Fernando Henrique Silva, CI&T: «Queremos ver Portugal a tornar-se num hub tecnológico indispensável ao resto da Europa, é por isso que estamos aqui.»

Com uma presença global e uma equipa com mais de 3500 profissionais, a CI&T tem vindo a crescer a um ritmo de 25 a 30% ao ano. Recentemente chegada a Portugal, tem como objectivo tornar o país um hub tecnológico de ponta para apoiar os clientes na EMEA. E tornar-se uma das melhores empresas para trabalhar.

 

Com 25 anos de história, a CI&T está no nosso País desde o início de 2020. Sendo Portugal um «mercado tecnológico em expansão», que tem também um «posicionamento geográfico estratégico na Europa, boas infra-estruturas e uma pool muito rica de talento tecnológico», funciona como «o centro de atracção de talento para todo o continente». E por isso o recrutamento e o employer branding são parte fundamental da actividade da CI&T em Portugal. Em entrevista, o Business Director for EMEA, Fernando Henrique Silva, partilha o que estão a fazer.

 

Estando em Portugal apenas desde o início de 2020, quais os vossos principais objectivos actualmente? Queremos ter em Portugal um hub tecnológico de ponta para apoiar os nossos clientes na EMEA [Europa, Oriente Médio e África]. O País funciona como o nosso centro de atracção de talento para todo o continente e desempenha um papel fundamental, consolidando a nossa presença aqui.

Outro dos grandes objectivos é ser uma das melhores empresas para trabalhar. A forma como trabalhamos torna-nos muito especiais e queremos agora partilhá-la com Portugal, demonstrando diferentes formas de abordar o trabalho, que desbloqueiam o verdadeiro potencial das pessoas.

 

Recrutamento & Employer Branding é uma parte fundamental da vossa actividade em Portugal. Que perfis é que procuram, para que actividades e que empresas mais os solicitam?
Temos neste momento vagas abertas para strategists, designers, developers, software architects e líderes a todos os níveis: scrum masters, program managers, project managers, etc. Estes são os perfis mais procurados pelos nossos clientes de startups, que são naturalmente mais empreendedores e “hands-on” do que os nossos clientes corporativos de maior dimensão.

É importante também mencionar que não estamos a recrutar apenas em Portugal; estamos a tentar atrair talento em toda a Europa para trabalhar a partir daqui. Procuramos perfis criativos e colaborativos, apaixonados por tecnologia e que provenham de diferentes culturas e backgrounds. Acreditamos que quanto mais diversa a equipa for, mais criativa e producente poderá ser, com muitas experiências diferentes a contribuir para um mesmo fim: o de servirmos os nossos clientes com a máxima excelência.

 

De que forma promovem a diversidade e inclusão?
Esta pergunta acontece no timing exacto. No final de Março, assinámos o compromisso público da ONU [Organização das Nações Unidas] para a capacitação das mulheres – Women’s Empowerment Principles –, formados por padrões internacionais de trabalho e direitos humanos, reconhecendo a participação e responsabilidade das empresas pela transformação do ambiente de trabalho, do mercado e da sociedade em relação ao tema.

Este compromisso junta-se a outras iniciativas que visam a construção de uma empresa com mais equidade de género. A diversidade traz mais inteligência e criatividade, sendo vital para o negócio.

 

Mas não se restringem à igualdade de género. Em que consiste o vosso programa “Diversity & Inclusion” (D&I)?
Na CI&T temos diversos grupos de afinidades voltados, por exemplo, para pessoas negras, com deficiência, mulheres e LGBTQIA+. Para guiar estes grupos, temos um ESG Board Committee que acompanha globalmente as iniciativas de Igualdade de Género, a Qualificação de Minorias e a Equidade Salarial, entre outros.

O nosso processo de contratação baseia-se nas premissas de D&I e, para que se concretize de ponta a ponta, desenvolvemos regularmente acções educativas que visam a formação e o aperfeiçoamento dos nossos colaboradores, de modo a tornar o nosso ambiente de trabalho cada vez mais diverso e inclusivo. Temos o grande desafio de conseguir que 50% dos nossos cargos de liderança a nível global sejam ocupados por mulheres até 2030.

 

Quais são os pilares em que assenta a actuação da CI&T?
Temos três pilares fundamentais – a CI&T Way –, uma tríade que direcciona os nossos valores, atitudes e comportamentos no dia-a-dia: Impacto, estratégia, focada no impacto, com design centrado no cliente e domínio técnico para entrega de projectos ponta a ponta; Pessoas, foco nas pessoas e suas experiências connosco, com a diversidade e a confiança como base para desbloquear o seu potencial; Aprendizagem, descentralizando o processo de tomada de decisão e fomentando o empreendedorismo e a autonomia para se adaptar e aprender rapidamente. Acreditamos que estes pilares dão estabilidade e segurança ao nosso trabalho e é também através deles que desenvolvemos as nossas equipas.

 

Têm alcançado as metas que têm traçado?
A pandemia atrasou os planos que tínhamos a nível global e Portugal não foi excepção. Apesar de tudo, cumprimos os objectivos estabelecido para 2020. E estamos bastante positivos em relação a 2021, apesar da incerteza que ainda paira. Estamos a adaptar os nossos planos muito rapidamente. Por exemplo, já não estamos a contratar apenas em Lisboa, mas sim em todo o país, permitindo que os novos colaboradores fiquem em regime totalmente remoto e se desloquem ao escritório apenas para eventos ou circunstâncias especiais.

 

Como estão próximo e atraem o talento que procuram?
Para contratar o melhor talento, temos de estar sempre atentos ao mercado, movendo-nos em várias frentes. Organizámos uma equipa verdadeiramente multifuncional para entrar em contacto com universidades e começar a falar aos estudantes do nosso ecossistema Agile.

Também estamos a começar a marcar presença em eventos, através de patrocínios, workshops ou talks, porque acreditamos que temos muito conteúdo que interessa partilhar, sendo este, de facto, um dos nossos principais objectivos para 2021.

Em paralelo, uma das nossas grandes apostas é a presença em feiras de emprego, encontros promovidos por universidades e outros eventos afins, que nos permitem contactar directamente com os nossos futuros colaboradores e encontrar os perfis certos para integrarem a nossa organização e crescerem connosco.

 

Querem apostar em hackathons. Será este um aspecto diferenciador da vossa empresa relativamente a outras que actuam no mercado?
Acredito que sim. Organizamos muitos hackathons no Brasil, na China e no Japão, e queremos começar a fazê-lo também aqui em Portugal. Ainda não sabemos como poderemos proceder em relação a este ponto, tendo em conta a situação de pandemia, mas estamos a trabalhar nisso.

No geral, consideramos que estes eventos são uma óptima oportunidade para contribuir para o progresso do sector tecnológico e também para a sociedade em geral, pois promovem a transformação digital, encorajam as pessoas a envolver-se mais no ambiente tecnológico e lançam até alguns desafios sociais. Também reforça a nossa posição enquanto empregador atractivo, pois, naturalmente, as pessoas querem trabalhar em empresas que tenham um impacto positivo na sociedade.

 

A formação também é uma aposta vossa. Em que consiste e a quem se destina o programa UpSkill?
O programa UpSkill é um projecto financiado pelo governo português, que tem como objectivo qualificar os profissionais nacionais na área das Tecnologias Digitais. Consiste numa formação intensiva de seis meses em várias áreas das TI, seguido por três meses de estágio em empresas – que é precisamente a fase na qual nos inserimos, tendo-nos associado ao projecto para receber alguns perfis.

No entanto, consideramos que este programa faz parte de um plano muito maior para o país, para reeducar e recapacitar o mercado e dotá-lo das capacidades mais avançadas nas áreas tecnológicas. Este foi um dos primeiros motivos pelos quais quisemos juntar-nos a ele: ajudar a sociedade portuguesa a avançar e a digitalizar-se a longo prazo. Queremos ver Portugal a tornar-se num hub tecnológico indispensável ao resto da Europa, é por isso que estamos aqui.

Outro ponto importante prende-se de novo com a diversidade: contar com perfis diversificados e com “bagagens” diferentes traz-nos muito mais valor. Integrar pessoas que não pertenciam ao mundo tecnológico vai dar-nos a oportunidade de obter novas visões, novas perspectivas sobre os problemas e desafios, e descobrir soluções diferentes que poderíamos não ter visto de outra forma. Vamos tentar integrar pelo menos três colaboradores através do UpSkill, e mesmo durante o estágio esperamos envolvê-los na nossa cultura, proporcionando-lhes todo o onboarding, apoio, formação, etc.

 

Quais são os desafios que perspectivam para o futuro?
Actualmente debate-se o que será o novo espaço de trabalho no pós-pandemia. Uma vez que o nosso vector central são as pessoas, acredito que o desafio de manter o sentimento de pertença, envolvimento e propósito na empresa, mesmo de forma remota, deve e será cada vez mais aprimorado.

Na CI&T já temos uma política remota bastante estruturada, pois antes da pandemia já trabalhávamos com equipas remotas, por isso não fomos tão impactados por este novo movimento. Mas, sem dúvida, este será um desafio que todas as empresas vão ter de enfrentar, e, na minha opinião, aquelas que se dedicarem genuinamente a criar um espaço de trabalho mais humano serão as que se vão destacar no mercado, tanto em termos de atractividade como de sucesso.

 

Este artigo faz parte do Especial “Employer Branding”, publicado na edição de Abril (n.º 124) da Human Resources, nas bancas.

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