Na semana que vem começa o NOS Alive. E há uma coisa que está a melhorar a experiência nos festivais de música

Um estudo conduzido por investigadores do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), em Coimbra, afirma que a presença de Inteligência Artificial (IA) nos eventos tem um impacto significativo na experiência dos festivaleiros, pois aumentam os níveis de diversão, de segurança e de confiança no próprio festival.

 

Através de chatbots que respondem em tempo real, de recomendações personalizadas de artistas, de experiências extra-musicais no próprio evento ou de sistemas de bilheteira inteligentes, a IA está a contribuir para festivais que dão mais prazer aos espectadores devido a uma adaptação mais directa aos gostos de cada pessoa e a uma organização mais eficiente.

«Quando a informação disponibilizada pelo festival é clara, e as aplicações, sites e redes sociais que o integram funcionam de forma eficaz, o público sente-se mais confiante, mais envolvido e mais predisposto a confiar no evento e nas marcas presentes», afirma João Lopes, professor do ISMT e o investigador que coordenou o estudo “Festivals in Age of AI: Smarter Crowds, Happier Fans”. «É precisamente neste ponto que a Inteligência Artificial revela o seu verdadeiro potencial: ao facilitar interações simples, úteis e personalizadas, ela contribui para uma experiência mais intensa, onde o público sente que cada detalhe foi pensado para si».

O estudo do Instituto Superior Miguel Torga analisou as respostas de festivaleiros portugueses que participaram em eventos onde a IA esteve presente. Segundo o artigo publicado na revista científica Tourism and Hospitality – e que tem a co-autoria de Ilda Massano Cardoso e Camila Granadeiro – quando tudo corre de forma harmoniosa, a percepção que o festival está verdadeiramente empenhado em proporcionar uma boa experiência reforça o vínculo emocional com o evento.

Entre os benefícios identificados, destaca-se a capacidade da IA para reduzir frustrações comuns, como longas esperas ou a falta de orientação para diversas funcionalidades. Os sistemas inteligentes facilitam o acesso à informação, adaptam-se aos gostos individuais e ajudam o público a gerir melhor o seu tempo, o que contribui para experiências mais personalizadas e positivas.

Essa satisfação reflecte-se também no “boca-a-boca electrónico” (“electronic word of mouth” – eWOM), com mais participantes a partilharem opiniões positivas nas redes sociais, algo que, de acordo com os investigadores, tem hoje um peso determinante na reputação de marcas e eventos.

«Se a tecnologia acrescenta valor de forma discreta e eficaz, deixa de ser percebida como uma intrusão e passa a ser desejada», afirma o docente do ISMT. «A chave está na fiabilidade, na clareza da comunicação e na capacidade de antecipar as necessidades do público». Para João Lopes, outro dado relevante do estudo é a ligação direta entre experiências memoráveis e a aceitação da tecnologia: os participantes que viveram momentos mais marcantes foram também os que mais demonstraram abertura à utilização de soluções de IA no futuro.

«Quando a Inteligência Artificial contribui para simplificar é recebida não como uma ameaça, mas como um reforço natural da experiência», afirma o investigador do Instituto Superior Miguel Torga.

Para os organizadores de eventos, a mensagem do estudo é clara: investir em Inteligência Artificial é uma vantagem competitiva se a sua aplicação for centrada no utilizador e orientada por critérios de transparência, funcionalidade e relevância. O estudo oferece também pistas sobre o potencial transformador da IA nos eventos culturais. «Se for colocada ao serviço da experiência humana, a tecnologia revela-se uma aliada poderosa para criar festivais mais organizados, mais conectados e, acima de tudo, mais felizes», conclui o artigo da Tourism and Hospitality.

Ler Mais