Human Capital Management. Que modelo é este e por que é essencial às organizações?

«Gerir o capital humano é então a base para o crescimento de uma empresa, uma vez que é o trabalho e o desempenho dos colaboradores que irá determinar os bons ou maus resultados organizacionais. Neste sentido, quando falamos de Gestão de Recursos Humanos é imperativo que a organização consiga satisfazer e equilibrar as necessidades pessoais e profissionais de cada colaborador, promovendo um clima saudável e propício para o melhor desempenho das funções.»

Por José Chéu, Board Member, Operations & Delivery Director da Abaco Consulting

Ao longo das última duas décadas, temos vindo a observar um exponencial crescimento do número de debates, discussões, pesquisas e investigações associados à prática de Recursos Humanos. Com o passar dos anos, este departamento adoptou componentes estratégicas ligadas à visão corporativa das organizações criando assim, cada vez mais, fatores diferenciadores.

A verdade é que esta abordagem estratégica, em conformidade com a gestão de talentos, proporcionou conceitos dos quais o sector de Recursos Humanos necessitava para se tornar fulcral no actual mundo organizacional. Esses conceitos, por sua vez, passam pela gestão de pessoas e objectivos de acordo com os valores e princípios de negócio da organização.

Gerir o capital humano é então a base para o crescimento de uma empresa, uma vez que é o trabalho e o desempenho dos colaboradores que irá determinar os bons ou maus resultados organizacionais. Neste sentido, quando falamos de Gestão de Recursos Humanos é imperativo que a organização consiga satisfazer e equilibrar as necessidades pessoais e profissionais de cada colaborador, promovendo um clima saudável e propício para o melhor desempenho das funções.

É neste mesmo contexto que surge o HCM – Human Capital Management, um modelo que pretende alinhar a tecnologia com os talentos da organização. Ou seja, vai muito para além da gestão tradicional de recursos humanos, pretende alinhar os objectivos e resultados organizacionais com o modelo de compensação individual para extrair o melhor dos colaboradores. Através de ferramentas de controlo de monitorização é possível acompanhar uma série de indicadores que valorizem os objetivos da organização, como a produtividade dos colaboradores, os índices de absentismo, bem como o grau coletivo de satisfação, a sua motivação e envolvimento com a organização. Somente desta forma, é que os gestores podem observar quais colaboradores é que são verdadeiramente capitais humanos dentro da organização, proporcionando-lhes o devido bem-estar-físico e psicológico.

Podemos identificar 5 benefícios que uma correcta e holística abordagem do Human Capital Management pode ter nas Organizações:

1. Atracção e retenção de talentos

Em primeiro lugar, para a construção de uma equipa competente é necessário existir qualidade no processo de admissão. Identificar o perfil do candidato adequado para uma organização, através da rede de contactos interna, empresas da especialidade ou pelas inúmeras ferramentas disruptivas, e gerir estes profissionais pelas suas competências proporcionando assim um maior retorno financeiro. Aumentar o envolvimento, com soluções de carreira profissional, por exemplo, ajuda a motivar e a proporcionar uma experiência de qualidade aos colaboradores. Desta forma, retém e cultiva talentos, através do seu desenvolvimento profissional.

2. Desenvolvimento profissional

Promover formações online e presenciais aos colaboradores é uma das principais técnicas para aprimorar as habilidades de cada profissional. Gerir o capital humano significa trabalhar os valores e as competências que cada indivíduo pode oferecer para a organização. Através destas formações e, consequentemente, aprendizagens, os talentos ficam mais motivados e empenhados nas suas funções organizacionais.

De igual modo, os desafios do dia a dia na execução da sua atividade profissional são também de crucial importância, por exemplo, na prestação de serviços de consultoria, a riqueza do ponto de vista de experiências que traz esta actividade pelo trabalho desenvolvido junto dos clientes dos diversos sectores de actividade (têxtil, automóvel, alimentar, engenharia e construção, banca, saúde, etc) com culturas diferentes, formas de trabalho diferentes, processos de tomada de decisão diferentes e, claro, pessoas diferentes, permite um acumular experiências de trabalho muito enriquecedora.

3. Gestão de desempenho do capital humano

Avaliar o perfil comportamental de um colaborador oferece à organização informações relevantes sobre o mesmo, desde os seus pontos fortes às suas inseguranças. Assim, conseguimos ter uma tomada de decisão mais segurança e concreta. Essa avaliação permite a valorização do capital humano e, por consequência, da organização como um todo. Depois da avaliação é importante dar o retorno ao colaborador, ou seja, dar feedbacks constantes, ajuda a manter o capital humano envolvido, focado e motivado. Apoiar, dar dicas para melhorar o trabalho, críticas construtivas, ou até mesmo elogios são essenciais para o desenvolvimento e crescimento profissional.

4. Clima organizacional

O conjunto de valores, crenças e comportamentos de uma empresa são definidos pela maneira como os gestores conduzem os negócios e as suas equipas, reflectindo na cultura organizacional. Tendo os objectivos pessoais alinhados com a estratégia de negócio, a organização terá colaboradores inspirados e com foco no que realmente é importante para todos. Isso evita desgastes, conflitos de interesses, ou um desalinhamento entre a comunicação interna e as ações realizadas. Incentivar o bom convívio entre todos e dar oportunidade ao desenvolvimento da carreira é imprescindível para criar um clima harmonioso.

5. Redução de custos

Por fim, e um pouco como corolário de todos os benefícios já elencados, outra das grandes vantagens do HCM é, sem dúvida, a redução dos custos operacionais. Por um lado, na retenção e consequente poupança nos custos envolvidos numa nova contratação, por outro, pelo desenvolvimento e estimular das competências e habilidades dos colaboradores, uma vez que profissionais bem preparados tendem a errar menos, apresentam então maior produtividade no desempenho das suas funções.

Em jeito de conclusão, o HCM é um modelo que trará claras vantagens para as organizações, sendo que tecnologia será sempre uma aliada para envolver as novas gerações que estão a chegar às empresas e ao mercado de trabalho. Esta, possibilita, por um lado um controlo mais preciso do desempenho dos colaboradores e, por outro, uma preocupação, cada vez maior, com os mesmos.

Mais do que nunca, hoje é perceptível que os profissionais necessitam de ser valorizados no seu local de trabalho e de estar envolvidos com a organização, mas, ao mesmo tempo, devem ter em conta a sua segurança, assim como o seu bem-estar físico e psicológico.

Este é o segredo para alcançar o equilíbrio pessoal e profissional e ter uma equipa forte e coesa. Quem ama, cuida!