Fidelidade: «Continuar a investir numa mentalidade de aprendizagem contínua»

A digitalização tem sido uma alavanca do processo de transformação estratégica da Fidelidade, quer na vertente operacional de automatização e digitalização de processos, quer na vertente de negócio, com uma cada vez maior aposta em canais digitais (web, apps) para o cliente.

 

De acordo com Frederico Contreiras, Talent & Development Manager da Fidelidade, a seguradora já apostava na capacitação digital das suas pessoas mesmo antes do contexto pandémico: «Com a necessidade de ter as nossas pessoas a trabalhar a partir de casa, tornou-se ainda mais premente a necessidade de as capacitar na utilização de ferramentas tecnológicas e de conseguirem ser produtivas e eficazes num ambiente remoto e assente em comunicação digital». Nesse sentido, a academia Wevolution lançou, em conjunto com a Direcção de Informática, um programa de formação transversal de capacitação em Office 365, incidindo nas novas funcionalidades de trabalho colaborativo (Teams, Sharepoint e One Drive). Em entrevista à Human Resources Portugal, Frederico Conteiras explica as diferentes dimensões da estratégia de formação da Fidelidade.

 

Quais as grandes áreas de formação disponíveis no Wevolution Fidelidade?
A Academia Wevolution Fidelidade assenta a sua oferta formativa em seis pilares de aprendizagem. Começando pelo Onboarding, é um tema onde reunimos formações que permitem a quem se junta à organização conhecer a casa, a sua organização e cultura, o seu negócio e ferramentas indispensáveis ao seu dia-a-dia de trabalho. Ajudar os nossos líderes a navegar num contexto mais ambíguo e desafiante, e ao mesmo tempo a terem mais ferramentas para apoiarem e desenvolverem as suas pessoas, são áreas de foco do tema Liderança, através da oferta de programas dirigidos aos nossos Managers e Team Leaders. O Saber Fazer, tema que se preocupa com a retenção e partilha do conhecimento técnico da organização, potencia programas que valorizam a experiência dos nossos colaboradores e a colocam ao serviço de todos. Parte do ADN da Fidelidade, também no Wevolution temos um tema de Foco no Cliente onde, em parceria com as áreas comerciais, promovemos programas para melhorar a forma como todos implementamos uma cultura de serviço e atenção ao cliente em tudo o que fazemos. O tema Inovação tem igualmente um papel de destaque na oferta de aprendizagem, capacitando as nossas pessoas para implementarem a transformação na organização através de formas de trabalhar mais ágeis e digitais. Por último, mas não menos importante, o tema Cultura e Desenvolvimento Pessoal visa apoiar as nossas pessoas no desenvolvimento de características pessoais e apoiá-las a melhor enfrentarem os desafios de tempos cada vez mais desafiantes.

 

De que forma são endereçadas estas formações? São escolhidas pelos colaboradores ou fazem parte dos seus planos de carreira?
O plano de formação é definido numa base bi-anual, com base nos pilares estratégicos da organização e visa oferecer programas de formação que capacitem as nossas pessoas nas competências necessárias para fazer acontecer a transformação da Fidelidade. Para os seis grandes temas de aprendizagem (Onboarding, Liderança, Foco no Cliente, Saber Fazer, Inovação e Cultura e Desenvolvimento Pessoal) o Wevolution tem uma oferta disponível a todos (cursos, programas, conteúdos rápidos de aprendizagem), que podem ser acedidos via digital de acordo com a disponibilidade das nossas pessoas. Em paralelo, são desenhados e implementados programas de formação direccionados a públicos-alvo específicos e segmentados por áreas funcionais ou grupos organizacionais que visam dar reposta a necessidades mais especificas identificadas no processo anual de levantamento de necessidade de formação. De forma complementar, existe também a necessidade de incorporar na oferta necessidades especificas que são identificadas a nível individual no modelo de gestão de Talento, aquando da construção dos planos de desenvolvimento individuais das nossas pessoas.

 

O Wevolution foi lançado há mais de um ano, já em contexto de pandemia. Que impacto teve a situação que vivemos na aposta da Fidelidade na área da formação?
Neste novo normal, sentimos necessidade de reforçar a capacidade de todos conseguirem trabalhar de forma eficiente num novo paradigma de trabalho à distância. Numa primeira fase da pandemia lançámos um programa transversal à organização chamado We are in Touch para que, mesmo à distância, nos mantivéssemos em contacto com as nossas pessoas. Lançámos, durante seis semanas, pacotes de conteúdos digitais (e-learnings, vídeos, artigos, podcasts, webinars) sobre trabalho remoto, produtividade no novo contexto, liderança remota e conteúdos para promover o bem-estar como aulas de ginástica, yoga e meditação. Numa segunda fase, no final do ano passado, reforçámos a oferta com um conjunto de webinars que apoiam as nossas pessoas a conseguirem conciliar num mesmo espaço dinâmicas de trabalho e familiares e, para os nossos líderes, lançámos também programas e conteúdos para os apoiar a gerir as suas equipas de forma remota.

 

Quais os desafios, na área de formação, dos novos modelos híbridos entre presencial e virtual?
Os modelos híbridos de formação já apresentavam benefícios muito interessantes, antes do contexto pandémico existente. O que a pandemia veio trazer foi acelerar a adopção dos formatos digitais e virtuais no contexto da oferta de formação. Na Fidelidade, em Março de 2020 tivemos de transitar a 100% a oferta de formação para os formatos digitais. O que verificámos de lá para cá foi uma cada vez maior aceitação e satisfação com estes formatos. A apreensão de conhecimento e a experiência formativa, embora diferentes, continuaram a ser eficazes, ganhando-se benefícios de alargamento de públicos, eliminando constrangimentos físicos como disponibilidade de salas ou distancia geográfica. Existem temas, nomeadamente os associados ao desenvolvimento de competências comportamentais em que o formato presencial continua a ganhar pontos face ao digital. O modelo ideal será aquele em que se consigam conciliar os formatos, aproveitando a maior aceitação que o digital ganhou, às vantagens de interacção do presencial. Será necessário que todos continuem a investir em tecnologias e formatos que potenciem estes modelos híbridos de aprendizagem, já que o espectável é o que contexto de trabalho vá também ele ser híbrido, com equipas em trabalho presencial e virtual.

 

Além das questões relacionadas com a pandemia, que outros desafios tem a Fidelidade no que diz respeito aos seus programas de formação?
O pós-pandemia vai trazer novos desafios às organizações e à forma como trabalhamos. Há mudanças, mesmo que forçadas pela pandemia, que vieram para ficar. Modelos híbridos de trabalho serão (e já o são) uma realidade amplamente transversal. Existe um enorme desafio na gestão destas equipas, mantendo a sua coesão, motivação, comunicação e alinhamento. É, claro, um desafio dos líderes, mas também de todos os membros das equipas que têm de aprender novas formas de trabalhar e comunicar. A capacitação tecnológica é uma base indispensável, para fornecer ferramentas de trabalho neste novo contexto. Mas todo o apoio sobre como organizar o tempo, tarefas e execução do trabalho neste novo contexto de equipas é igualmente fundamental. Por isso temos investido em dar formação às nossas lideranças e equipas em como trabalhar de forma remota.

 

De que forma os colaboradores têm reagido, quer a estes novos modelos, quer à própria oferta de formação?
Um dos quatro valores do Grupo Fidelidade é a Superação. E este valor tem sido vivido de forma exemplar pelas nossas pessoas, que têm conseguido adaptar-se e continuar a entregar resultados para que a vida não pare. A adaptação e a satisfação com os novos modelos de trabalho dependem, claro, das situações especificas que cada um tem para dar resposta num novo contexto de trabalho “casa-escritório”. Para uns significou criar novas rotinas e até ganhar o tempo de deslocações para investir em actividades desportivas ou outras. Para outros a dificuldade de conseguir gerir as suas actividades sem o contacto presencial com as equipas. Por parte da Fidelidade houve, desde o início, a preocupação de fornecer as ferramentas necessárias para que as nossas pessoas conseguissem continuar com as suas actividades da melhor forma, mesmo desde casa. A aposta numa comunicação frequente e oferta de conteúdos que as ajudassem a organizar-se neste novo contexto foi igualmente uma prioridade com a disponibilização de programas e conteúdos direccionados ao trabalho remoto ao longo destes últimos meses. A aceitação e as taxas de satisfação observadas foram muito positivas, reforçando a confiança para continuar a apostar nestes formatos.

 

Como é que as diferentes áreas da Fidelidade contribuem para estas formações com conteúdos, programas e iniciativas?
Um dos temas centrais da Academia Wevolution é o tema Saber Fazer. Neste pilar de aprendizagem queremos promover a retenção e partilha do conhecimento técnico da Fidelidade. Um dos principais programas que está a ser desenvolvido neste pilar de aprendizagem é o programa “Protectores do Conhecimento”, que estamos a desenvolver em parceria com a Universidade Nova. No âmbito deste programa estamos a mapear o conhecimento técnico mais critico nas diferentes áreas da Fidelidade e, em conjunto com elas, construir conteúdos e programas formativos que constituirão um catálogo formativo para dinamizar o nosso conhecimento na organização. Em paralelo à identificação do conhecimento critico nas áreas, estamos igualmente a identificar as pessoas que o detém e a integrá-las num programa que valoriza a sua experiência e as dota de competências de comunicação para poderem dinamizar a partilha de conhecimento na organização.

 

Em termos globais, como se caracteriza a aposta da Fidelidade em formação?
A aposta em formação faz parte da estratégia central da Fidelidade e prova disso foi o investimento na criação da academia Wevolution. O objectivo central é o de promover uma mentalidade de aprendizagem continua nas nossas pessoas, que potencie o desenvolvimento continuado de competências, ajudando-as a estarem sempre preparadas para os desafios que enfrentam. Para isso, o ecossistema da academia Wevolution assenta em três plataformas digitais de aprendizagem onde as nossas pessoas podem construir percursos de aprendizagem adaptados às suas necessidades.

 

A aprendizagem ao longo da vida é um conceito que faz ainda mais sentido agora?
A aprendizagem contínua é um conceito base na constituição da academia Wevolution. Se houve algo que a pandemia veio, uma vez mais, demonstrar, é a imprevisibilidade do futuro. Para isso, ter uma mente aberta, disponível para aprender constantemente é um factor de sucesso agora e no futuro. A academia foi construída com base neste princípio, apostando, desde o início em plataformas e conteúdos que potenciam a aprendizagem de forma dinâmica e flexível.

 

Quais as tendências de futuro, em matéria de formação, no pós-pandemia?
A formação deverá continuar a conseguir adaptar-se aos novos contextos e ser ela própria um factor de preparação e, se possível, de antecipação a novas necessidades. As novas formas de trabalho que vieram para ficar irão continuar a exigir por parte da formação capacidade de resposta para que todos se consigam adaptar aos novos modelos de trabalho. Continuar a investir numa mentalidade de aprendizagem contínua, disponibilizando meios e conteúdos para que esta cultura continue a desenvolver-se será um desafio constante. Capacitar em novas tecnologias e promover novas formas de colaboração são outros eixos fulcrais para assegurar uma formação adequada com as exigências do futuro.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Formação”, publicado na edição de Junho (n.º 126) da Human Resources, nas bancas.

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