Igualdade: Longe da realidade mas com sinais de melhoria, revelam os dados do EWON Gender Diversity Index

O European Women on Boards (EWON) Gender Diversity Index 2020 analisa a participação das mulheres na gestão empresarial das maiores empresas europeias cotadas no índice STOXX 600. Na edição de 2020, constata-se que a igualdade de género na liderança empresarial ainda está longe da realidade. Mas também se vêm sinais promissores de melhoria.

 

O ano 2020 assistiu a muitas disrupções que abalaram não só empresas individuais, mas também economias e sociedades inteiras. A pandemia de COVID-19 teve efeitos negativos no desempenho financeiro de muitas empresas, e deu origem a uma prova de esforço para as equipas e a sua coesão. Para além das consequências directas do vírus na saúde, a pandemia também prejudicou o bem-estar e o equilíbrio entre a vida profissional e familiar de muitos colaboradores, expondo muitos a despedimentos ou a medidas de desemprego temporário. As mulheres foram mais duramente atingidas por estas consequências negativas da pandemia.

Ao mesmo tempo, 2020 foi um ano de movimentos sociais e protestos apelando para que as desigualdades fossem abordadas. Embora estes movimentos se tenham concentrado mais especificamente nas desigualdades relacionadas com a origem étnica, também desencadearam debates mais amplos sobre a inclusão e a diversidade no local de trabalho.

A nível da União Europeia (UE), foi retomado o debate sobre a necessidade de novas acções para aumentar a participação das mulheres na tomada de decisões das empresas. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, estabeleceu a igualdade como uma das prioridades centrais do seu mandato e da sua equipa de comissários, o que inclui um enfoque claro na igualdade de género. Ao mesmo tempo, o Parlamento Europeu relançou o debate sobre a tomada de medidas regulamentares para aumentar a participação das mulheres na liderança empresarial, uma vez que os membros do Parlamento Europeu consideram que as medidas voluntárias são insuficientes. A nível de países individuais, alguns governos já puseram em prática medidas para promover a diversidade nos conselhos de administração das empresas. Estas podem ser medidas regulamentares – nomeadamente, quotas vinculativas (que existem na Bélgica, Alemanha, França, Itália e Noruega) – ou medidas brandas, como quotas sem sanções ou apenas aplicáveis a empresas públicas (na Dinamarca, Irlanda, Grécia, Espanha, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Polónia, Portugal, Finlândia, Suécia e Reino Unido).

A missão da EWoB – projecto co-financiado pelo Programa de Direitos, Igualdade e Cidadania da União Europeia – é defender a diversidade de género nos conselhos de administração, divulgar boas práticas sobre políticas e medidas de gestão empresarial que favoreçam a diversidade de género, contribuir para o desenvolvimento e empoderamento de mulheres candidatas a cargos de administração e dar um contributo perspicaz e valioso para os debates políticos europeus sobre medidas para promover a igualdade de género na tomada de decisões.

Quando se analisa a participação das mulheres na liderança empresarial de empresas europeias, o número continua a ser baixo. Mas há algumas boas notícias uma vez que, em certas áreas, se observaram melhorias notáveis desde a edição de 2019.

Este relatório analisa a participação das mulheres na gestão empresarial das maiores empresas europeias cotadas no índice STOXX 600 Europe ou, em alguns países, nos índices das bolsas de valores nacionais. Nesta edição de 2020 contata-se, por um lado, que a igualdade de género na liderança empresarial ainda está longe da realidade. De destacar:

  • 28% dos líderes empresariais em funções executivas e não executivas nas 668 empresas analisadas eram mulheres;
  • As mulheres representam apenas 34% de todos os membros da direcção nas empresas analisadas. O nível do conselho de administração é na realidade o nível de gestão com maior participação de mulheres;
  • A situação é pior a nível executivo, onde as mulheres representam apenas 17% de todos os líderes; e
  • Apenas 42 (6%) das 668 empresas analisadas têm uma mulher CEO. Apenas 130 (19%) das empresas têm uma mulher em pelo menos um destes cargos: CEO, COO ou CFO.

 

Por outro lado, nesta edição de 2020 vêm-se sinais promissores de melhoria: O número de empresas da amostra com elevada participação de mulheres na tomada de decisões duplicou num ano. Isto é medido pelo Índice de Diversidade de Género (IDG) explicado no presente relatório. Neste âmbito, é de salientar:

O número de empresas que atingem um IDG de 0,8 ou mais aumentou de 30 para 62 num ano. A pontuação ideal do índice é 1;

Esta melhoria é principalmente motivada pelo facto de existirem actualmente 87 empresas na amostra onde a percentagem de mulheres em todas as funções de liderança é de 40% ou mais, e esta é uma melhoria notável em comparação com 47 em 2019;

Há substancialmente mais mulheres que chegaram a funções de liderança empresarial do que as que saíram num ano. Enquanto as mulheres foram 35% de todas as pessoas que foram recentemente nomeadas para cargos de liderança, foram apenas 24% das que partiram.

Ao mesmo tempo, vemos empresas que já se estão a sair relativamente bem nos indicadores analisados a melhorar a presença de mulheres nos níveis mais altos. Por outro lado, as empresas na parte inferior do ranking estão a fazer progressos mínimos ou mesmo nulos.

As empresas da Noruega, França, Reino Unido, Finlândia e Suécia estão mais próximas de ter uma gestão equilibrada em termos de género, o que se tem mantido relativamente inalterado desde 2019. As empresas nos serviços financeiros e de seguros, bens de consumo e retalho e “outros” (isto é, serviços públicos e viagens e lazer) tendem a ter um maior equilíbrio de género na sua liderança do que as de outros sectores, mas as diferenças não são estatisticamente significativas.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Março (nº.123) da Human Resources.

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