Modelos flexíveis: o(s) elefante(s) na sala

Foi o tema de um dos painéis da XXI Conferência Human Resources, que se realizou já no corrente mês de Julho, e foi também o tema em destaque à volta da mesa. Porque já ninguém afirma que o futuro do trabalho é flexível, ponto. É mais, o futuro do trabalho é flexível, mas.

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

Depois de mais de um ano e meio de pandemia, e passado o “modo sobrevivência”, com a adrenalina e até sentido de missão em valores elevados, já são poucos (ou muito menos, sobretudo entre as lideranças) aqueles que defendem “sem restrições” o trabalho remoto. Reconhecendo que o futuro próximo terá necessariamente de ser mais flexível – «porque a pergunta sobre os modelos de trabalho já surge entre a segunda mais feita pelos candidatos nas entrevistas de emprego, logo a seguir ao salário» –, também já se afirma que não para todos, nem para todos de igual forma. Assim, a questão não será se vai ou não ser adoptado o modelo híbrido (sendo preciso não esquecer que, em muitas empresas, talvez a maioria, isso não é sequer uma possibilidade para a maior franja de colaboradores), mas como o implementar: se com maior ou menos flexibilidade, ou imposto.

Um dos elefantes na sala é o facto de nem todos os profissionais terem o perfil e competências para assumir a maior responsabilidade e disciplina associada à flexibilidade: «Nem todos nas nossas empresas serão merecedores dessa confiança. E é preciso assegurar os resultados, sem sobrecarregar quem mais entrega e valor traz.» Há ainda outros temas, como a manutenção da cultura organizacional, sobretudo para os “newcomers”, o engagement e espírito de equipa… mas todos concordam que será preciso dar liberdade às empresas para trazer os colaboradores de volta e começar a testar modelos, em segurança.

O almoço do Conselho Editorial decorreu no Vila Galé Ópera e contou com a presença de: Carla Gouveia (executive coach), Nuno Ferreira Morgado (PLMJ), Nuno Troni (Randstad), Pedro Fontes Falcão (ISCTE Executive Education), Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida), Rui Piteira (Tabaqueira), Teresa Cópio (Dom Pedro Hotels) e Vanda de Jesus (Portugal Digital).

Artigo publicado na Revista Human Resources n.º 127, de Julho de 2021

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