Fuga em massa do X. Se também quer sair, mas não quer perder o conetúdo, saiba que pode transitá-lo para outra rede social (que está a ganhar milhões de adeptos)
Nas últimas semanas, à medida que Elon Musk foi conquistando um papel central na administração Trump, muitas pessoas começaram a sair do X. Mais de um quarto de milhão de utilizadores apagaram as suas contas após o dia das eleições – e mais de um milhão de pessoas aderiram ao concorrente Bluesky, revela o Business Insider.
Não é a primeira migração em massa do site anteriormente conhecido como Twitter. Mas agora inclui muitos líderes de opinião de elite. «Tivemos muitos escritores, políticos, artistas. E muitas Swifties», diz Emily Liu, engenheira de software e porta-voz da Bluesky.
Acontece que nenhuma das redes sociais tornou fácil – ou sequer possível – migrar o seu conteúdo antigo para um novo perfil. Mesmo a Bluesky, fundada em parte na ideia de que o conteúdo do utilizador lhe pertence e não à empresa, não disponibiliza este serviço.
É aqui que entram Nicolas Castellani e Amos da Silva Bezerra. Estão no mercado há apenas um mês, mas já ajudaram milhares de pessoas a migrar os seus tweets antigos do X para o Bluesky – um milhão de posts, representando 2 terabytes de mensagens.
Castellani, engenheiro de software, e Bezerra, estudante de comunicação, tiveram a ideia em Setembro, quando o X foi brevemente proibido no Brasil. O casal tinha narrado o seu romance na plataforma e não queria perder essas memórias quando se mudassem para o Bluesky. Assim, descobriram uma forma de copiar as contas X e exportar os tweets para a rede social rival. Graças à tecnologia aberta do Bluesky, os tweets manteriam os seus carimbos de data originais – mesmo que fossem anteriores ao seu lançamento em 2022.
A avalanche de utilizadores que abandonou o Twitter após Musk ter comprado a empresa abriu a porta para rivais como Bluesky, Mastodon e Threads (Meta).
A Bluesky criou um experiência divertida e amigável, com uma interface semelhante ao Twitter, é fácil moldar a experiência para reflectir as necessidades e preferências do utilizador (ao contrário do X), e prometeu nunca usar as publicações dos utilizadores para treinar bots de IA. Nos últimos três meses, o Bluesky atingiu os 13 milhões de utilizadores e é agora a rede social número 1 em muitas app stores.
Agora, com a aproximação de Musk e Donald Trump, Bezerra e Castellani estão a aproveitar o momento com a BlueArk, empresa que fundaram recentemente. A procura é tanta que, devido à acumulação de pedidos, as portabilidades estão a demorar quase duas semanas.
Para muitos a espera vale a pena. David Shiffman, biólogo marinho e “utilizador avançado” no Twitter antes de se transformar numa espécie de «fossa de intolerância, pseudociência e teorias da conspiração», usou o BlueArk para transferir os seus 300 mil tweets para o Bluesky. «É como um barco salva-vidas que me permite carregar alguns dos meus bens mais preciosos para fora do navio que está a afundar.»
O processo em si é fácil. O site BlueArk solicita a conta e palavra-passe Bluesky, além do ID do Twitter. De seguida, a equipa verifica a identidade nos dois locais e depois procede à transferência do tweets. Todo este serviço tem um custo, claro.
Do ponto de vista técnico, isto só é possível devido à tecnologia aberta da Bluesky. Segundo a empresa, o seu “Protocolo AT” foi concebido para “portabilidade de conta” no futuro. «Sabemos que muitas pessoas estão a importar as suas publicações antigas e estamos entusiasmados com isso», realça Liu.
Os programadores do Bluesky também estão à procura de formas pelas quais as pessoas possam tentar “fazer batota”, “re-datando” um tweet antigo para criar informação falsa. Para corrigir isto – e minimizar o potencial de adulteração de tweets antigos – a Bluesky está a planear sinalizar publicações que são movidas de outras plataformas. «Estamos prestes a lançar uma actualização para mostrar publicações antigas importadas com um tag de arquivo», diz Liu.
Para muitos o processo não termina por aqui. Muitos utilizadores que estão a fugir do X estão a configurar o processo de “eliminação de todo o arquivo” automaticamente, para garantir que as suas palavras não são propriedade da empresa.