Maria Ana Marques: «A Galp tem uma visão clara sobre o desafio de humanizar cada vez mais a sua marca»

«O Employer Branding só existe se entregarmos uma employee experience única e um porto seguro enquanto empresa às pessoas, pois, como em qualquer relação humana, uma pessoa feliz é uma pessoa que confia e se entrega.» É nisto que se acredita na Galp e esta premissa que guia o seu dia-a-dia.

 

Mesmo com muitos colaboradores em teletrabalho, a Galp não descurou a aposta no Employer Branding. Essa aposta começa na atracção dos melhores talentos e foi com esse intuito que, em 1998, criou o programa de trainees Generation Galp. E nem a pandemia o colocou em suspenso, tendo em Dezembro passado voltado a abrir candidaturas. Dirigido a estudantes de mestrado das mais variadas áreas, desde a engenharia às ciências económicas e sociais, a iniciativa tem um foco particular nas tecnologias de informação e de dados.

«O Generation Galp desafia jovens talentos a iniciarem a sua carreira profissional na Galp e permite a sua integração em múltiplas áreas de negócio da empresa de acordo com o perfil dos candidatos seleccionados», explica Maria Ana Marques, Employer Branding manager da energética, reconhecendo que, no contexto pandémico que ainda vivemos, foi preciso «adaptar o formato do Generation Galp, reforçando as medidas de segurança e criando as condições para que o teletrabalho se integre no normal funcionamento da actividade, permitindo – e até potenciando – um desenvolvimento adequado de competências e uma vivência completa da cultura Galp».

A garantia de um acompanhamento personalizado por parte de orientadores seniores continua a ser um dos focos na integração dos trainees seleccionados, os quais terão um programa de acompanhamento específico, coordenado pela Direcção de Pessoas. Maria Ana Marques destaca: «Temos uma taxa de retenção na ordem dos 70%, o que significa que, nos dias de hoje, temos nos nossos quadros quase 450 dos mais de 650 trainees que participaram no programa durante as últimas duas décadas. E cerca de 30% dos cargos de gestão da Galp são ocupados hoje por colaboradores que iniciaram a sua carreira na empresa como trainees, o que significa que o Generation Galp tem sido uma fonte consistente de entrada de novas e qualificadas gerações de colaboradores na empresa.»

 

Amplificar iniciativas
Tão ou mais importante do que a atracção de talento é a sua retenção. E é por isso que a Galp tem vindo a trabalhar a sua Employee Value Proposition (EVP) de forma a oferecer uma clara e distinta proposta de valor, sejam eles benefícios, planos de desenvolvimento pessoais, seguro de saúde, formações, entre outros. Maria Ana Marques exemplifica: «O nosso programa #EuSouGalp oferece benefícios exclusivos para as nossas pessoas através de parcerias, e o nosso Wellbeing@ Galp, que visa promover uma cultura de bem-estar, fazem parte de algumas das mais reconhecidas iniciativas nesta jornada», iniciativas essas «fortemente amplificadas para todas as pessoas Galp, através da equipa de Comunicação Interna, que desempenha assim um papel importante na criação deste espírito de pertença, mesmo na conjuntura tão desafiante em que vivemos actualmente».

Aquilo que no passado começou como sendo a Semana de Wellbeing na Galp, em 2020 mudou e passou a ser Wellbeing@ Galp, e todas as semanas desde Setembro que a empresa apresenta workshops digitais focados nas suas pessoas e nas suas famílias sobre temas variados. Este programa está alinhado com o objectivo da Galp em implementar uma cultura eficaz de segurança e saúde, promovendo uma melhor qualidade de vida das suas pessoas, para que se sintam bem, mais realizadas e mais felizes.

O grupo de trabalho criado é composto por pessoas com as mais diversas competências e pertencentes a diversas áreas da Galp, para que, em conjunto, seja promovida a continuidade deste programa que trabalha três eixos considerados elementares: físico, social e mental. Maria Ana Marques recorda que, em 2020, a equipa multidisciplinar teve o desafio de identificar, conceber e implementar iniciativas, escolher os parceiros e outras entidades, envolver as restantes empresas do Grupo, e comunicar amplamente todas estas acções para que o Wellbeing@Galp fizesse parte da rotina dos colaboradores.

«A comunicação interna é fundamental e trabalhamos para que as comunicações sejam o mais personalizadas possível para as nossas pessoas, pois enquanto empresa com mais de 6400 colaboradores, a nossa preocupação e foco é que estas acções sejam desenvolvidas e amplificadas de forma eficaz e cheguem a todo o lado», reitera.

Adicionalmente, foi criada uma plataforma de conteúdos, na secção “Casa” do site “Energiser”, aberta à participação das pessoas da Galp e de alguns convidados. «No Life@Galp Home Edition, os colaboradores e alguns convidados puderam, por exemplo, partilhar as suas experiências e os desafios de estar em teletrabalho, fomentando assim o espírito de pertença e de partilha na nossa comunidade Galp», explica a responsável, reforçando que é essencial manter e reforçar a ligação entre os colaboradores e a empresa, mas também entre as equipas. Desta forma, a Galp tem promovido regularmente teambuildings digitais, formações e talks dinâmicas, onde são abordados temas relevantes de negócio e projectos internos.

«A digitalização trouxe também uma mudança de mindset, que se reflecte numa maior procura e acessibilidade nas formações online, sendo que não ficámos indiferentes, pelo que temos promovido esta oferta e procurado soluções cada vez mais inovadoras», acrescentou.

 

A importância das sinergias
Tendo referido por diversas vezes a importância da Comunicação Interna, Maria Ana Marques faz também questão de referir o papel da Gestão de Pessoas. «A Galp reforçou e intensificou a atenção ao factor proximidade, procurando passar informação que garantisse que factores como distanciamento físico e o teletrabalho não desfaziam as rotinas. A nossa Direcção de Pessoas tem um papel activo na estratégia de Comunicação Interna e isso materializa-se nos vários grupos de trabalho que juntam pessoas das áreas da comunicação e dos Recursos Humanos, para discutir soluções conjuntas, ensaiar abordagens e definir os planos de acção, que depois permitem concretizar diariamente todas as iniciativas que colocamos em prática para benefício das nossas pessoas.»

Continua: «Tudo aquilo que conseguimos construir, entre a comunicação e a Direcção de Pessoas, permitiu que o ambiente de teletrabalho gerasse ganhos de eficiência, rapidez e agilidade, promovendo o espírito de equipa e mantendo as equipas com o sentido de entrega e com o propósito de sempre.» A Galp olha para o «Employer Branding como uma área que trabalha diariamente de “braço dado” com a Direcção de Pessoas e que procura que as pessoas se sintam parte integrante da empresa, que se preocupa com elas mas também reconhece os seus méritos.

Porque é inegável que a pandemia – e a distância que impôs – trouxe desafios acrescidos, houve «sempre o cuidado de prestar toda a informação necessária, quer sobre o trabalho específico das equipas ou sobre os temas macro da empresa, para garantir que todos se sentiam próximos, que todos percebiam a estratégia em curso e que todos sabiam quais os próximos passos da empresa para ultrapassar os obstáculos. Sem essa sintonia, seria muito mais difícil alcançar os resultados que alcançamos, num contexto sem precedentes», acredita a manager.

É também importante não esquecer que a Galp está a percorrer um caminho de transformação digital transversal a toda a organização, com incidência natural na área da comunicação, sendo que, com este foco e neste contexto, um dos objectivos era garantir que conseguia reforçar a comunicação entre os mais de seis mil colaboradores Galp em Portugal, Espanha, Moçambique, Brasil e Eswatini.

 

Humanizar a marca
Em termos de Employer Branding, Maria Ana Marques destaca ainda a importância de a organização ser socialmente responsável. «Podemos ter muitos projectos, iniciativas e ambições, mas se no fim do dia não contribuirmos de forma efectiva para acudir a uma necessidade urgente, para melhorar a vida de alguém ou para abrir novos horizontes a uma pessoa, a uma família ou a uma comunidade, então estaremos a falhar no propósito que nos deve orientar.»

Neste âmbito, avança como exemplos: «Durante 2020, a Galp levou a efeito diversas acções como o Camião da Esperança, uma iniciativa conjunta da Galp com a TVI e a Rádio Comercial, que reforçou a estratégia da empesa no apoio aos portugueses, à comunidade médica e a todos os que estão na primeira linha do combate à pandemia COVID-19. Simultaneamente, com o ensino à distância, a Galp e a Fundação Galp reforçaram o apoio à comunidade, através da oferta de 1300 computadores a mais de 20 agrupamentos de escolas e filhos dos seus colaboradores.» Implementou ainda a iniciativa “Todos os Passos Contam”, tendo angariado mais de 10 mil refeições para a Rede de Emergência Alimentar. «Se as iniciativas que levamos a cabo forem relevantes para as pessoas e, ao mesmo tempo, benéficas para a sociedade, então saberemos que estamos a fazer as coisas de forma acertada», acredita a responsável.

Um ano depois, a pandemia alertou para a necessidade de se ser criativo, de se estar cada vez mais atento às tendências e de agir, pois, como assinala Maria Ana Marques, tudo muda de um dia para o outro, sejam os canais de comunicação ou as necessidades que as pessoas têm. «A nossa estratégia de marca empregadora é a mesma: construir uma ponte mais sólida e uma relação de proximidade para chegar aos jovens talentos e continuar a trabalhar a retenção de talento interno.»

A estratégia da Galp enquanto marca empregadora começa por saber com quem fala e o que estes precisam para se sentirem mais completos e realizados. «Temos de compreender as nossas pessoas, as suas prioridades e os seus objectivos, e, paralelamente, trabalhamos para ouvir os jovens talentos, desafiando-os a trabalhar connosco, garantindo que vêem a Galp como um lugar ao qual podem e querem pertencer. Queremos que as nossas pessoas se sintam entusiasmadas e que saibam que se podem orgulhar do trabalho que desenvolvem e do caminho que temos pela frente.»

 

Aprender com o passado para seguir em frente
Reconhecendo que é impossível prever como vai ser o mundo do trabalho, «uma coisa é certa, vai ser feito de pessoas», afirma. A Galp tem uma visão clara sobre o desafio de humanizar cada vez mais a sua marca, defendendo uma maior necessidade de proximidade. «Somos todos distintos, por isso precisamos de ouvir. Só seremos relevantes se soubermos o que é relevante para quem está connosco. Somos uma empresa cada vez mais inovadora, com parcerias que geram valor, com pessoas que pensam fora da caixa, mas também com pessoas que conhecem e se desafiam há vários anos numa empresa em transformação.»

Reiterando que 2020 foi um ano sem precedentes, Maria Ana Marques reforça a importância de seguir em frente, por isso a Galp quer focar-se no que aprendeu, no que pode fazer melhor e no que é importante para as comunidades onde actua. «Acreditamos que o Employer Branding não está assente em publicações nas redes sociais, mas sim nas pessoas e, sobretudo, nas nossas pessoas. Mas não nos podemos iludir, o Employer Branding só existe se entregarmos uma employee experience única e um porto seguro enquanto empresa às nossas pessoas, pois, como em qualquer relação humana, uma pessoa feliz é uma pessoa que confia e se entrega.»

Conclui: «Ainda não sabemos o que irá acontecer, o que virá do Employer Branding do futuro. Sabemos que somos uma grande marca e resiliente, mas temos de ser mais do que isso: temos de ser apaixonantes, de ser criativos, e, sobretudo, de arriscar. Sabemos que temos de estar na linha da frente, olhar para as tendências, e construir um caminho com os dados que recolhemos junto das nossas pessoas. Andy Brown, o nosso CEO, quer ver a Galp não só prosperar durante a transição energética, mas que também seja um óptimo lugar para se trabalhar, onde todos se sintam apoiados e respeitados. Um lugar onde todos dedicam os seus esforços para vencer a concorrência e satisfazer os clientes. A Galp vai continuar a apostar na relação entre a entidade empregadora e o colaborador, a qual é tão mais forte quão mais fizermos por ela, e por isso não paramos, não podemos parar, está nos nossos genes não parar porque energia cria energia.»

 

Este artigo faz parte do Especial “Employer Branding”, publicado na edição de Abril (n.º 124) da Human Resources, nas bancas.

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