Luís Antunes, PHC: A experiência de trabalho para além do escritório

Quando se pensa na experiência de trabalho numa empresa, devemos pensar nos vários momentos de contacto entre um indivíduo e a empresa, pois todos esses momentos vão contribuir para formular uma ideia concreta.

 

Por Luís Antunes, People Experience director da PHC Software

 

Todo o profissional sabe que viver o dia-a-dia de trabalho é em si uma experiência. E começa muito antes de iniciarmos as tarefas do dia, de nos sentarmos ao computador ou sequer de ver o email. A experiência de trabalho começa quando programamos o despertador para uma determinada hora, escolhemos a roupa adequada ao contexto ou planeamos a nossa agenda.

E a experiência de trabalho também acaba para além de quando fechamos o computador e saímos do edifício. A experiência continua connosco na forma como nos sentimos, no cansaço que está acumulado ou no sorriso que levamos pelas vitórias que conquistámos. A experiência é também definida por aquilo que sentimos e com o grau de identificação connosco e com os outros ao longo do dia.

E é essa a experiência na qual nos devemos centrar. Habituámo-nos hoje a ouvir falar em employee experience, entre tantas outras experiências. Entrou na nossa vida quase como se fosse uma buzzword que contrastava com a forma como os Recursos Humanos viam os aspectos laborais. Era a remuneração, a formação, o sistema de avaliação de desempenho, o plano de carreira. Era um conjunto de preocupações que se centravam em aspectos processuais e que deixava de lado a relação mais profunda entre um colaborador e uma empresa. Aquela resposta à pergunta “sinto-me feliz?”

Lentamente, esses aspectos tentaram aproximar-se desta necessidade de atenção crescente. Expressões como “salário emocional”, engagement ou worklife balance não são mais do que tentativas fragmentadas de enquadrar aspectos concretos de uma experiência mais ampla e profunda.

Quando se pensa na experiência de trabalho numa empresa, devemos pensar nos vários momentos de contacto entre um indivíduo e a empresa, pois todos esses momentos vão contribuir para formular uma ideia concreta. Seja porque leram uma notícia, viram um post numa rede social, visitam o website da empresa, foram a uma entrevista ou passaram pelo processo de onboarding; tudo conta para a experiência. Incluindo a forma como é feita a avaliação de desempenho, o seu plano de formação ou até como decorre uma reunião com os seus colegas.

É por se pensar todos os momentos à luz da cultura e valores de uma empresa que se pensa uma experiência de trabalho consistente e completa para a nova era empresarial. Não basta ter um conjunto de actividades, iniciativas ou até benefícios para os colaboradores. O impacto emocional do trabalho no nosso dia-a-dia é a variável chave para definir a resposta à pergunta que mencionei acima.

E as instalações devem ser pensadas da mesma forma. Elas dão forma e reflectem uma cultura. A preocupação com o check-in, com a ergonomia do posto de trabalho, com a luz natural, com os diferentes espaços de colaboração, bem-estar e de convívio. Tudo deve ser pensado à luz da experiência.

É importante a organização do espaço, o que nele acontece e as pessoas que nele estão. O foodcourt pode ser incrível, mas se oferecerem o pequeno-almoço gratuito e lá estiverem colegas incríveis com quem me apeteça partilhar aquele momento, a experiência torna-se diferenciada e dificilmente copiável.

Quando se pensa a experiência de trabalho, vamos além da arquitectura, da lista de benefícios ou de eventos lúdicos, pensamos como é que os vários elementos contribuem para a identificação com uma cultura e valores comuns. Quando assim é, a experiência acompanha-nos para além do trabalho e tem um impacto incrível na nossa vida.

 

Este artigo foi publicado na edição de Novembro (nº.131)  da Human Resources, nas bancas.

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