José Fonseca Pires, AESE Business School: Como melhorar o ambiente de trabalho em 2023

O ano de 2023 é um ano de incertezas e aberto a muitas possibilidades de sinais imprecisos – a conjuntura bélica no leste da Europa, a crise energética, a inflação que a todos afecta. Por tudo isto, e por mais, vai ser preponderante e decisivo o ambiente de trabalho em que nos inserimos e que construímos no dia-a-dia. Mas ninguém dá o que não tem.

 

Por José Fonseca Pires, professor e director da AESE Business School

 

Como sugestões práticas, aprendidas de muitos, mas nem sempre aplicadas com sucesso, destaco:

1. “Uma empresa é uma comunidade de pessoas que serve outras pessoas, dentro de uma sociedade de pessoas.”
Os sistemas e processos, a configuração institucional, o capital investido, etc., são factores importantes, mas na base estão as pessoas, que devem ser valorizadas antes, durante e depois. Afinal, KPI= Keep People Involved.

 

2. Aceitar-se: não confundir o que somos com o que gostaríamos de ser.
Não somos nem super-homens, nem calimeros. Não ter medo de ser quem somos. Aceitar-se não é conformar- -se: é a base de partida realista, sólida, desafiadora, perfectível.

 

3. Pode-se mudar: “Nada está tão em poder da vontade como a própria vontade”.
Não controlamos os sentimentos, as emoções, muitas das circunstâncias; se podemos controlar algo é a nossa própria vontade. Ter força de vontade e vontade de melhorar. Hoje, agora.

 

4. “O urgente pode esperar. O muito urgente deve esperar.”
Resistir à ditadura do imediato, ao impulso para a acção que o rótulo “urgente” parece impor; valorizar o relevante, o crítico, o importante. Há muitas “últimas oportunidades” que não são para aproveitar.

 

5. Pontualidade… é chegar antes.
Se alguém tem de esperar, que sejamos nós, pelo respeito que as outras pessoas nos merecem. “Quando toca a sirene da fábrica não é para estar à porta da fábrica, mas no local de trabalho”: a diferença é abissal.

 

6. Manter a tecnologia fora do quarto de dormir.
E isto por uma questão biológica, não ideológica: a hormona do sono é inibida pela luz dos ecrãs. “46% dos portugueses dormem menos de seis horas por dia.” O maior concorrente das séries é o nosso próprio sono; por isso, enquanto tivermos forças, “levamos” com mais um episódio. Mas a falta de sono destrói-nos e “custa-nos” uma “pipa de massa” por ano, enquanto sociedade.

 

7. Introduzir momentos tech-free ao longo do dia.
Não deixemos que as redes digitais nos capturem a atenção. Take a break: promover momentos sem conexão. Descobrir a riqueza do humanismo digital. Treinarmo-nos a estar com quem estamos.

 

8. Mexer-se não é trabalhar.
“80% do impacto provém de 20% das actividades.” A acção e a actividade não são um proxy da produtividade; dediquemo-nos ao essencial, ao prioritário. Anima muito começar o dia pelo que tem mais valor. Quantos minutos vale cada hora do nosso trabalho?

 

9. “O tempo para completar uma tarefa expande-se pelo tempo disponível para fazê-la.”
Definir e respeitar a hora de terminar as reuniões; sair a horas do trabalho; deixar para amanhã o que não conseguirmos fazer hoje.

 

10. Liderar é servir.
Valorizar mais o serviço do que a comparação; porque é que maior é melhor do que menor? Ou porque é que muito é melhor do que pouco? Se não se serve ninguém, para que se serve? Podemos identificar duas ou três áreas de melhoria e começar hoje mesmo a tentar superar-nos nesses campos. Um bom ano de 2023 passa por um melhor ambiente de trabalho à nossa volta. E está ao nosso alcance decidir fazer a nossa parte.

 

Este artigo foi publicado na edição de Janeiro (nº. 145)  da Human Resources, nas bancas.

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