Mais de metade dos hoteleiros nacionais não pensa reduzir o número de trabalhadores

Mais de metade (51%) dos hoteleiros nacionais não pensa reduzir o quadro de trabalhadores e 45% pretende, por outro lado, diminuir o quadro de trabalhadores. A conclusão é de um inquérito realizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) e avançada pelo Dinheiro Vivo.

 

A publicação adianta que o inquérito, realizado entre 21 de Setembro e 15 de Outubro, mostra também que retoma da actividade para níveis do ano passado não será para já. Quase 15% dos inquiridos admite que pode acontecer a partir do segundo semestre do próximo ano. Quase 20% na primeira metade de 2022 e 21,18% na segunda metade de 2022. Mas 27,11% acredita que a retoma para os valores de 2019 só vai acontecer no segundo semestre de 2023.

Questionados sobre a queda da receita neste ano, quase 30% aponta para uma queda entre 70 a 79% e pouco mais de 20% antecipa um tombo entre 80 a 89%.

De acordo com a publicação, a grande maioria dos hoteleiros considera que são necessárias medidas extraordinárias de apoio ao turismo, por parte do governo. Como já tem sido clamado pelo sector, o regresso do lay-off simplificado foi a medida mais pedida, seguida por novas linhas de apoio e diferimento de contribuições da empresa para a Segurança Social.

A AHP perguntou aos hoteleiros como estão distribuídas as reservas para os meses de Outubro a Dezembro. Para este trimestre, o Alentejo e o Norte são as regiões com maior procura, embora níveis baixos. O Norte conta com 26% de reservas neste mês, 20% para Novembro e 21% para dezembro. O Alentejo neste mês conta 33% de reservas, 12% em novembro e 12% em dezembro.

Os grandes centros urbanos, tal como nos últimos meses, estão com perspectivas de baixas taxas de ocupação, penalizados nomeadamente pelo facto de não haverem eventos, um segmento que impulsiona a atividade hoteleira nas grandes cidades. Por exemplo, a Web Summit, que tipicamente acontece em novembro em Lisboa, este ano será em dezembro e totalmente online.

Segundo o Dinheiro Vivo, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) realizou uma projecção em que admite que o cenário mais provável nesta altura seja de menos de 70% nas dormidas, o que significa 40,6 milhões de dormidas a menos. Embora, num cenário mais catastrófico, uma queda de menos 80% vá traduzir-se em 46,4 milhões de dormidas perdidas.

Em 2019, o peso das receitas da hotelaria nas receitas turísticas (que ascenderam a 18,4 mil milhões de euros) foi de 24%, o que se traduz 4,48 mil milhões de euros. Para este ano a AHP traçou duas projecções. A primeira pressupõe uma queda de receitas de menos de 70%, ou seja, uma perda de receitas na casa dos 3,2 mil milhões de euros. Num cenário mais negativo, com uma descida das receitas de menos de 80%, a perda de receita hoteleira pode ser de 3,6 mil milhões de euros.

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