Mais de 100 mil empresas portuguesas têm “forte exposição” ao impacto da pandemia (sobretudo em quatro sectores)

Mais de 100 mil empresas portuguesas têm uma forte exposição ao impacto da COVID-19, estando a sua grande maioria muito concentradas em quatro sectores – Alojamento e Restauração, Retalho, Transportes e Serviços gerais. A conclusão é da análise da Informa D&B, ao impacto da Covid-19 no tecido empresarial português.

 

De acordo com a mesma análise, se às empresas se juntarem os Empresários em Nome Individual, o número supera as 200 mil entidades em sectores com impacto alto.

A Informa D&B analisou os impactos nas 853 actividades económicas da CAE com o objectivo de fornecer aos vários decisores, informação que lhes permita gerir melhor os riscos associados à actual situação das empresas, numa altura em que a COVID-19 atingiu de forma tão contundente o tecido económico.

Com base na análise qualitativa dos impactos em cada um dos sectores de actividade económica, a Informa D&B desenvolveu um indicador de impacto sectorial que permite classificar o grau de exposição de cada sector (alto, médio, baixo) e consequentemente de cada empresa.

Destas 853 actividades económicas, 204 registam impacto alto, 195 impacto médio e 454 impacto baixo. Porém, estas 204 actividades com impacto alto concentram cerca de um terço de todas as empresas portuguesas, sobretudo dos quatro sectores assinalados.

«Desde o início desta crise, procurámos desenvolver novos indicadores e recalibrar os nossos modelos de avaliação do risco comercial com o objectivo de ajudar as empresas e os decisores públicos a actuarem e a tomarem decisões mais avisadas; a avaliação dos impactos sectoriais permite rapidamente quantificar e direccionar as medidas adoptadas», refere Segundo Teresa Cardoso de Menezes, directora geral da Informa D&B.

 

Sectores ligados ao turismo e retalho não alimentar são os mais impactados
Nos quatro sectores com mais empresas em actividades com impacto alto – Alojamento e restauração, Retalho, Transportes e Serviços gerais – alguns subsectores registam uma especial exposição aos efeitos da COVID-19, nomeadamente aqueles com uma relação mais próxima com o Turismo e o Retalho não alimentar.

Entre esses subsectores estão o Transporte aéreo, hotéis e alojamentos, bares e restaurantes, aluguer de automóveis, agências de viagens e operadores turísticos, ou a organização de feiras e convenções. O impacto no conjunto da economia portuguesa será muito significativo, tendo em conta o peso do turismo no PIB nacional.

Também por este motivo, e em termos regionais, Algarve e Madeira são as regiões com maior número de empresas em sectores fortemente impactados.

O sector do comércio a retalho de produtos não alimentares será duplamente afectado pela crise. Por um lado, pela suspensão da sua actividade em 18 de Março, com a declaração do Estado de emergência. Por outro lado, a deterioração prevista da conjuntura económica e o aumento do desemprego, com a consequente incidência no rendimento disponível das famílias, permitem antever um comportamento desfavorável das vendas do sector nos próximos meses.

É esperado igualmente um comportamento desfavorável em sectores fornecedores de bens de consumo duradouro, como móveis, electrodomésticos ou produtos electrónicos, bem como em outros de consumo imediato como o do têxtil/vestuário ou calçado.

 

34% das exportações em sectores com impacto alto
O efeito da crise nas cadeias logísticas afectará também a indústria automóvel e de componentes, que deverá agravar a tendência negativa que já tinha demonstrado em Janeiro e Fevereiro de 2020, com uma descida de -1,2% face ao período homólogo, e que tem um peso muito significativo nas exportações nacionais.

Em geral, no que respeita às exportações, cerca de 1/4 das exportadoras e mais de 1/3 das exportações pertencem a sectores fortemente impactados pela actual conjuntura económica.

 

Sectores com menos impacto também enfrentam dificuldades
Entre os sectores com impacto médio, alguns poderão em 2020 sofrer uma reversão na tendência ascendente da sua actividade, destacando-se, pelo seu elevado peso no PIB, os da construção e materiais de construção e as actividades imobiliárias que estavam a evoluir positivamente desde 2014/2015.

É ainda previsível uma redução de receitas e maior pressão nos preços no sector dos Serviços empresariais, uma área relevante pelo seu grande número de entidades.

Nos sectores com baixo impacto, destaca-se a distribuição de produtos alimentares, impulsionada pela quebra do consumo fora de casa, bem como os produtos de higiene pessoal e doméstica, o sector primário e a saúde, incluindo os serviços de saúde e o fabrico e comercialização de produtos farmacêuticos.

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