Flash Talk: Um caso da Banca na Era Digital
Como pode o sector da Banca formar os colaboradores para o tsunami digital e adaptar-se a novos paradigmas? O Banco Best tem a formação, que procura responder a estas questões.
Por Diana Pedro Tavares
Paulo Bessa Santos é responsável de Recursos Humanos no Banco Best desde 2004, mas também formador sénior para as equipas do mesmo. Em entrevista à Human Resources Portugal, explica como a organização está a preparar os colaboradores para a “revolução digital”, através da formação, e como visualiza a banca do futuro.
O Banco Best assume uma abordagem inovadora ao nível da gestão de talento e de recursos humanos, dando importância à digitalização da sociedade. Como é que isto se concretiza?
A inovação faz parte do nosso ADN. Novos desafios são uma constante no Banco. Por exemplo, a nossa área comercial é composta por duas equipas. Uma mais tradicional em termos de banca e outra mais inovadora em que o colaborador não tem horário certo, nem obrigatoriedade de vir todos os dias.
Como estão a preparar os colaboradores para uma realidade mais digital?
A “revolução digital” não é um “corpo estranho”, é algo com que nos identificamos desde o nascimento do banco. Quem vem trabalhar connosco partilha, na maioria, a nossa visão sobre a banca do futuro, tornando mais fácil o desenvolvimento de uma cultura de banca responsável, inovadora, digital mas também, ao mesmo tempo, humana. A formação é essencial.
Fazem uma forte aposta da formação, inicial e contínua, e no desenvolvimento pessoal. Quais os principais conteúdos e metodologias em que têm apostado?
De início, temos um programa de formação a que damos o nome de “Best Welcome Training”. Este programa é constituído por dois grandes módulos de três dias de formação em sala cada, espaçados por cerca de cinco semanas entre os dois. Neste intervalo o colaborador vai estar no posto de trabalho a ter formação “on-the-job”.
O primeiro módulo versa essencialmente sobre a cultura e organização do banco, soft skills pessoais e uma primeira abordagem sobre a oferta. No segundo módulo é dada a operativa do banco.
Têm também workshops em áreas de interesse para os colaboradores. Que áreas são estas e como tem ajudado o vosso negócio?
São áreas como, por exemplo, coaching, técnicas de comunicação, linguagem não verbal, programação neurolinguística, planeamento e condução de reuniões, técnicas de negociação, e inteligência emocional.
São workshops muito bem recebidos pelos colaboradores e que aumentam as suas competências, quer no relacionamento inter e intra equipas, quer no relacionamento com os clientes.
Promovem ainda planos individuais. Quais as mais-valias deste tipo de formação?
Os colaboradores do Best, se demonstrarem interesse, podem ter acesso a sessões individuais de coaching. As mais valias são enormes. Cada pessoa é um ser único e diferente de todos os outros, lidando com os desafios à sua maneira. O coaching é uma excelente ferramenta para cada um encontrar em si mesmo as respostas a esses mesmos desafios.
Em que outras formas de retenção de colaboradores têm apostado?
Posso dar um exemplo concreto. Nas várias formações que desenvolvemos, temos encontrado colaboradores com especiais competências em áreas de interesse para futuras acções de formação e desafiamo-los para serem eles próprios a desenvolver essas novas formações, apoiando-os, por exemplo, na obtenção do CCP – Certificado de Competências Pedagógicas.
No que respeita ao talento, não só retenção mas também atracção, quais diria que são os maiores desafios do sector da banca?
Ainda não há muitos anos, quem perguntasse a finalistas dos cursos de Economia, Contabilidade ou Gestão qual o local onde gostariam de trabalhar, a maioria respondia que seria num banco, ou numa consultora. Hoje em dia, isso já não acontece. A atractividade da banca já não é a mesma, fruto de vários factores, entre os quais toda a crise por que a banca tem passado nos últimos tempos. Esta tem de se tornar mais apelativa para atrair mais talentos.
Que tendências perspectiva nesta área?
A banca mudou. Vejamos o exemplo dos grandes bancos tradicionais, em que o número de agências e de colaboradores tem sofrido grandes cortes. Na minha opinião, a tendência para o futuro está na existência de bancos mais pequenos, mais ágeis, com uma oferta diferente e independente, em que o cliente poderá fazer a maior parte das operações através dos canais electrónicos (apps, sites, telefone).
E no Banco Best, em concreto, que objectivos pretende alcançar, a curto-médio prazo, não só nesta área do digital, mas na Gestão de Pessoas, em geral?
Queremos ter as melhores pessoas a trabalhar connosco, entendendo como “melhores pessoas” aqueles que aliam excelentes conhecimentos técnicos com excelentes “skills” pessoais e de trabalho em equipa.
Perfil:
Paulo Bessa Santos é portuense e possui um MBA com especialização em Recursos Humanos, e é coach e coach trainer com certificação internacional pela International School of Professional Coaching (ISPC). Trabalha na área de Recursos Humanos há 27 anos e integrou os quadros do BES em 1991.
Ao longo da carreira, já foi orador convidado para vários seminários e workshops relacionados com os Recursos Humanos e o Coaching Micro Expressions Partictitioner com Certificação Internacional pelo Center for Body Language.
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