Flash Talk: «Prevê-se a criação de 13 500 empregos.»

Com um investimento previsto de mais de 1.500 milhões de euros, a construção do Sistema Electroprodutor do Tâmega rege-se pelo preceito da criação de emprego local e do desenvolvimento socio-económico da região Norte.

 

Por Ana Leonor Martins

 

A construção do Sistema Electroprodutor do Tâmega teve início em 2014 e está prevista terminar em 2023. Trata-se, segundo a Iberdrola – responsável pela sua construção e exploração –  de uma das maiores iniciativas da história de Portugal no sector da energia hidroeléctrica, sendo um dos maiores projectos hidroeléctricos levados a cabo na Europa, nos últimos 25 anos. Conta com um investimento de 1 500 milhões de euros e prevê a dinamização da economia da Região Norte, nas áreas envolvidas, devido ao impulso à actividade económica provocada pelas obras.

 

De que forma é que o Sistema Electroprodutor do Tâmega é inovador?

O Sistema Electroprodutor do Tâmega prevê a construção de três aproveitamentos hidroeléctricos na região do Alto Tâmega: Gouvães (bombagem), Daivões (turbinação) e Alto Tâmega (turbinação). Desta forma, o sistema de bombagem é a tecnologia, actual, mais eficiente de armazenamento de energia, visto que permite gerar grande quantidade de energia com um tempo de resposta muito rápido e sem gerar nenhum poluente – emissão de CO2 para a atmosfera.

Integra um sistema de bombagem, sendo ainda fundamental como backup e suporte a outras energias renováveis. Contribuindo para a estabilidade, segurança e qualidade do fornecimento, permitindo uma moderação dos preços quando estes são elevados permite, ainda, reduzir os custos dos serviços complementares. Neste contexto, o sistema de bombagem pressupõe uma salvaguarda para o sistema eléctrico, que permite armazenar energia numa albufeira superior (Gouvães) através de enchimento, por bombagem de água de uma albufeira inferior (Daivões). Esta água é então usada para produzir energia elétrica ao ser turbinada para a albufeira inferior (Daivões).

Com que parcerias contam?

A construção do Sistema Electroprodutor do Tâmega é regida pelo preceito da criação de emprego local e do desenvolvimento socio-económico da região Norte. Foi neste sentido que a Iberdrola assumiu o compromisso de privilegiar nas suas contratações o mercado laboral local, promovendo, desta forma, empregos e oportunidades que contribuem para a dinamização socio-económica da comunidade local e das empresas parceiras. De salientar que actualmente trabalham na obra do Sistema Eletroprodutor do Tâmega mais de 1000 pessoas. No que diz respeito aos parceiros da Iberdrola envolvidos no projecto fazem parte parceiros como, por exemplo, Mota-Engil, MSF Engenharia e Efacec, entre outros. Até ao momento mais de 70 empresas portuguesas participam no projecto. Actualmente, conta ainda com mais de 15 empresas locais de diversos sectores/ serviços.

Qual a importância que o projecto assume para o país, quer a nível económico, quer social, quer ambiental?

Para além da dinamização da economia da Região Norte, nas áreas mais envolvidas no projecto, devido ao impulso à actividade económica provocada pelas obras, a Iberdrola prevê a criação de 13 500 empregos, de forma directa e indirecta.

A nível social, a Iberdrola tem protocolado, com as Câmaras Municipais da região, um conjunto de acções que visam melhorias significativas na qualidade de vida da população de Vila Pouca de Aguiar, Ribeira da Pena, Boticas, Chaves, Cabeceiras de Basto, Montalegre e Valpaços, no valor de 50 milhões de euros. A Iberdrola prevê também apoiar a organização de eventos de cariz social e cultural, nomeadamente nas festas regionais, feiras artesanais, espectáculos de música, atividades ao ar livre, entre outras, nos municípios mais envolvidos no projecto.

No que diz respeito ao âmbito ambiental, o projecto contribuirá para a redução da dependência energética nacional e para a redução das emissões de gases promotores de efeito estufa, que ocorre na produção de energia por queima de recursos fósseis. O seu impacto manifesta-se no aumento da relevância da componente das fontes renováveis para a diversificação das fontes de energia, e com a garantia de abastecimento, evitando a importação de mais de 160 000 toneladas de petróleo por ano e a emissão de mais de 1,2 milhão de toneladas de CO2 por ano.

Em relação aos mais de 13 mil empregos que prevêem criar durante o período da obra, quantos foram criados até à data?

Actualmente, já foram criados cerca de três mil postos de trabalho, directos e indirectos

Por que áreas e funções se vão distribuir esses empregos?

Os cerca de 3 500 empregos directos criados correspondem a postos de trabalho com envolvimento directo na obra, incluindo-se aqui numerosas empresas de engenharia e serviços, especializadas em diversas áreas, como arqueologia, segurança e saúde, meio ambiente, entre outras.

Qual o impacto que esta criação de emprego terá, nomeadamente na região Norte?

A área onde está a ser desenvolvido o Sistema Electroprodutor do Tâmega é uma zona com elevado índice de despovoamento, com características de uma população maioritariamente envelhecida. É precisamente para contrariar e melhorar esta situação, que a aposta da Iberdrola por empresas nacionais e locais, bem como a criação de emprego, impulsionada pela construção do projecto, irá permitir a fixação de jovens que poderão manter-se na região, evitando assim, a procura de trabalho fora do país.

Como vão ser geridas as pessoas num projecto desta dimensão?

Em projectos desta envergadura, a Iberdrola opta por criar parcerias estratégicas com empresas de serviços especializados e com uma alargada experiência em projectos hidroeléctricos – áreas de fiscalização de construção, engenharia, arqueologia, entre outros.

Quais são as prioridades ao nível da gestão de Recursos Humanos?

A nível da gestão de Recursos Humanos, a Iberdrola assumiu o compromisso de privilegiar nas suas contratações o mercado laboral local, promovendo, desta forma, empregos e oportunidades que contribuem para a dinamização socio-económica da comunidade local e das empresas parceiras. Portanto, como já referido, um dos requisitos de adjudicação de qualquer trabalho ou serviço é a quantidade de mão-de-obra local que será contratada. E esse é um processo que é sempre monitorizado.

Qual o perfil-tipo dos colaboradores que procuram?

Existe uma vasta variedade de perfis que geralmente se procuram para um projecto desta magnitude para que possa, de alguma forma, cobrir uma grande quantidade de especificidades e características. Em termos gerais, a Iberdrola, e as empresas de serviços com as quais cria parcerias, com instruções para que dêem primazia a profissionais/ outros parceiros locais, procuram pessoas com uma vasta experiência e know-how em trabalhos semelhantes ao projecto do Sistema Electroprodutor do Tâmega.

O problema da emissão de gases poluentes e da escassez de recursos é cada vez mais premente. Como acredita que iremos evoluir neste âmbito?

O futuro imediato é caracterizado pelo forte crescimento da demanda global de energia, que deve ser fornecida através de tecnologias limpas e eficientes, de modo a respeitar os compromissos globais de redução de emissões. O sector eléctrico tem um enorme potencial tecnológico para contribuir para a descarbonização da economia através das energias renováveis.

Qual o estado evolutivo de Portugal, comparando com outros países, nomeadamente da Europa?

Portugal está na linha da frente no que toca à aposta em energias renováveis, tendo alcançado resultados notáveis nos últimos anos. É, actualmente, um dos países da Europa com maior consumo de energias renováveis.

Isto facilmente é comprovado com o facto de que em Portugal, no ano de 2016, as energias renováveis representaram 57% da energia eléctrica produzida. Ao nível do consumo, 27% diz respeito a energias de origem renovável.

De salientar que, de facto, a importância que as energias renováveis têm em Portugal tem crescido bastante de ano para ano. Veja-se que, em 2016, por um período de 107 horas, Portugal funcionou apenas à base de energia solar, hídrica e eólica.

O que está na génese da construção do Sistema Electroprodutor do Tâmega?

O Sistema Electroprodutor do Tâmega representa mais de 50% do objectivo do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH), uma iniciativa do governo português, aprovada em 2007, que visa impulsionar os objectivos de Portugal estabelecidos para a produção de energia com origem em fontes renováveis. Foi neste sentido que o Estado português lançou um concurso público, em Abril de 2008, para o qual a Iberdrola conseguiu a concessão para a construção e exploração de um dos aproveitamentos: o Sistema Electroprodutor do Tâmega. Para além disso, o projecto contará com uma potência instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1.760 gigawatts hora (GWh), que proporcionará mais de 6% da potência instalada no país.

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