I Have The Power: A diferença que faz toda a diferença

Quando olhamos para o mundo que nos rodeia, percebemos que é necessário mudar a mentalidade de muitas pessoas para podermos ter algum futuro.

Se olharmos para o mundo da política, ficamos boquiabertos com o facto de pessoas com responsabilidade cometerem erros básicos de comunicação, roçando até a falta de bom senso. Se olharmos para as empresas, encontramos de tudo, desde empresários que acham que não precisam de formação, até empresários que se “esquecem” das empresas em que são gestores. Se formos almoçar fora num Domingo e escutarmos com atenção o que a mesa do lado deixa revelar, na forma como marido e esposa se tratam, ou como falam com os filhos, começamos a perceber porque continuamos na cauda da Europa em muitas áreas e a gerar filhos mimados e irresponsáveis, e outros com péssima autoconfiança e autoestima.

Tenho reflectido bastante sobre isto e, sinceramente, não estou, nesta fase, em busca das causas, que acredito que serão diversas e até complexas. Estou, antes, cada dia mais focado em contribuir para minimizar os impactos e ajudar a criar uma geração melhor do que as anteriores.

Olhar apenas para os adultos, esquecendo os jovens, não me parece uma solução de futuro. Mas olhar para os jovens, esquecendo os adultos, alguns deles pais desses jovens, também não. Sendo uma solução mais complexa, acredito que teremos de operar nos dois grupos. A questão que se coloca é: “Como?”

Sendo uma empresa uma instituição orientada para o lucro, esta pode ter uma capacidade superior de aumentar os seus níveis de responsabilidade social. Acredito que, no futuro, teremos cada vez mais empresas que assumem também alguns dos papéis que o Estado não consegue suprir e que poderão ajudar na mudança da mentalidade dos seus colaboradores e respectivas famílias.

Temos clientes que, além da formação que dão aos seus colaboradores, desenvolvem connosco programas de formação para os filhos dos seus colaboradores. Temos, também, outras entidades com quem trabalhamos para dar formação a casais de colaboradores, para que tenham relacionamentos mais saudáveis e mais felizes.

Para que a mudança possa acontecer, sou um firme crente que teremos de operar em vários eixos de intervenção e seria fantástico se fosse possível implementarem-se algumas regras simples, que mudariam por completo o panorama de muitas organizações e do país:
– Nenhum cargo/função pode ser ocupado sem prévia formação técnica e comportamental para quem o vai exercer. O exemplo deveria vir do topo, começando pelo Presidente da República, Primeiro-ministro, Ministros, Funcionários públicos, Empresários, chefias, etc. Todos deveriam ter formação prévia para aumentarem os seus níveis de competência;
– Formação prévia em relacionamentos, a começar nas escolas, e, para os menos jovens, formação nesta área para se evitar a tristeza de tantos relacionamentos tóxicos;
– Formação para pais, antes do nascimento dos seus filhos, para saberem como os educar.

Com estas três medidas teríamos uma plataforma de transformação social extraordinária. Alguns dirão que sou louco e que tudo isto é utópico, mas, começando com projectos-piloto, acredito que poderíamos mudar muitas coisas para melhor, tendo a noção da gigantesca obra que teremos pela frente, mas também da fantástica oportunidade de poder mudar o mundo.

Para que a formação seja realmente eficaz teremos sempre de operar em quatro eixos:
– Passagem de conhecimento: Formação de qualidade, ministrada nas múltiplas formas que hoje conhecemos, com mais ou menos tecnologia, com conteúdo reflexivo e experiencial, através de aulas em sala, virtuais ou híbridas, com a multiplicidade de temas, durações, tecnologias, entre outras, que felizmente hoje temos ao dispor.
– Reflexão: Encontros de tomada de consciência do que se aprende, ou do conhecimento a que se acede, são importantes para ajudar a consolidar o conhecimento e deveriam ser propostos com maior frequência, até para que haja troca de ideias e se consiga perceber se o conhecimento gerado foi percepcionado correctamente. A minha experiência na área comportamental, nos últimos 20 anos, mostra que, com muita frequência, o que se percebeu peca por defeito na detecção da abrangência do que se pode fazer com esse conhecimento.
– Aplicação prática: É aqui que se fará toda a diferença pois é na aplicação do que se aprende que se irão conseguir gerar as mudanças pretendidas e, assim, mostrar que o retorno no investimento valeu a pena.
– Avaliação e auditoria: Este passo, incómodo para alguns, mas fundamental, é necessário para que se possa avaliar o caminho percorrido e gerar novas oportunidades de melhoria. Sem avaliar, dificilmente será possível validar se a mudança está a acontecer.

Acredito, firmemente, que podemos fazer com que a formação e o conhecimento ajudem a criar um mundo melhor.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Academias” na edição de Março (n.º 147) da Human Resources, nas bancas.

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