Formação do futuro: são estas as quatro premissas base

A Cegoc parte de quatro convicções de como será a formação no futuro. E foi com base nelas que definiu os pilares estratégicos da sua actividade.

 

A actividade da Cegoc assenta essencialmente na concepção e entrega de projectos de transformação da cultura organizacional e Talent Development que «visam, sobretudo, ajudar as pessoas a melhorar efectivamente a sua performance», destaca Ricardo Martins, director-geral da Cegoc, em entrevista à Human Resources.

 

Quais são os pilares estratégicos em que assenta hoje a vossa actividade?
Partimos de quatro convicções de como será a formação no futuro para definir os nossos pilares estratégicos. A primeira é que, para mudar a maneira de trabalhar, a formação tem de se estender por um período mais alargado de tempo. Com as ferramentas digitais podemos preparar um percurso com actividades distribuídas por um período de tempo de quatro a oito semanas, e com isso criar novos hábitos que gerem efectiva mudança e ajudem as pessoas a adoptar novos hábitos.

A segunda convicção é a de que as ferramentas digitais permitem a personalização dos percursos formativos. No modelo presencial mais tradicional, o conteúdo é necessariamente o mesmo para todos os participantes em sala, mas com as plataformas LMS actuais podemos personalizar cada percurso de aprendizagem com base na informação que temos sobre os formandos, e assim ajustar a formação às necessidades específicas de cada participante com eficiência.

A terceira convicção é que aprendemos melhor sempre que integramos emoções na experiência de aprendizagem. À frente de um ecrã podemos aprender, mas não aprendemos tão bem como quando há interacção humana. Daí que também seja estratégico para nós salvaguardar percursos que integrem iterações “high tech” com momentos “high touch”. Assumimos por isso que um dos nossos pilares estratégicos é conseguir entregar uma experiência de aprendizagem “high tech”, “high touch” e “high value” a cada participante.

A quarta convicção é que aprendemos enquanto trabalhamos. Já não faz sentido separar estas duas realidades em compartimentos estanques. As ferramentas digitais permitem conjugar estas duas realidades ao mesmo tempo e, por isso, assumimos o referencial 70:20:10 como o derradeiro pilar estratégico para podermos passar de um grupo que, no passado, “se limitava” a formar pessoas para uma organização cuja proposta de valor consiste em ajudar as pessoas a melhorar efectivamente a sua performance, alterando a sua forma de aprender e trabalhar.

 

A pandemia veio alterar de alguma forma os vossos objectivos?
Antes pelo contrário. Este surto pandémico veio reforçar a nossa convicção, e hoje creio também que a de muita gente, até aqui profundamente céptica, de que o caminho a trilhar tem de ser este. De certo modo, os últimos três meses ficarão também na história como a maior experiência colectiva de aprendizagem online alguma vez realizada, e aconteceu, curiosamente, num contexto que muitos considerariam adverso à aquisição de novas competências.

 

Quais é que são as vossas prioridades para 2020?
Uma das prioridades é assegurar as condições necessárias para, salvaguardando a segurança de todos, retomar a nossa actividade presencial. Continuaremos a apostar na criação e divulgação de novas iniciativas e soluções de aprendizagem 100% online, como foram os casos da plataforma Agora Nós, a oferta pro bono de sessões de aconselhamento à integração de novas práticas de remote working para responsáveis de Gestão de Pessoas, ao qual juntamos também uma nova oferta de percursos certificantes online em Coaching e Team Coaching, um reforço dos programas de certificação online em idiomas e, em breve,
lançaremos de uma nova colecção de aulas virtuais, que denominaremos Learning Bites.

 

Quais as competências que consideram fundamentais para os profissionais, no novo mundo do trabalho?
A aceleração do progresso tecnológico e social está a colocar-nos à prova, exigindo-nos um novo conjunto de competências transversais, absolutamente críticas para navegarmos na Economia 4.0. A par da necessidade de integrar a aquisição de competências eminentemente técnicas – hard skills – e conhecimentos especializados inerentes a cada área de negócio, destaco sete soft skills que são já muito procuradas por recrutadores em todo o mundo: colaboração remota, comunicação digital, agilidade e adaptabilidade, criatividade e sentido de inovação, espírito de iniciativa e empreendedorismo, organização eficaz do trabalho e capacidade de (re)aprender a aprender.

 

Quais são os principais desafios que se colocam hoje à vossa actividade?
Esta é uma crise que impacta a economia real e que obrigará a alterações profundas no modelo de negócio e modus operandi da maioria das empresas e colaboradores. Isto obrigará a um esforço de adaptação e reaprendizagem extremo, num contexto de ainda maior aceleração tecnológica do que a que vivemos até aqui. É fundamental que, tanto a Cegoc como os demais operadores deste sector, sejam capazes de incorporar e acompanhar esta nova realidade à luz de uma ambiguidade económica e incerteza de mercados que aparentemente veio para ficar.

 

Esta entrevista faz parte do Caderno Especial “Formação”, publicado na edição de Junho (n.º 114) da Human Resources, nas bancas.

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