Estamos a ficar doentes mais vezes? Sim. E há uma explicação para isso

Várias infecções respiratórias no espaço de alguns meses, conjuntivites que surgem de forma repetida como nunca tinha acontecido, gripes que não parecem ter um fim à vista. Será que estamos a ficar doentes mais vezes? Os especialistas dizem que sim e explicaram porquê à CNN.

 

A publicação revela que a protecção contra a COVID-19, sobretudo através dos confinamentos, do uso de máscaras e da maior e mais eficaz higienização das mãos, salvou milhões de vidas em todo o mundo, mas causou um défice no sistema imunitário. Este, ao longo de três anos, com mais ou menos frequência, deixou de contactar com agentes que eram habituais e que ajudam a construir o escudo-protector que constitui o sistema imunitário.

«Já está descrito na literatura que os sucessivos lockdowns [confinamentos] não são positivos para o treino do nosso sistema imunitário. As vacinas treinam-no, são positivas, tornam o sistema imunitário mais forte, mas o contacto com os vírus e bactérias no nosso dia a dia e quando os miúdos brincam na terra é que o treinam», adianta Manuel Ferreira de Magalhães, pediatra da Unidade de Pneumologia Pediátrica do Centro Materno Infantil do Norte.

A noção de dívida de imunidade como a causa de aumento nas doenças respiratórias foi mencionada pela primeira vez num artigo publicado em Agosto de 2021 na “Infectious Diseases Now”. Segundo Manuel Ferreira de Magalhães , «o que assistimos foi uma alteração no padrão de doenças infecciosas, sobretudo respiratórias, que vinham no inverno e chegaram no Verão, como o VSR [vírus sincicial respiratório]».

No ano passado, este vírus começou a circular mais cedo do que o habitual e com maior intensidade. «O organismo das crianças não estava habituado àquele contacto e teve uma resposta mais agressiva», diz.

Além disso, se houve quem tivesse contraído SARS-CoV-2 e ficado bem, a verdade é que uma boa parte das pessoas ainda sente na pele as marcas da infecção e isso pode ser um motivo para que adoeçam mais recorrentemente ou que fiquem com sintomas mais exacerbados.

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