenas de colaboradores de especialidades diferentes em projectos de base tecnológica, alocando cerca de 1500 horas. Em 2021, a empresa espera superar esse valor e alocar um máximo de duas mil horas ao programa Bee Social Opportunity. Relativamente ao número de colaboradores envolvidos para 2021, esse irá depender das acções, na medida em que é consoante estas que a Bee Engineering define a tipologia de competências que serão necessárias para cada caso. José Leal e Silva esclarece que o programa nasce em 2021, devido aos projectos anteriores, pelo que, «seguindo o mesmo curso de decisão, se o sucesso for replicado como se espera, existe a intenção de prosseguir nos anos seguintes».

No que diz respeito às ONG e PME que os profissionais da Bee Engineering vão ajudar, a empresa optou por não seleccionar entidades a priori para não limitar a diversidade de intervenções. «Hoje, quando uma organização nos contacta com um pedido de apoio para um projecto de base tecnológica pro bono, estamos mais preparados para considerar e dar resposta, pelo que neste momento estamos já em contacto com algumas entidades que nos procuraram», esclarece o director executivo da organização.

Refira-se que o contacto pode ser feito directamente para o email geral da Bee Engineering, e a selecção depende daquilo que é solicitado. A primeira análise consiste em avaliar se o pedido se encontra dentro das competências da empresa. Caso se confirme, segue-se a estimativa do esforço dedicado à acção. «O objectivo é poder alocar as duas mil horas a mais do que uma entidade da melhor forma possível e com o maior ganho para cada uma delas», reforça José Leal e Silva.

Para o director executivo da Bee Engineering, em época de pandemia estas iniciativas ganharam um carácter ainda mais urgente e importante, na medida em que a responsabilidade de quem trabalha no mundo das Tecnologias de Informação aumentou. Muitas empresas viram a sua actividade diminuída ou reduzida a zero, sendo que quem trabalha nesta área, apesar de ter sofrido forte impacto, tem ao seu dispor ferramentas que facilitam o ultrapassar das dificuldades. «Basta muitas vezes algum deste conhecimento ser partilhado, para que outras entidades vejam também atenuadas as suas dificuldades neste novo mundo e consigam alterar os seus processos para tirar partido positivo da aprendizagem forçada, mas necessária, durante esta época de pandemia», sublinha.

 

2020: um ano de iniciativas de carácter social
O ano 2020 foi marcado pela implementação de outras iniciativas, como o Tech Guidance, criada sob o mote “60 minutos para acelerar a digitalização” orientada para empresas necessitadas. Quem estivesse interessado poderia agendar directamente com a Bee Engineering, a custo zero, uma hora de aconselhamento directo sobre quais as soluções possíveis para os problemas que apresentassem. «Respondemos a cerca de uma dezena de contactos solicitados, e dado o volume não ser muito elevado, conseguimos dar resposta a 100% dos pedidos que tivemos», adianta José Leal e Silva.

Outra iniciativa relevante foi o Guia Para o Recrutamento Inclusivo, um projecto da Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão (APPDI). Sendo a Bee Engineering signatária da Carta Portuguesa da Diversidade e participando activamente nos grupos de trabalho da APPDI, com o objectivo de promover partilha de conhecimento e boas práticas em diversas áreas que se relacionam com a Diversidade e Inclusão, «a nossa participação surgiu no âmbito dos trabalhos desenvolvidos para a construção dos conteúdos para o Guia Para Um Recrutamento Inclusivo quando se identifica a necessidade dar a forma de um projecto digital que facilitasse a navegabilidade e o acesso a um universo maior de pessoas», revelou o director executivo. O responsável fez ainda questão de acrescentar o compromisso da empresa com o ambiente, que passa por tomar opções mais sustentáveis e rever periodicamente onde pode a organização reduzir o impacto ambiental da sua actividade, além da promoção de forma activa o equilíbrio entre vida pessoal e profissional junto dos seus colaboradores através de várias iniciativas internas, como o incentivo à prática do desporto.

Responsabilidade social e desafios associados
Entendendo a aceleração digital como uma mudança, semelhante a outras mudanças que constantemente ocorrem no meio em que as empresas se inserem, José Leal e Silva acredita que esta mudança colocou em evidência não a disparidade entre as empresas, mas apenas entre a sua capacidade de adaptação e evolução. «No meu ponto de vista, esta capacidade é crítica em qualquer entidade para se manter activa no seu mercado e fazer face às mudanças do seu ecossistema», refere. «A aceleração digital é mais uma dessas mudanças, não podemos evitar disparidades evitando a mudança, mas sim promovendo a capacidade de adaptação.» Relativamente aos desafios identificados no âmbito da responsabilidade social, o responsável refere como um dos maiores o de encontrar a forma certa de ajudar, em cada situação. «É possível disponibilizar imensas horas e recursos para algo que não é o mais importante para uma organização, bem como resolver problemas complexos e ajudar imenso, desde que a ajuda seja no âmbito certo», esclarece, «encontrar esta última forma é um grande desafio, pois todas as entidades são diferentes».

No curto e médio prazo, a Bee Engineering encara o futuro com optimismo. «Certamente existirão dificuldades que não existiam antes da pandemia, mas certamente existirão oportunidades que também não existiam antes», admite o director executivo da empresa. «Não podemos mudar o cenário actual nem o que levou ao mesmo, mas podemos mudar a forma como encaramos o que temos pela frente e as nossas acções face a isso.» Com este pequeno passo de cada um, «atingiremos, certamente, tremendos impactos em todos nós», conclui.

 

Este artigo foi publicado na edição de Abril (nº.124) da Human Resources.

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