Marlene Franco, Oney Bank: «Temos algumas funções 100% remotas numa clara resposta à escassez de talento»

Como a maioria das empresas, o Oney Bank fez adaptações à sua forma de trabalhar, mas o que não mudou foi aquilo que, acreditam, os distingue no mercado: «A vertente humana na tomada de decisão e o facto de ver cada colaborador como uma pessoa única», sem esquecer a importância de «manter a identidade, os valores e a missão, ou seja, a cultura organizacional».

Por Sandra M. Pinto

 

Há 37 anos, surgia em França o Oney Bank. Nascida do sector do retalho, a empresa de soluções de pagamento e de serviços financeiros viria a iniciar actividade em Portugal no ano de 1994, mercado onde acredita ter contribuído para o crescimento do negócio dos seus parceiros e para uma melhoria da gestão financeira. «São quase três décadas a actuar como parceiro na transformação do comércio português, dando a todos a possibilidade de melhorar o seu dia-a-dia, transmitindo uma visão positiva de consumo, que pode ser um vector de sustentabilidade para o benefício de comerciantes e de clientes», destaca Marlene Franco, directora de Recursos Humanos da instituição.

Com cerca de 400 colaboradores em Portugal, o Oney Bank, como todas as empresas, tem vivido tempos desafiantes. Mas encarou a pandemia «com determinação. A nossa primeira prioridade foi implementar o teletrabalho e colocar os nossos colaboradores em segurança», recorda a responsável, acrescentando que a estratégia de negócio se manteve inalterada, assim como os projectos estratégicos. «Felizmente, tivemos a capacidade de manter a nossa estrutura humana, o que é um óptimo sinal de robustez, sendo que o foco dos nossos processos de recrutamento é direccionado para a concretização desses mesmos projectos.»

Não obstante, Marlene Franco não esconde que trouxe desafios à Gestão de Pessoas. E identifica três principais: o processo de recrutamento, a atracção de candidatos e o onboarding de novos colaboradores. O processo de recrutamento teve de ser ajustado ao modelo digital, «desafio superado graças à colaboração de todos», garante. Em relação à atracção de talento, existiram várias fases: «Primeiro, o receio da mudança, depois a altura em que os candidatos compreenderam que o mercado continuava dinâmico e activo e, por fim, quando voltaram a mostrar abertura para aderir a novos projectos.» Para acolher as novas contratações, foi criado o programa You & Oney, totalmente digital e acessível através da Intranet, que potenciou contactos regulapreres com os recursos humanos, os managers e as equipas.

Ainda que tenha assumido novos contornos, a atracção e retenção de talento não é um desafio novo. Na visão da directora de Recursos Humanos, é mesmo um dos grandes desafios da Gestão de Pessoas, em particular, e das empresas, em geral. «Num mundo plural, temos de conseguir chegar a todos, mas mantendo a identidade, os valores e a missão, ou seja, a nossa cultura», defende. «A nossa é baseada na liberdade, no respeito e no entusiasmo.» Nesta jornada, o employer branding surge como uma ferramenta essencial, para «reflectir para fora tudo o que nos diferencia. Assim, o nosso caminho passa por comunicar todas as boas práticas que temos e vivemos internamente.»

 

Quatro eixos fundamentais
No Oney Bank, a gestão de Recursos Humanos assenta em quatro eixos: pessoas, engagement, bem-estar e flexibilidade. «Somos uma empresa que promove uma cultura de feedback, todas as nossas ferramentas de avaliação são facilitadoras dessa cultura e promotoras do diálogo», realça Marlene Franco. «A flexibilidade é aliada da autonomia, por isso é incentivada a responsabilidade individual através da flexibilidade horária e da política de teletrabalho. Os colaboradores podem escolher três dias por semana em teletrabalho, e apoiamos todos nas despesas que tenham com o trabalho em casa, com a entrega anual de 120 €.»

Em 2020, o mercado laboral assistiu a alterações nos modelos de trabalho, como forma de dar resposta à pandemia de COVID- 19. E muitas não equacionam “voltar atrás”, incluindo o Oney Bank, e depois da adopção, num primeiro momento, do teletrabalho a 100%, existe agora um regime de trabalho híbrido, «uma vez que o presencial nos parece fundamental para sentir os valores e a cultura da empresa, promovendo a proximidade e interacção entre todos», acredita a responsável.

Este foi o modelo que os colaborad ores da empresa preferiram, e a política do Oney Bank prevê casos excepcionais, em que colaboradores podem estar 100% em teletrabalho, por exemplo para apoiar na gestão de situações familiares delicadas. «Temos ainda algumas funções 100% remotas, numa clara resposta à escassez de talentos em determinadas áreas, mas também numa contribuição para a não desertificação do interior do País», acrescenta Marlene Franco, garantindo que o modelo de trabalho híbrido veio para ficar. «Sem dúvida que sim. Utilizaria até a célebre frase de Lavoisier: nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.»

Tendo ouvido os colaboradores relativamente ao modelo de trabalho a implementar, a empresa fez igualmente questão de saber como as suas pessoas se tinham adaptado ao trabalho em equipa à distância e de que forma mantiveram a relação com as equipas de gestão. Nas palavras da directora de Recursos Humanos, «foi muito gratificante receber os inúmeros feedbacks dos colaboradores quanto às suas chefias, uma vez que se sentiram acompanhados e próximos, o que só pode ser um motivo de orgulho para mim e para o Oney».

Também flexível é a política de benefícios do Oney Bank. Através da plataforma 100% digital OneyFlex, os colaboradores podem escolher e gerir os benefícios flexíveis, de acordo com as suas preferências e estilo de vida, sendo que também ali vão encontrar um exclusivo Clube de Descontos.

Já para promover o bem-estar físico e emocional dos colaboradores, a instituição bancária têm vindo a ser implementadas várias iniciativas, como workshops, aulas de desporto e ginástica laboral, além do “Programa de Apoio ao Colaborador”, que dá acesso a um conjunto de serviços gratuitos, com o objectivo de promover o equilíbrio entre a sua vida pessoal e profissional, fazendo face às mais variadas situações, desde aconselhamento legal e financeiro a apoio psicológico, entre outros.

 

Vertente humana
Ao longo dos últimos meses, o Oney Bank tem sondado quais as necessidades actuais dos seus colaboradores de forma a, se for esse o caso, implementar uma nova estratégia de Recursos Humanos para as satisfazer. Marlene Franco partilha que as necessidades identificadas prendem-se, sobretudo, com os novos modelos de trabalho, com uma forte predominância na aposta contínua em ferramentas digitais que tornem os seus colaboradores mais autónomos e foco na flexibilidade, numa cultura de desenvolvimento, feedback e confiança.

É precisamente aqui que surge reforçada a importância de um bom employer branding que, como afirma a responsável, «está presente em cada acção que implementamos porque, simplesmente, cada acção é pensada e organizada com os colaboradores, envolvendo-os e tendo em conta a sua perspectiva, uma vez que para nós o employer branding está ao alcance de cada colaborador enquanto embaixador do Oney. O cliente interno é tão importante como o cliente externo», garante. «Começámos a trabalhar internamente para que esse trabalho se reflicta externamente, afinal os nossos colaboradores são os melhores embaixadores da marca e da empresa. Todos os dias trabalhamos para ter um impacto positivo nos colaboradores, clientes, parceiros e sociedade civil, contribuindo, de algum modo, para o crescimento de cada uma destas partes.»

Neste âmbito, Marlene Franco faz ainda notar que a sustentabilidade é também um pilar estratégico da empresa. E assumem o objectivo de conseguir que os colaboradores se sintam motivados a ajudar a sociedade, disponibilizando meio dia de trabalho para voluntariado, além de dinamizar acções relacionadas com a promoção de um consumo mais responsável.

Sobre se o Oney Bank é uma boa empresa para trabalhar, Marlene Franco não hesita na resposta: «Mais do que uma boa empresa, somos a melhor empresa para trabalhar, pois somos uma empresa com princípios éticos e valores que implementamos diariamente. Aquilo que nos distingue no mercado é a nossa vertente humana na tomada de decisão e o facto de vermos cada colaborador como uma pessoa única.»

Perspectivando o futuro, a responsável está consciente de que há um caminho a percorrer relativamente à cultura de feedback e de self-learning. «Hoje, querer aprender é poder. O tão falado reskilling não é mais do que aprender coisas novas, novas formas de trabalhar, daí a criação desta cultura e mindset ser hoje uma prioridade para nós.»

A directora de Recursos Humanos termina sublinhando que acredita que «pessoas motivadas, envolvidas, informadas e com vontade de crescer são a verdadeira força para o crescimento de um negócio, por isso, no Oney, a nossa missão é facilitada por termos uma forte cultura de pessoas».

 

Este artigo foi publicado na edição de Janeiro (nº.133)  da Human Resources, nas bancas.

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