Estudo identifica a principal preocupação das empresas portuguesas para 2025
A evolução incerta do ambiente económico é a principal preocupação das empresas portuguesas para 2025. De acordo com a vaga de Outono do Estudo de Gestão do Risco de Crédito em Portugal, promovido pela Crédito y Caución e Iberinform, 50% do tecido produtivo nacional aponta o contexto geral, marcado pelo baixo crescimento, entre os principais desafios para os negócios.
Outros factores mencionados estão estreitamente ligados a este contexto geral: margens comerciais insuficientes (38% das empresas), custos laborais excessivos (36%), dificuldades na captação de clientes (31%) ou aumento da concorrência (26%). As empresas apontam, ainda, a carga burocrática (25%), os atrasos de pagamento (22%), os custos de produção (17%), o acesso ao financiamento (16%) e o enquadramento legislativo (9%), como desafios para a sua actividade.
O impacto da inflação e dos níveis das taxas de juro moderou-se em 2024, em linha com a moderação da evolução dos preços e a maior flexibilidade da política monetária. Contudo, 96% das empresas confirmem algum tipo de impacto da inflação nas suas operações. Os principais impactos ocorrem na estrutura de custos, o que pode afetar a capacidade de muitas empresas para operar de forma lucrativa; 47% das empresas estão a sentir incrementos nos seus custos laborais e 46% indicam aumentos nos custos de aquisição.
O estudo mostra que uma forma de compensar estes aumentos de custos é aumentar os preços finais para proteger as margens comerciais. No entanto, esta é uma estratégia arriscada, devido a factores como a redução do poder de compra do cliente ou a elasticidade da procura. Segundo o estudo, o contexto de contenção da procura está a obrigar 69% do tecido empresarial português a absorver o impacto dos novos custos, o que implica uma perda de rentabilidade e redução das margens comerciais.
Esta queda das margens comerciais num contexto de abrandamento da atividade, combinada com um aumento dos custos financeiros, é um factor que impulsionador do risco comercial. De facto, 34% das empresas indicam que há uma deterioração no risco de crédito dos seus clientes devido à inflação. Para fazer face a esta evolução, 39% das empresas foram obrigadas a reduzir as vendas e 11% desistiram de determinados clientes.
A percentagem de empresas que mencionam os efeitos dos custos financeiros na solvabilidade e liquidez dos seus clientes diminuiu nove pontos percentuais face aos níveis de há um ano, em linha com a progressiva flexibilização da política monetária. Para 64% das empresas inquiridas, os níveis das taxas de juro irão afectar a sua capacidade de acesso ao financiamento e 15% do tecido empresarial espera que o impacto seja elevado.