Miguel Fernandes, Witseed: «Um líder tem de conseguir aprender com outros e levar novas aprendizagens para a empresa.»

Reconhecida como a Netflix para empresas, a sua missão é ajudar as organizações a capacitar os colaboradores nas competências necessárias para crescerem no ambiente profissional. A brasileira Witseed prepara-se para entrar no mercado nacional e a Human Resources Portugal conversou com o seu Chief Technology officer, Miguel Fernandes.

Por Tânia Reis

 

As soft skills têm sido o foco das empresas na selecção de cursos e Miguel Fernandes acredita que as temáticas da comunicação de alto impacto e o pensamento crítico e analítico dominarão as tendências este ano. Os planos para Portugal, passam por criar uma academia de ESG com cinco a dez empresas para definir que aprendizagens são fundamentais nestas áreas. Para tal, prevêem contratar e procuram pessoas “frentex”.

Qual é o objectivo da Witseed?

A Witseed pretende inovar a formação empresarial das empresas ao fornecer uma plataforma digital, personalizada ao percurso profissional de cada um dos colaboradores, em formato de video streaming. Dentro da Witseed, é possível monitorizar as horas de formação e visualizar quais os temas mais consultados dentro da empresa.

Já estão no mercado brasileiro há cinco anos. Que balanço faz?

Com mais de 30 clientes, a Witseed nasceu em 2017 no Brasil e cresceu 60% em 2022, número que pretendemos duplicar este ano – de uma forma sustentável, claro. O objectivo no longo-prazo é gerir os recursos de uma forma eficiente e criar uma relação de parceria com os nossos clientes, algo que nos destaca no mercado. Queremos aproveitar 2023 para crescer internacionalmente, nomeadamente, em Portugal.

Que mudanças relevantes nos conteúdos formativos destaca nestes últimos anos?

Em relação aos conteúdos formativos, nos últimos anos temos vindo a identificar que a crescente adesão por parte dos profissionais ao Youtube está a alterar os conteúdos. São vídeos com cortes rápidos, elementos dinâmicos e gráficos com impacto. Na verdade, tem vindo a adquirir um tom de entretenimento.

Disponibilizam formação e são reconhecidos como a Netflix para empresas. A que se deve essa comparação?

Associamos a Witseed à Netflix devido às semelhanças com o algoritmo de recomendação de séries e filmes. Além disso, partilhamos um posicionamento diferenciador, sendo que a Netflix foi pioneira no mercado de streaming on-demand para conteúdo de entretenimento e a Witseed para a formação e aprendizagem.

Quais os cursos mais escolhidos pelas empresas?

Temos vindo a identificar que as empresas seleccionam cursos com impacto nas soft skills. Isto é, cursos relacionados com produtividade, nomeadamente o nosso “campeão” denominado de “gatilhos mentais de produtividade”. Ademais, existe uma grande adesão a temáticas como a comunicação de alto impacto e ainda o pensamento crítico e analítico.

Quais acredita que vão ser os mais procurados no futuro próximo?

No futuro, esperamos ver um aumento na adesão a cursos focados na comunicação e no pensamento crítico.

Além das hard skills, também têm cursos dedicados às soft skills. Quais as mais procuradas e quais considera mais importantes no actual mercado de trabalho?

As soft skills são sem dúvida o nosso foco. Actualmente, como referido anteriormente, a preferência vai para o pensamento crítico e a produtividade. Destacar ainda que o mercado de trabalho pretende contratar talento que, para além de proactivo, é ágil e eficaz.

A Witseed é uma das vencedoras do Programa Banco Montepio Acredita Portugal e o próximo passo é entrar no mercado nacional. Quando prevêem que tal aconteça e porquê a escolha do mercado português?

Idealmente, a entrada no mercado português será feita ainda este ano, apoiada também pela ajuda que recebemos no Programa Banco Montepio Acredita Portugal da Unlimit. Fazemos um balanço muito positivo desta participação, uma vez que a Unlimit está a conectar startups e empresas há mais de 12 anos e que está a fazer o mesmo por nós.

Portugal representa uma porta aberta para a entrada no mercado europeu, algo que também captou a nossa atenção. Acima de tudo, o país tem um papel importante dentro da área dos serviços partilhados, uma modalidade presente numa grande parte das empresas que contrata serviços especializados, com o objectivo principal de diminuir os custos fixos em algumas actividades.

Que objectivos estabeleceram no curto e longo prazo?

No curto prazo, queremos criar uma academia de ESG com cinco a dez empresas em Portugal. O objectivo é que estas representem um conselho de aprendizagem que consiga definir o que é fundamental nesta área que é cada vez mais relevante.

No longo prazo, gostaríamos de responder à pergunta “como é que eu calculo o aumento da proactividade que um profissional adquire através de uma formação?”. Uma conclusão que quero alcançar dentro de cinco anos, até porque é essencial para avaliar o valor que acrescentamos aos nossos clientes.

Que desafios e oportunidades esperam encontrar?

Como trabalhamos diariamente com milhares de pessoas, conseguimos recolher dados importantes que nos permitem prever o que é que o mercado vai necessitar daqui a um ou dois anos. Toda esta informação é valiosa para identificar oportunidades por explorar.

Quais considera ser as principais necessidades a nível formativo das empresas em Portugal?

Em Portugal, o desafio é, sem dúvida, apresentar planos de formação que consigam envolver o profissional no conteúdo e no processo de aprendizagem. Idealmente, teremos de ultrapassar este desafio para conseguirmos aumentar a produtividade.

E dos líderes?

A formação do líder tem uma particularidade, pois esta é menos online do que o habitual. No Brasil, reunimos todos os directores de recursos humanos dos nossos clientes e trocamos aprendizagens. É uma reunião essencial em que cada um apresenta os desafios e oportunidades que encontrou, com o objectivo de promover a entreajuda. Para um líder, o principal é conseguir aprender com outros e levar novas aprendizagens para a empresa.

Quantas pessoas integram actualmente a Witseed e quais os principais desafios na sua gestão?

Actualmente somos 30 profissionais de excelência na Witseed. Consideramos que o nosso principal desafio é aumentar o nosso indicador principal que contabiliza as horas de um profissional gastas em formação. Por outro lado, temos o desafio comercial que está relacionado com o nosso processo de internacionalização que envolve a entrada em Portugal.

Prevêem contratar em Portugal?

Actualmente temos um escritório em Portugal e iremos, em 2023, contratar em Portugal para as áreas de vendas e, principalmente, para a produção de conteúdo.

Qual o “perfil-tipo” (género, idade, formação, etc.) do colaborador da Witseed?

Dentro da Witseed temos um pouco de tudo. Profissionais em início de carreira, com cerca de 20 a 30 anos de idade e ainda uma equipa de liderança, com seis pessoas, entre os 35 e os 45 anos. Uma grande parte da Witseed é formada em engenharia, recursos humanos, educação, cinema e tecnologia. São áreas diversas que nos permitem partilhar conhecimento entre todos e melhorar a plataforma da Witseed diariamente.

Quais as competências/características que mais valorizam nas vossas pessoas?

No fundo, as mesmas capacidades que são procuradas no mercado. Valorizamos a criatividade, proactividade, pensamento crítico e a motivação. Acima de tudo, queremos profissionais que gostem do que fazem e que tragam esta paixão quase contagiante para a empresa. Na Witseed somos mestres em pessoas “frentex”, que querem experimentar tudo, estar sempre a par das novas tecnologias e tendências, esta curiosidade natural é fundamental para o sucesso.

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