Liderança em evolução: da programação à gestão de equipas remotas
Ao longo da minha carreira, desde os primeiros passos na programação aos 14 anos até à fundação da minha própria empresa, sempre encarei a liderança não apenas como um papel ou uma função, mas como uma extensão do meu próprio crescimento pessoal e profissional. A minha história não é composta apenas de sucessos, mas também de falhas que moldaram profundamente a minha abordagem à liderança.
Por Rafael Ferreira, co-fundador e CTO da miio
Desde cedo, a tecnologia fascinou-me. Os primeiros programas que escrevi abriram caminho para pequenos projectos pessoais, que, embora muitas vezes infrutíferos em termos comerciais, foram essenciais para o meu desenvolvimento técnico e pessoal. Essa fase inicial foi marcada por uma aprendizagem autodidacta e pela paixão por transformar ideias em realidade, elementos que mais tarde se revelaram cruciais na minha capacidade de liderar e inspirar equipas.
Fundar uma empresa é estar consciente de que a liderança vai além do simples gerir de recursos ou de projectos. Ser líder significava ser o principal motivador e o exemplo a seguir, capaz de transmitir uma visão clara e contagiar todos com o entusiasmo que sentimos pelo nosso projecto. Contudo, a transição de um ambiente onde se é o único responsável pelos seus projectos para um onde se tem de liderar uma equipa não é imediata nem isenta de erros.
Hoje sei que a liderança requer uma compreensão profunda das dinâmicas humanas. Nos primeiros anos, a minha abordagem era por vezes demasiado exigente, reflectindo a intensidade da minha própria dedicação. Mas liderar envolve um processo contínuo de tentativa, erro e aprendizagem. Com o tempo, um bom líder percebe que motivar não significa impor o seu próprio ritmo, mas encontrar um equilíbrio que respeite a individualidade e as necessidades de cada membro da equipa.
Nos últimos anos, e fruto da situação pandémica que vivemos ao longo de dois anos, liderar foi também saber fazer a adaptação necessária ao contexto do trabalho remoto, uma realidade que impõe desafios únicos em termos de manutenção da coesão e da cultura organizacional. Muito se tem falado das adaptações da parte das equipas e dos colaboradores, mas os líderes também tiveram de se adaptar a um novo exigente contexto. No meu caso, aprender a gerir uma equipa à distância exigiu um aprofundamento das estratégias de comunicação e um reforço dos momentos de interação, assegurando que a falta de contacto físico não se traduz em barreiras emocionais ou profissionais.
Outro aspecto crucial em qualquer jornada de liderança é a capacidade de receber e integrar feedback. Encorajar uma cultura aberta à crítica construtiva e ao diálogo contínuo mostrou-se uma das formas mais eficazes de promover a inovação e a adaptação. Na minha opinião, permite não apenas ajustar as estratégias de liderança, mas também fortalecer a confiança e a lealdade dentro da equipa.
Hoje, vejo a liderança não como um destino final, mas como um percurso de constante aprendizagem e adaptação. É um processo de autoconhecimento, de desenvolvimento mútuo e de compromisso com um objectivo comum, que é sustentado pela paixão, pela resiliência e, sobretudo, pelo respeito pelas pessoas que fazem parte da jornada.