Ministra destaca papel cada vez maior das mulheres na Ciência, mas defende que é preciso mais

A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato destacou o papel cada vez maior das mulheres no contexto científico e de inovação, mas defendeu o reforço do seu envolvimento, «fundamental para aumentar a capacidade inovadora do país».

«Estou convicta que um maior envolvimento e reconhecimento das mulheres nas actividades de investigação e desenvolvimento é fundamental para aumentar a capacidade inovadora em Portugal e para a criação de um mundo mais sustentável e equilibrado», afirmou a ministra.

Elvira Fortunato falava durante a conferência sobre «Propriedade Industrial, Sustentabilidade e o Futuro do Planeta», que está a decorrer até terça-feira no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.

Num painel dedicado à igualdade de género na ciência e inovação, a ministra afirmou que, atualmente, as mulheres têm já um «papel de extrema relevância» na inovação, referindo que, entre 2010 e 2019, Portugal tinha a segunda percentagem mais elevada de mulheres inventoras na Europa (27%, em comparação com a média europeia de 13%).

«No entanto, as evidências apontam que se não fizermos mais e mais rápido, podemos demorar cerca 300 anos a concretizar a igualdade de género», alertou.

«A participação das mulheres enquanto inventoras tem tido uma trajetória crescente, mas bastante desequilibrada quando comparada com o número de pedidos [de registo de patentes] dos inventores que são homens», acrescentou.

Por outro lado, a ministra defendeu também o fortalecimento das relações entre sistema científico e o ecossistema empresarial, sublinhando que «a história da ciência e da inovação está cheia de mulheres notáveis, cujas invenções mudaram as nossas vidas».

No mesmo painel, participou também a secretária de Estado para a Igualdade e Migrações, que alertou para desigualdades no acesso ao mundo digital que «afectam desproporcionalmente as mulheres», bem como a violência online contra mulheres.

Isabel Almeida Rodrigues considerou ainda que não compreender nem intervir no âmbito desses impactos diferenciados vai aprofundá-los e defendeu que «todas as políticas devem ter em conta, de maneira sistemática e em todo o seu processo, a especificidade e as situações das necessidades das mulheres».

«O mundo digital é de oportunidades», acrescentou, avisando, no entanto, que pode se «a oportunidade de densificar desigualdades e discriminações se não adotarmos as medidas necessárias para contrariá-lo».

A perspectiva é semelhante no outro lado do Atlântico, segundo a directora-geral do Instituto Nacional de Propriedade Industrial do Chile, que concordou com as desigualdades de género na transformação digital, conduzida, sobretudo, por homens.

«Se as mulheres tiverem uma participação mais activa na criação desta tecnologia, a diferença de género será diminuída», sustentou María Loreto Bresky.

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