Exclusivo: Entrevista com Albino Gomes e André Vilelas sobre o novo processo de recrutamento da Repsol para o Complexo Industrial em Sines

A Repsol tem promovido desde o início do ano, campanhas de recrutamento para o seu Complexo Industrial de Sines, no âmbito da construção das duas novas fábricas de poliolefinas que deverá arrancar em 2023. A Repsol avança com mais um processo de recrutamento para o Complexo Industrial em Sines, desta vez com 12 vagas, para perfis mais especializados na áreas das engenharias. Sobre aquilo que a organização procura nos novos colaboradores, falámos com Albino Gomes, director de Pessoas e Organização da Repsol Polímeros, e com André Vilelas, director de Produção de Poliolefinas do Complexo Industrial de Sines.

Por Sandra M. Pinto

Nas palavras dos dois responsáveis, os novos colaboradores, terão a oportunidade de ser parte integrante de um projecto que está alinhado com o objectivo de transformação industrial da Repsol, rumo à neutralidade carbónica até 2050.

Albino Gomes, director de Pessoas e Organização da Repsol Polímeros

Desde o início do ano têm vindo a implementar um processo de recrutamento. Durante a pandemia não recrutaram?
Na Repsol, acreditamos que a indústria, conjuntamente com a mão-de-obra qualificada, desempenhará um papel preponderante na recuperação económica e na capacidade produtiva do país, é importante enfatizar este ponto. Para ultrapassarmos os desafios mais emergentes, como o da transição energética, precisamos de mais investimento e não menos. Estamos comprometidos em manter os postos de trabalho existentes, apostando na requalificação, atracção de novos talentos e retenção do que já temos. No Complexo Industrial de Sines, estão, neste momento, a coincidir três marcos-chave, que merecem um grande plano de recrutamento, são eles a mudança geracional, a contratação de grupos provisórios para substituir as ausências temporárias das equipas em funções e, claro, o projeto de expansão do complexo. Por forma a cumprirmos, na íntegra, este plano durante o resto do ano de 2022, contamos incorporar cerca de 80 profissionais, durante o segundo semestre deste ano. Durante o período de confinamento, o processo de recrutamento e contratação aconteceu com toda a naturalidade, de acordo com o nosso Plano Anual de Emprego e, uma vez aprovado o projecto de expansão, activou-se também este processo de seleção.

Quais os objectivos deste processo de recrutamento?
Em adição ao processo de recrutamento actualmente em marcha, que deriva do projecto de expansão que contempla a construção de duas novas fábricas, e do plano de renovação geracional, e em linha com o nosso plano de sustentabilidade em matéria de geração de emprego, decidimos apostar e incorporar jovens engenheiros – desde recém-licenciados até engenheiros com cinco anos de experiência – que queiram desenvolver a sua carreia na área da Química e construir o futuro connosco. Terão a oportunidade de ser parte integrante de um projecto que está alinhado com o objectivo de transformação industrial da Repsol, rumo à neutralidade carbónica até 2050.
Sabemos da qualidade do ensino português, do potencial dos jovens que frequentam os cursos de Engenharias, e acreditamos que eles poderão, na Repsol, ter uma oportunidade profissional bastante desafiante, ajudando a materializar o maior investimento industrial dos últimos 10 anos em Portugal.

Será para entrar ao serviço quando?
Concluída a fase de candidaturas, que decorrerá durante os meses de Junho e Julho, entraremos imediatamente no processo de entrevistas e contratação.

Quantas vagas têm em aberto e para que posições?
Neste processo em particular para jovens engenheiros, estamos a recrutar profissionais para as áreas de Química, Mecânica, Eletrotécnica, Instrumentação, Automatização e controle e Termodinâmica. No total, temos 12 vagas disponíveis.

Quais as características que procuram nos vossos futuros colaboradores?
O que procuramos neste grupo de jovens engenheiros, é vontade de aprender e empreender, com toda a audácia para assumir responsabilidades no futuro. Do lado da Repsol, daremos as condições para que possam desenvolver a sua carreia profissional, trabalhar com as tecnologias mais vanguardistas da Península Ibérica, e mesmo da Europa, e serem parte integrante da transição energética de um setor que é preponderante para o bem-estar das pessoas.

A um nível mais técnico, que género de profissionais procuram?
Para além dos atributos que mencionei, a experiência profissional em fábricas industriais e o desempenho académico serão tidos em consideração. Importante ainda referir que deverão ter disponibilidade para residir na cidade de Sines ou em outras regiões próximas do Complexo Industrial, que, por sinal, acredito ser uma vantagem, na medida em que permite uma maior qualidade de vida e conciliação com a vida pessoal.

De que forma se tem desenrolado o recrutamento?
As diversas campanhas mais massivas de recrutamento, chamemos-lhe assim, que temos lançado têm superado as nossas expectativas, muito fruto das mensagens que temos transmitido para o mercado: criação de emprego de qualidade, não deslocalizável, ao mesmo tempo que continuamos com os nossos objectivos de renovação geracional.
Já contratámos, desde 2019, 190 profissionais, por forma a atingirmos estes objectivos. Como referi, ainda durante o segundo semestre deste ano, devemos incorporar mais 80 pessoas, entre as quais estão 40 operadores, que integrarão o curso de OPUI (Operação para Unidades Industriais), que se iniciará em Setembro deste ano, e os jovens engenheiros que estamos a contratar, além de outros profissionais com mais experiência. Independentemente das qualificações prévias, estamos comprometidos com a geração de postos de trabalho com perspectivas de futuro.

Só para Portugal?
Estas vagas que anunciamos hoje são para trabalhar no Complexo Industrial de Sines, em Portugal, pois acreditamos na qualidade do ensino nacional e nas potencialidades destas gerações. Em termos globais, a Repsol emprega mais de 24 mil colaboradores, distribuídos por 32 países, existindo sempre a possibilidade – como já aconteceu com profissionais que estão hoje no Complexo Industrial de Sines -, a possibilidade de uma experiência internacional, por forma a aumentar a cocriação e a troca de conhecimento.

Tal como outras empresas noutros setores, também têm vindo a sentir escassez de talento?
O nível educacional dos profissionais em Portugal é bastante elevado e, por conseguinte, muito procurado pelos demais países da União Europeia. O talento existe, pelo que o devemos procurar. Por isso, assume uma especial importância a formação dos jovens e a criação de condições necessárias para que tenham as oportunidades profissionais no país, para progredirem e serem constantemente desafiados.
Por outro lado, a competitividade da indústria também é um fator importante para reter estes jovens no país, dar-lhes acesso às tecnologias mais vanguardistas, onde podem aprender e sentir que estão a concorrer directamente com os melhores do sector a nível internacional.

De que forma se materializa o compromisso da Repsol em manter, requalificar, reter e atrair novo talento?
Todos eles estão correlacionados, e fazem parte da nossa visão para o futuro. Precisamos de todos, da experiência daqueles que têm mais anos a trabalhar no setor e da irreverência e criatividade dos mais novos. Esta é a simbiose perfeita para darmos continuidade ao trajeto que temos trilhado até aqui e que exigirá ainda mais de nós para o futuro.
Com o evoluir da tecnologia, é importante requalificar os profissionais existentes, que por sinal têm um vasto conhecimento do setor e, por conseguinte, uma capacidade de aprendizagem maior.
Aos mais jovens, aqueles que já trabalham no Complexo Industrial, procuramos que a formação seja contínua e o ciclo de aprendizagem gradual, lançamos novos desafios, demonstramos que é possível progredir dentro da Repsol, com a atitude e empenho devidos.
Para atrair novos talentos, nada melhor do que dar o palco aos que cá estão, para narrarem as suas experiências, não apenas profissionais, mas também pessoais, pois são os maiores embaixadores, como o caso do André Vilelas.

Recrutam para o Complexo Industrial de Sines. Quais as particularidades de recrutar para um projeto que tem por base o maior investimento industrial em Portugal na última década?
É uma grande responsabilidade, para todos os envolvidos, mas também um privilégio poder recrutar profissionais que vão dar vida ao projeto de expansão do complexo e fazer dele um dos mais vanguardistas da Península Ibérica.

Que palavra gostava de deixar aos profissionais que estão a ler e que gostariam de concorrer, mas estão indecisos?
Dizer apenas que este é um projecto de futuro, alinhado com o Acordo de Paris e a estratégia de neutralidade carbónica da Repsol até 2050. É, ainda, uma oportunidade de representar a empresa que é líder em multienergias na Península Ibérica. O nosso slogan é Inventemos o futuro. O resto está lançado a todos aqueles que o querem inventar connosco.

 

André Vilelas, director de Produção de Poliolefinas do Complexo Industrial de Sines

Desde quando está na empresa e o que o motivou a trabalhar na Repsol?
Iniciei o meu percurso no Complexo Industrial de Sines em 2003, como engenheiro de processos na área de olefinas. Em 2009, abracei o desafio de ser chefe de fábrica do Steam Cracker e, mais tarde, em 2013, vi com bons olhos a oportunidade de assumir a direcção da área de Olefinas, com a gestão integrada do Steam Cracker, Butadieno, MTBE e Terminal Portuário . Mais recentemente, no ano passado, assumi a responsabilidade na área de Poliolefinas, também como director. Felizmente, estou numa empresa em que os desafios lançados são constantes, em que tenho oportunidade de progredir na carreira e, aos 43 anos, já ser director.

Para quem não sabe, o que é o propileno?
O propileno é uma olefina com 3 carbonos, o monómero base para a produção de polipropileno. Na produção de poliolefinas, os processos de polimerização dividem-se em dois grupos: condensação e adição, sendo que ambos requerem catalisadores específicos. Num reactor de polimerização, monómeros como o etileno e o propileno são ligados entre si para formar longas cadeias de polímeros, macromoléculas. Cada polímero tem as suas próprias propriedades, estrutura molecular, tamanho e peso molecular dependendo dos vários tipos de monómeros básicos utilizados e condições operatórias na reação química.

Qual a sua importância para o Complexo Industrial de Sines?
Para a produção de polipropileno, é necessária a polimerização do monómero propileno. O investimento de 657 milhões de euros contempla a construção de uma fábrica de polietileno linear (PEL) e uma fábrica de polipropileno (PP), cada uma com uma capacidade de produção de 300 mil toneladas por ano.
As tecnologias de ambas as fábricas, que garantem a máxima eficiência energética, são líderes de mercado e as primeiras do seu género a serem instaladas na Península Ibérica. Os novos produtos são 100% recicláveis e podem ser utilizados para aplicações altamente especializadas, alinhadas com a transição energética nas indústrias farmacêutica, automóvel e alimentar.
Para o Complexo Industrial de Sines e para a Química da Repsol trata-se de um investimento fundamental, pois permitirá integrar toda a produção de etileno e propileno do grupo Repsol, permitindo entregar ao mercado produtos de elevado valor acrescentado para a nossa sociedade.

Sobre o processo de recrutamento agora em curso, explique-nos quais as funções associadas a estas vagas?
Os novos engenheiros vão ter uma oportunidade única, uma experiência que poucos conseguem durante a sua vida profissional, que é ver nascer, desde o desenho conceptual, à construção, comissionamento e arranque de duas fábricas novas.
Todo este processo requer a interligação de equipas multidisciplinares na área de Engenharia, desde Químicos, Mecânicos, Eletrotécnicos, Ambiente, Materiais, entre outros, todos focados num objetivo comum: dar vida às novas fábricas, transformar etileno e propileno em polietileno e polipropileno.
Celebrado com sucesso o arranque das fábricas, inicia-se então um processo ainda mais complexo que é operar, optimizar, manter e produzir as dezenas de graus de polímeros que temos previstos para as mais distintas aplicações, tal como já fazemos actualmente com as fábricas existentes de PEAD e PEBD, Polietileno de Alta Densidade e Polietileno de Baixa Densidade, respectivamente. Depois, em conjunto com a nossa área de Negócio de Poliolefinas da Repsol, distribuir estas 600 mil toneladas adicionais no mercado e dar o máximo de valor acrescentado aos nossos clientes e população na sua generalidade, através dos bens de consumo que usamos diariamente no nosso quotidiano.

De que forma se vão desenvolver os projectos das duas fábricas?
O projecto de expansão do Complexo Industrial de Sines permitirá incorporar no complexo tecnologias de ponta, únicas em Portugal. Almejamos fazer de Sines um importante polo industrial e de referência no contexto europeu. A produção de poliolefinas 100% recicláveis, as sinergias de novos processos interligados com a transição energética, com uma química mais eficiente e integrada, fazem de Sines o local ideal para a implementação deste projecto.

Consegue identificar qual o maior desafio que se vai colocar aos profissionais que serão recrutados?
Pela minha experiência, o maior desafio passa pela responsabilidade de dar vida a um projecto desta dimensão. Tratando-se de uma indústria em constante transformação, com especificidades muito particulares, vivenciar a mudança e fazer parte integrante dela será o maior desafio, num sector incrível em que este tipo de oportunidades são únicas.

Que mais-valias vão advir para os novos colaboradores por estarem envolvidos num projecto deste género?
Para muitos jovens, esta poderá ser a oportunidade de uma vida, fazer parte do maior investimento industrial dos últimos 10 anos em Portugal. Estar numa empresa líder em multienergias, com um compromisso com a transição energética, e que acredita que a indústria é essencial para a geração de riqueza e para a evolução da sociedade.

Uma vez no terreno, são os nossos profissionais tão bons quanto os profissionais estrangeiros?
Sem dúvida. Os nossos engenheiros têm uma formação de base muito sólida e uma extrema facilidade de interagir em várias línguas, algo fundamental numa empresa multinacional e de vocação internacional, como é o caso da Repsol.
Há muitos anos que lido com engenheiros do sector, dos vários cantos do mundo, e posso afirmar que somos tão bons ou até superiores em muitos casos. A engenharia portuguesa é reconhecida internacionalmente e prova disso é a presença dos nossos engenheiros nas mais variadas áreas e zonas geográficas no globo. Na Repsol, queremos os melhores e, se estamos a recrutar em Portugal, é porque, efectivamente, acreditamos em todas as potencialidades dos profissionais portugueses.

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