Metade dos portugueses não denuncia más condutas no trabalho

Comparados com outros sete povos europeus, Portugal é o menos propenso a reportar as más situações no local de trabalho. É uma das conclusões do estudo do Institute of Business Ethics, em parceria com a Católica Porto Business School.

 

Ao analisar oito países europeus, os colaboradores portugueses revelam-se uma excepção, pois um terço dos trabalhadores na Europa, quando têm conhecimento de actos de má conduta laboral, têm mais facilidade em fazê-lo.

Os dados também nos revelam que dos 35% dos colaboradores nacionais que tem conhecimento destes comportamentos, 52% indicam terem assistido a comportamento inapropriado, 38% testemunhou comportamentos abusivos e 28% refere o registo incorrecto do número de horas trabalhadas.

Quanto ao comportamento não-ético feito pelos próprios, 22% dos colaboradores portugueses admitem, inclusive, terem desrespeitado os padrões éticos da empresa devido à pressão do tempo (36%), à escassez de recursos (29%) e, também, para cumprir ordens superiores (26%).

A nível europeu, 16% dos trabalhadores sentiu, de alguma forma, pressão para ignorar padrões éticos. Quando olhamos para nacionalidades, os trabalhadores do Reino Unido são os mais propensos a reportar situações (67%) e os portugueses são os menos disponíveis para o fazer (51%).

A análise mostra que 30% dos colaboradores europeus teve, durante o ano de 2017, conhecimento de algum tipo de má conduta, sendo, neste ponto, o tratamento inadequado o mais mencionado (por 46%).

Os colaboradores europeus estão, contudo, agora, mais propensos a denunciar este tipo de conduta (54% daqueles que estavam cientes desta conduta denunciaram o abuso, uma melhoria em relação a 2015).

Quanto aos motivos para não reportar os problemas, o facto de não acreditarem que seriam tomadas medidas para alterar a situação, que os abusos não são um assunto directamente da sua responsabilidade ou que a denúncia poderia comprometer o seu trabalho são os mais apontados.

Os dados referem, contudo, que, para os gestores, as pequenas falhas éticas têm tendência para, com o tempo, se tornarem mais toleráveis, sendo que 30%refere mesmo que, numa organização moderna, estas questões são inevitáveis.

A entidade que colaborou com este estudo no nosso país foi a Católica Porto Business School. O inquérito – o único na Europa que fornece dados reais sobre a visão que os colaboradores têm sobre esta matéria.

O relatório – apresentado pela primeira vez em 2005 – questiona os colaboradores sobre a forma como respondem aos dilemas éticos que surgem no quotidiano laboral, analisando a forma como têm conhecimentos de más práticas, se as reportam e, ainda, e caso não o façam, o que os impede de o fazer.

O estudo foi realizado pelo Institute of Business Ethics a 6119 colaboradores, de oito países europeus – Portugal, Espanha, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Suíça e Reino Unido –, entre 5 e 25 de Fevereiro de 2018. A Católica Porto Business School é o parceiro nacional do IBE para apoiar este estudo.

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