Falta de mão-de-obra pode motivar constrangimentos na restauração açoriana

A delegação açoriana da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal alerta para a falta de mão-de-obra no turismo, o que poderá provocar no verão «constrangimentos» no funcionamento de restaurantes, quando se aguarda «uma grande enchente de turistas».

 

«Estamos a aguardar uma grande enchente de turistas este verão. Existem já muitas reservas em todas as ilhas, mas enfrentamos dificuldades na mão-de-obra para atender todo o turismo que vai chegar», disse a presidente da estrutura regional da associação (AHRESP), Cláudia Chaves, em declarações à agência Lusa.

Segundo a representante, «por mais boa vontade» que haja dos empresários, «a dificuldade que existe sempre é a falta de mão-de-obra».

A responsável referiu-se, em concreto, à situação da restauração, que enfrenta «dificuldades» no recrutamento e na fixação de trabalhadores.

«Existe muita falta de mão-de-obra e muitos restaurantes não conseguem prolongar os seus horários de atendimento».

Cláudia Chaves destacou os apoios que o Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, tem vindo a aplicar, mas referiu que estas medidas «não funcionam automaticamente».

A mais recente destas medidas, designada “TURIS.ESTAVEL”, foi apresentada na segunda-feira, e prevê a atribuição às empresas de um apoio que pode chegar até aos 36 mil euros por cada trabalhador contratado sem termo e a tempo completo na restauração, na hotelaria e no turismo.

«A medida anunciada pelo Governo [Regional] é suficiente para o próximo ano, porque tudo demora tempo a implementar», vincou.

Por isso, alertou que «este verão ainda serão sentidas algumas dificuldades» e admitiu que possam ocorrer «atrasos no atendimento» na restauração, principalmente «nos meses de grande enchente» de turistas, em Julho e Agosto.

Com a pandemia COVID-19, acrescentou, «muitas pessoas optaram por outras profissões e por outras áreas, em vez de actividades em período noturno, e tudo isto faz com que as pessoas reflitam bem se vale a pena ou não trabalhar na área do turismo».

Os horários nocturnos no sector são apontados como «uma grande dificuldade» à contratação.

«As pessoas não se sentem atraídas para o sector. Isto com o tempo consegue-se resolver. Agora, este verão ainda não temos o problema resolvido», admitiu.

Para Cláudia Chaves, as associações do sector e o Governo Regional têm a tarefa comum de «tornar atractiva esta área de trabalho».

As dormidas em alojamentos turísticos nos Açores (que têm registado um grande crescimento no sector nos últimos anos) triplicaram entre Janeiro e Abril, face ao período homólogo, mas continuaram abaixo dos valores registados em 2019, antes da pandemia COVID-19, segundo o Serviço Regional de Estatística.

O arquipélago registou cerca de 1,9 milhões de dormidas em alojamentos turísticos em 2021, mais do dobro do valor verificado em 2020, mas um valor inferior ao de 2019.

Este ano, a Associação da Hotelaria de Portugal e a Associação de Alojamento Local dos Açores perspectivam boas taxas de ocupação no verão, pelo menos na ordem dos 80%, com a recuperação de vários mercados internacionais emissores de turistas.

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