Há um tempo certo para reestruturar a sua empresa?

Sem entrar em questões de natureza eminentemente técnica, a ideia de reestruturar ou reorganizar uma empresa, nomeadamente quando tal implica a redução efectiva dos seus colaboradores, acarreta consigo algo de negativo, se não mesmo censurável do ponto de vista social.

Por Carlos Figueiredo, director de Recursos Humanos da Unilever Jerónimo Martins

 

 

Ao longo da minha carreira profissional, liderei e estive envolvido em inúmeros processos de reestruturação e reorganização empresariais. E embora, nem tudo fosse fácil ou consensual, em todas as experiências que activamente participei, as vantagens superaram sempre as desvantagens.

Esse saldo positivo, cuja avaliação não deixa, no entanto, de ser subjectiva, fica, sobretudo, a dever-se à circunstância de se ter sempre muito cuidado e atenção com o modus operandi, designadamente com tudo o que diz respeito ao cumprimento integral dos direitos e das principais expectativas dos intervenientes em causa, de uma comunicação abundante e oportuna, mas também, e esse o ponto que aqui mais gostaria de sublinhar com a escolha do momento em que uma determinada reestruturação deve ou não ter lugar.

Na minha opinião, e à luz da minha experiência, uma reestruturação para produzir os melhores efeitos e não causar danos socialmente relevantes, deve ser realizada quando a situação da empresa é favorável ou, pelo menos, razoavelmente estável.

Muitas empresas, não quero propositadamente dizer, até para não ser injusto, a maior parte das empresas, teima em conduzir processos de reestruturação quando a sua situação é de crise aberta e já nada há particamente a fazer, como se, uma reestruturação fosse uma tábua de salvação ou um milagre, da qual tudo se pode esperar.

Daí, também esta ideia de que as reestruturações empresariais são, tendencial ou mesmo dominantemente prejudiciais para a sociedade e para as pessoas, e falham redonda e sistematicamente os seus objectivos.

A minha concepção é diferente, está alicerçada numa experiência de anos, com resultados globalmente favoráveis, sempre no estrito cumprimento dos direitos e expectativas dos principais intervenientes nesse tipo de operações ou processos, em que o que há a fazer, no tempo certo, se afigura decisivo.

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