Ganha cerca de mil euros? Saiba quanto perdeu em poder de compra nos últimos 20 anos (é impressionante)

De acordo com declarações do economista João Cerejeira ao Dinheiro Vivo, «para comprar o mesmo que se comprava em 2002 com um salário de mil euros, seria necessário hoje um salário de 1422 euros», ou seja, mais 42%. 

 

Nestes vinte anos, os salários pouco subiram e muitos congelaram, principalmente no período da troika. A grande excepção foi o salário mínimo nacional, que duplicou. No ano passado, 56% dos trabalhadores recebiam um salário inferior a 1000 euros. Nos mais jovens, a percentagem era de 65%.

Para o professor da Universidade do Minho, a perda de poder de compra justifica-se pelo «fraco crescimento da economia portuguesa que vai desde 2000 até à pandemia». São 20 anos «de crescimento muito lento», em que «o emprego aumenta, mas o valor gerado por trabalhador sobe muito pouco. E isso está associado a um crescimento muito lento dos salários.»

A publicação revela que o crescimento quase anémico da economia portuguesa deve-se ao seu padrão de especialização, que se caracteriza pela «presença muito forte no conjunto da actividade económica de ramos com baixa produtividade».

A realidade é que «75% do emprego em Portugal está em ramos com produtividade igual ou inferior a 90% da produtividade média, alguns até bastante inferior». E desse volume de emprego, 22% concentra-se no comércio, alojamento e restauração; 17% em actividades administrativas e de apoio (serviços); 8,4% nos ramos industriais menos produtivos; e 5% na agricultura.

José Reis lembra que a economia do país bateu no fundo em 2013, mas conseguiu recuperar o emprego. Embora de níveis salariais baixos. Até 2019, foram «criados 520 mil postos de trabalho, mas 314 mil foram nestes ramos de baixa produtividade», sublinha. Na sua opinião, o país «desindustrializou-se mal e terciarizou-se através de ramos de baixa produtividade». Exemplo disso é o setor do alojamento, restauração e similares, onde o salário médio corresponde a 69% do salário médio nacional.

Ler Mais