Eurogrupo descarta “fim abrupto” de apoios criados na União Europeia devido ao surto

O presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, disse hoje haver «amplo consenso» entre os ministros das Finanças da zona euro para não retirar «de forma abrupta» os apoios temporários criados para superar a crise gerada pela COVID-19.

 

«Não haverá um fim concreto ou abrupto das medidas [adoptadas temporariamente por causa da crise novo coronavírus] e, em geral, a política orçamental continuará a apoiar a economia», garantiu Paschal Donohoe.

Falando aos jornalistas em Berlim, no final da primeira reunião presencial do Eurogrupo desde fevereiro, dadas as restrições adotadas por causa da COVID-19, o presidente da estrutura e também ministro das Finanças irlandês evitou, por essa razão, apontar uma data específica para o fim de tais apoios, entre os quais se inclui ajuda financeira para esquemas de desemprego temporários, linhas de crédito para empresas e ainda empréstimos aos países.

Também incluída está a suspensão dos limites para o endividamento dos Estados, medida que permanecerá em vigor, já que a estabilidade orçamental estará, temporariamente, dependente do reforço da recuperação, segundo anunciado pelo presidente do Eurogrupo.

Paschal Donohoe pediu, ainda assim, «máximo cuidado» aos países do euro para não prejudicarem a recuperação, avisando que é «imperativo» voltar à sustentabilidade orçamental «na altura certa».

Apesar de destacar que, em Junho e Julho, se verificou «um significativo relançamento da atividade económica», o responsável irlandês reconheceu que «levará tempo» até que a zona euro consiga sair da recessão.

«Será necessário trabalho para desfazer os danos causados por esta crise, mas estamos unidos no nosso compromisso de o fazer», garantiu.

Também presente na ocasião, enquanto representante no Eurogrupo do executivo comunitário, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, vincou que seria «mais perigoso» retirar o apoio às empresas e aos postos de trabalho «demasiado cedo» do que «demasiado tarde», porque isso iria sobrecarregar as finanças públicas dos países.

«A transição deste estado excecional para a nova normalidade é um desafio que requer uma boa gestão», acrescentou Paolo Gentiloni, afirmando ainda não estimar que as regras rígidas de Bruxelas para endividamento dos Estados voltem a estar em vigor já no próximo ano.

A opinião foi partilhada pelo director-geral do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, que considerou na sua intervenção que «2021 não é o momento de regressar ao pacto orçamental».

Já a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, apelou a uma retirada gradual dos estímulos aos países, advertindo que os governos devem seguir uma «política orçamental», já que a política monetária deste banco central “não é suficiente” para garantir liquidez.

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