Governo quer moralizar trabalho temporário mas patrões não acham oportuno

A ministra do Trabalho propôs hoje aos parceiros sociais um conjunto de medidas para evitar abusos no trabalho temporário e para valorizar o trabalho dos jovens, mas as confederações empresariais consideraram que actualmente a prioridade é a sobrevivência das empresas.

No final da reunião da Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS), a ministra Ana Mendes Godinho disse em conferência de imprensa que as propostas apresentadas pelo Governo tem como objectivo combater a precariedade, evitar o uso abusivo do período experimental, reforçar o combate ao trabalho não declarado, proteger os jovens trabalhadores estudantes e os estagiários.

«A reunião de hoje foi para a apresentação aos parceiros sociais da agenda do trabalho digno, sobre a qual se vão poder pronunciar, e também para apresentar a agenda que valorize os jovens no mercado de trabalho», afirmou a ministra.

A impossibilidade de celebração de contratos temporários sucessivos com empresas do mesmo grupo, para evitar que os trabalhadores permaneçam indefinidamente na precariedade, a inibição de abertura de novas empresas por parte de sócios gerentes com incumprimentos reiterados e a clarificação do período experimental para evitar abusos são as principais medidas apresentadas.

«Relativamente aos jovens, temos, como sociedade, uma missão, que é dar resposta aos seus problemas no mercado de trabalho», disse a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

A agenda para o trabalho digno e para a valorização do emprego jovem não foi considerada prioritária pelo presidente da Confederação Empresarial Portuguesa (CIP), António Saraiva.

«Hoje a prioridade das empresas é a sua sobrevivência», disse, acrescentando que só assegurando a sustentabilidade das empresas será possível manter e criar emprego.

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