
Gi Group Holding. Flexibilidade e agilidade como chaves do trabalho temporário
Cada vez mais o trabalho temporário é uma solução relevante para as empresas, especialmente em tempos de mudanças rápidas e exigências de flexibilidade.
O mercado de trabalho temporário tem vindo a ganhar relevância nos últimos anos, impulsionado pela crescente necessidade de flexibilidade e adaptação das empresas a um cenário de constante transformação. A Gi Group Holding tem sido pioneira na implementação de soluções inovadoras, adaptando-se às novas exigências do mercado e aos desafios que as empresas enfrentam na gestão de recursos humanos. Em entrevista à Human Resources, Tiago Pacheco, Business manager T&P – Onsite Solutions da Gi Group Holding, partilha a visão da empresa.
Quais as tendências actuais no mercado de trabalho temporário a nível nacional e global e como é que a Gi Group Holding está a adaptar-se a essas mudanças?
O mercado de trabalho, de uma forma geral, está em constante transformação a nível global. Factores como a globalização, a incerteza, a complexidade dos projetos e a automação estão a alterar processos e a mudar a forma como as empresas respondem, exigindo simultaneamente novas competências aos profissionais. O mercado de trabalho temporário não é excepção. Existe uma procura crescente por flexibilidade, tanto por parte das empresas como dos trabalhadores, o que reforça a sua relevância. Paralelamente, exige-se uma resposta mais rápida e ágil, para a qual os modelos de trabalho temporário podem representar uma mais-valia, nomeadamente no que respeita à gestão de recursos e à optimização do tempo e dos custos para as empresas.
O trabalho temporário é o core business da Gi Group Holding, identificada sob a marca Gi Group. A empresa tem presença directa em mais de 30 países e uma experiência consolidada na gestão de grandes volumes, nomeadamente nos mercados de recrutamento industrial e comercial. Acompanha clientes há vários anos, trabalhando sempre numa óptica de parceria, e reconhece que a forma como desenvolve os processos actualmente não é a mesma de há cinco, dez ou vinte anos. Hoje, é fundamental ser mais ágil, mais flexível e mais digital, acompanhando as principais tendências do mercado de trabalho a nível global, uma vez que o trabalho temporário não está dissociado delas. Flexibilidade, planeamento, eficiência, agilidade e proximidade são, assim, tendências e, simultaneamente, a chave para responder aos desafios dos clientes e do mercado de trabalho de forma geral.
Quais são os sectores em que o trabalho temporário tem tido maior crescimento desde 2024?
O trabalho temporário continua a ter uma importância muito significativa no mercado de trabalho em Portugal, especialmente em sectores muito específicos, como a indústria ou a logística e distribuição, que exigem uma resposta rápida de recursos para fazer face a picos de produção ou de actividade. Neste contexto, o trabalho temporário é uma ferramenta de gestão imprescindível em momentos de elevada instabilidade económica a nível mundial. Outros sectores de actividade, como a hotelaria, a restauração e o catering, devido ao seu carácter sazonal, continuam a apostar fortemente neste modelo de trabalho.
Como é que a Gi Group Holding assegura que as soluções de trabalho temporário dão resposta às necessidades dos seus clientes, tanto em termos de perfil, como de flexibilidade?
Utilizamos uma abordagem consultiva e personalizada para compreender as necessidades específicas de cada cliente, uma vez que cada um tem as suas particularidades. Sabemos que é através do trabalho em parceria que conseguimos perceber os seus verdadeiros desafios e encontrar a melhor solução. Dentro do espectro do trabalho temporário, podemos estar a falar desde a necessidade de um recurso de um dia para o outro até à entrega em volume de trabalhadores, sendo que os modelos de trabalho temporário Onsite, por exemplo, trazem grandes vantagens ao cliente, ao disponibilizar uma equipa dedicada e especializada nas instalações da própria empresa.
É por isso que temos equipas dedicadas a cada cliente, precisamente para responder a essas especificidades e garantir a melhor solução. Dispomos de uma base de dados de candidatos muito robusta, com uma pool de talentos qualificada e validada previamente, o que nos permite uma entrega muito mais rápida e eficiente. Além disso, contamos com uma rede e um conjunto de canais de recrutamento para procurar e contratar trabalhadores temporários, alinhando-nos às especificações dos nossos clientes em termos de experiência, formação e competências. Paralelamente, desenvolvemos todo o processo de integração, formação e acompanhamento contínuo, de modo a minimizar o impacto para os nossos clientes. Através da metodologia Onsite, promovemos a transferência de tarefas para as nossas equipas, conseguindo melhorar indicadores de performance, como o turnover e o absentismo, muito comuns nestes modelos de trabalho, e promovendo uma redução de custos, que é quantificada em poupanças geradas aos nossos parceiros de negócio.
De que forma a Gi Group Holding aborda a integração dos trabalhadores temporários nas empresas cliente para garantir uma adaptação eficaz e o sucesso no desempenho das suas funções?
A integração é um momento crítico na carreira de qualquer profissional e, por esse motivo, desenvolvemos todo o processo de integração dos trabalhadores temporários através de programas de onboarding, que incluem formação específica sobre a cultura e os processos da empresa-cliente. Além disso, mantemos um acompanhamento contínuo do trabalhador, do seu desempenho e das suas necessidades de formação, para assegurar que quaisquer desafios sejam rapidamente identificados e resolvidos, promovendo uma adaptação eficaz e um desempenho bem-sucedido. A aplicação de inquéritos de satisfação e desempenho faz parte da metodologia Onsite, promovendo o incremento da performance dos nossos trabalhadores.
Quais as principais vantagens e desvantagens que o trabalho temporário oferece para as empresas?
Como principais vantagens, destacam-se sobretudo a flexibilidade, pois possibilita uma adaptação dos recursos necessários conforme as necessidades específicas de cada negócio, a rapidez no acesso a talentos, o que aumenta a eficiência na resposta, e a redução de custos. Paralelamente, as empresas conseguem aceder a profissionais com vasta experiência e novas competências.
Quanto às desvantagens, o trabalho temporário ainda sofre bastante do estigma da precariedade, o que não corresponde à realidade, uma vez que o que define um regime de trabalho temporário é o vínculo contratual, e não as condições de trabalho destes profissionais. Um dos aspectos a que prestamos especial atenção é o sentimento de pertença e ligação à cultura da própria empresa. Situações como estas podem ser ultrapassadas através de uma elevada proximidade dos nossos profissionais, promovendo uma cultura de comunicação e transparência.
O trabalho temporário é, frequentemente, associado a um menor compromisso. Como é que a Gi Group Holding consegue equilibrar essa percepção e criar relações duradouras com os candidatos?
Considero esta uma falsa questão, pois a experiência desenvolvida ao longo dos últimos 20 anos mostra-nos que o empenho de um trabalhador temporário é, muitas vezes, superior ao da força de trabalho considerada efectiva. E os dados falam por si: mais de 50% dos nossos trabalhadores encontram uma colocação permanente junto dos nossos parceiros através do trabalho temporário, sendo esta uma excelente forma de integração no mercado de trabalho.
Trabalhamos arduamente para manter a proximidade com os nossos colaboradores temporários, não só para que se sintam parte integrante da empresa, mas também para mudar a percepção de menor compromisso associada ao trabalho temporário. O acompanhamento contínuo destes trabalhadores permite-nos perceber as suas dificuldades e expectativas, e tentamos ao máximo dar-lhes oportunidades de desenvolvimento e de formação contínua. Acreditamos que, ao valorizar e investir na sua formação e desenvolvimento, estamos a promover também um maior compromisso e satisfação, resultando em relações mais duradouras e produtivas.
Há candidatos que procuram activamente trabalhos temporários?
Sim, o vínculo contratual temporário pode ser uma vantagem também para os profissionais. Por exemplo, um candidato com pouca experiência profissional pode ganhar experiência em diferentes sectores e desenvolver as suas competências, o que lhe permitirá, posteriormente, transitar para uma posição permanente a médio ou longo prazo. Isto é muito comum em sectores como o apoio ao cliente, em que os candidatos conseguem adquirir competências linguísticas, de gestão de stress e de relacionamento com o cliente, muito úteis para o seu desenvolvimento profissional, ou nos casos da restauração ou hotelaria, entre outros.
E sobre os perfis dos candidatos? Há programas de requalificação para os candidatos seniores, por exemplo?
Reconhecemos a importância da requalificação, especialmente para candidatos seniores. A empresa oferece programas personalizados que visam a adaptação dos profissionais às mudanças no mercado de trabalho, facilitando a transição de carreira e a empregabilidade. Um exemplo disso é a Intoo, uma empresa do grupo, focada no desenvolvimento de programas de transição de carreira e outplacement, como forma de promover a empregabilidade.
E quanto aos jovens? O trabalho temporário continua a ser uma medida útil para inserir as faixas etárias mais jovens no mercado de trabalho? Sem dúvida! É uma forma de ganhar experiência. Jovens com pouca experiência podem beneficiar, pois permite-lhes adquirir competências e ter contacto com o mundo corporativo. O tema da flexibilidade também pode ser determinante aqui, pela duração contratual, mas diria que a grande vantagem reside em poder explorar e ter contacto com o mundo profissional em diferentes sectores, permitindo-lhes criar redes de contacto, aprender e ganhar competências, pondo a “mão na massa”.
Como é que sectores especializados, como o TI, por exemplo, olham para o trabalho temporário?
O trabalho temporário no sector de IT tem vindo a ganhar maior relevância nos últimos tempos, sendo que a própria natureza do sector assim o exige, devido ao seu dinamismo. Mais do que qualquer outro, este é um sector que muda e evolui de dia para dia, o que exige uma grande capacidade das empresas para disponibilizarem recursos, seja para suprir necessidades temporárias de competências especializadas, seja para projectos muito específicos com uma duração também predefinida.
De que modo é que a Gi Group Holding se tem preparado para a implementação da inteligência artificial no processo de recrutamento? Reconhecemos que a inteligência artificial pode ser uma mais-valia, sobretudo quando se trata de rapidez e eficiência nos processos. Há uma grande vantagem em automatizar todos os processos de validação ou triagem com base em competências ou requisitos muito específicos. Incluímos a componente tecnológica, nomeadamente nas entrevistas de recrutamento, mas reconhecemos que são as pessoas que fazem a verdadeira diferença nestes processos. Por isso mesmo, garantimos que as ferramentas tecnológicas complementam, mas não substituem, o toque pessoal no recrutamento. E é esta abordagem equilibrada que assegura a eficiência dos processos, sem comprometer a qualidade da interacção humana.
Quais são as perspectivas da Gi Group Holding em relação à evolução do mercado de trabalho temporário nos próximos anos?
Antecipamos um mercado de trabalho que continuará a evoluir e a transformar-se, como resultado da presença cada vez mais marcante da tecnologia e até mesmo das expectativas dos trabalhadores e das exigências que colocam às empresas. Acreditamos que o mercado temporário continuará a ter grande importância no mundo do trabalho, e não falamos aqui apenas de perfis ou funções com menos qualificações ou mais indiferenciadas, aos quais estes modelos estavam tradicionalmente associados. Vimos os modelos de interim management crescerem e ganharem mais relevância, por exemplo, fruto da flexibilidade e da crescente capacidade de adaptação que são exigidas às organizações. Vamos continuar a investir em formação e no acompanhamento contínuo dos nossos trabalhadores, utilizando a componente tecnológica para conferir maior agilidade e eficiência aos processos.
Esta entrevista faz parte do Caderno Especial “Trabalho Temporário” que foi publicado na edição de Março (nº. 171) da Human Resources.
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