Já ouviu falar em “revenge quitting”? É uma nova tendência e parece ir marcar 2025
Com a perspectiva de um mercado de trabalho mais dinâmico em 2025, especialistas apontam para o surgimento de um fenómeno chamado “revenge quitting”, avança o Business Insider.
O termo descreve uma onda de demissões motivadas por frustrações acumuladas, na qual os colaboradores deixam os seus empregos não apenas para procurar melhores oportunidades, mas também como um acto de protesto contra condições de trabalho insatisfatórias.
Edel Holliday-Quinn, psicóloga organizacional, disse ao Business Insider que o desgaste emocional causado por excesso de trabalho, mudanças frequentes de políticas de home office e ambientes tóxicos estão a alimentar esta insatisfação. «Muitos colaboradores estão a pensar: “Ano novo, emprego novo”», destacou Holliday-Quinn.
Essa insatisfação acumulada aliada à melhoria das condições do mercado pode levar à saída de talentos valiosos das empresas. «Caso os líderes de RH não agirem agora, correm o risco de perder os seus melhores talentos assim que o mercado oferecer alternativas mais atractivas», afirmou Ciara Harrington, directora de RH da plataforma de formação Skillsoft.
O que está por trás do “revenge quitting”
Investigação recente tem mostrado que a desconexão entre líderes e colaboradores tem contribuído para ambientes de trabalho desmotivadores. Um estudo da plataforma Businessolver revelou que 42% dos trabalhadores e 52% dos CEO classificaram os seus ambientes de trabalho como tóxicos.
Além disso, a redução de equipas e a sobrecarga de trabalho têm exacerbado o descontentamento. «Dificilmente a insatisfação é causada por um único factor», afirmou Beth Hood, fundadora da Verosa, empresa de formação em liderança. «É um conjunto de factores como a falta de conexão, a ausência de propósito e a insegurança no ambiente de trabalho.»
Gerações mais jovens, especialmente a Z, têm demonstrado menor tolerância a culturas organizacionais ultrapassadas e hierarquias rígidas. «Empresas que não se adaptarem a essas expectativas terão dificuldade em reter a nova geração de talentos», realça Holliday-Quinn.
O que fazer
Para mitigar os riscos do “revenge quitting”, especialistas recomendam um foco maior em empatia e comunicação eficaz. «A maioria dos colaboradores deixa o gestor, não a empresa», afirmou Harrington, destacando a importância de capacitar líderes para conversas difíceis e para o engagement das equipas.
Embora 55% dos CEO afirmem liderar com empatia, apenas 28% dos colaboradores concordam, segundo o estudo da Businessolver. Investir na formação de líderes para estabelecer ligações mais fortes com as equipas pode ser um diferencial para reter talentos.
Além disso, ouvir as preocupações dos colaboradores e transmitir informação de forma clara e transparente são medidas essenciais. Profissionais que se sentem ouvidos e respeitados tendem a colaborar mais durante o período de transição, caso decidam sair. «Isso ajuda na continuidade do negócio, reduzindo o impacto das saídas», completou Harrington.
Empresas que negligenciarem a insatisfação das suas equipas podem enfrentar desafios significativos. «2025 pode vir a ser uma wake-up call para os empregadores. Aqueles que ignorarem o descontentamento crescente das suas equipas estão prestes a lidar com as consequências», alerta Holliday-Quinn.