Isabel Barros: «Na Sonae MC somos todos candidatos a líder»

Desenvolver as lideranças é um dos pilares estratégicos da Gestão de Pessoas na Sonae MC, valorizando os líderes inspiracionais e que trabalham, cada vez mais, numa matriz colaborativa.

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

«Mós não somos ego, somos equipa.» É assim que Isabel Barros, administradora e chief Human Resources officer da Sonae MC descreve o espírito colaborativo que se promove na empresa que, com mais de 32 mil colaboradores, é a maior do Grupo Sonae. Quando, em 2016, lhe foi lançado o desafio da transformação cultural da Sonae MC, uma «organização muito burocrática e hierarquizada, que precisava ser modernizada», aceitou imediatamente. Passado um ano já estava na Comissão Executiva e hoje é administradora da empresa. Em entrevista à Human Resources, fala da importância de valores como a ética e a inovação, das prioridades que assumem actualmente em termos de Gestão de Recursos Humanos e de como se tornaram uma “escola de líderes”. Porque as pessoas, essas, estão do centro da estratégia desde a criação da Sonae.

Antes de mais, e porque existe alguma confusão nesta distinção, o que é a Sonae MC?
A Sonae MC é a maior empresa do Grupo Sonae, líder no sector de retalho alimentar em Portugal, com um histórico de mais de 30 anos de crescimento contínuo impulsionado pela expansão da sua rede de lojas, gerindo um portefólio diversificado de insígnias, formatos e canais. As nossas insígnias são o Continente, Continente Modelo, Continente Bom Dia, Meu Super, Well’s, Bagga, Go Natural, Note, Zu, Maxmat e Sonae RP.

Mas se falarmos nas marcas Continente ou Well’s, por exemplo, toda a gente sabe do que se está a falar; se falarmos em Sonae MC, que existe desde 1985, já não. Por que é que isto acontece?
É propositado que a maior notoriedade seja para as marcas e não para a empresa? Quando fazemos a abordagem ao mercado, fazêmo-la muito pelas nossas marcas comerciais. O MC vem do Modelo e do Continente, foi assim que nasceu a marca, há mais de 30 anos, com a abertura do primeiro Continente, em Matosinhos. Não é de facto uma marca conhecida para os clientes, mas é uma marca muito relevante para os colaboradores e alguns dos nossos stakeholders institucionais. Somos hoje cerca de 32 500 pessoas na Sona MC, cuja pluralidade não se esgota nas clássicas diversidades de género ou etária, mas se desdobra em inúmeras formas de pensar, e isso agrega grande valor à nossa marca.

É efectivamente uma marca conhecida sobretudo pelos nossos clientes internos, mas todas as marcas que a compõem têm e vão continuar a ter muita notoriedade. É através delas que comunicamos e criamos compromisso com os clientes. A marca Sonae MC, enquanto agregadora das insígnias referidas, tem, ela própria, a sua notoriedade e o seu propósito.

E se falarmos em termos de Employer Branding, continua sem ser “relevante”?
A Sonae tem um peso e uma notoriedade muito forte, que se sobrepõe a qualquer outra designação de governance que possamos criar, e também a força das nossas marcas, que são muito atractivas. A Sonae MC é trabalhada mais numa lógica de orgulho e de identidade dentro de um Grupo.

O vosso universo de colaboradores ultrapassa as 32 mil pessoas e são o maior empregador privado em Portugal na área do retalho… Como é que se gere essa “massa” humana, dispersa pelo nosso país?
Tendo muito claro quais são os nossos valores e propósito só é possível avançar com o barco à velocidade que temos vindo a avançar tendo muito claro quais são os nossos valores e propósito. A Sonae e a Sonae MC comungam de uma carta de valores muito sólida. Os que estão mais presentes são a ética, a inovação e as pessoas.

Depois, através dos nossos líderes, capacitamos e delegamos, nas lideranças nos vários níveis da organização, a responsabilidade de gerir e desenvolver diariamente as nossas pessoas e equipas, e assim garantir que todas as nossas políticas e práticas estão a ser disseminadas localmente. Acreditamos ser este um dos motivos por que somos reconheci- dos como uma Escola de Líderes.

As práticas consistentes acabam por se enraizar na matriz de valores Sonae. Temos inclusive um livro, do qual nos orgulhamos muito, intitulado “À nossa maneira”, que descreve precisamente aquilo que somos enquanto líderes, co- legas e pessoas.

Actualmente, quais são os principais desafios que vocês têm em termos de Gestão de Pessoas?
Naturalmente que são muitos, mas destacaria três: liderança, cultura de bem-estar, e talento. A liderança continua a ser o nosso grande desafio. Trabalhamos com quatro gerações dentro da empre- sa, e com o crescimento que temos tido, sempre com novas pessoas a chegar, há
uma necessidade permanente de actualização. Sobretudo nas lideranças mais operacionais, muito boas a nível funcional, na orientação para os resultados e a desenvolver projectos. Que- remos desenvolver ainda mais a vertente do líder inspiracional, que influencia, que desenvolve. O líder coach.

Para o desenvolvimento das lideranças, estamos a apostar no coaching e no mentoring. É uma prioridade, até porque os colaboradores também o pedem. Nas ava- liações 360 que fazemos, em que também os líderes são avaliados, os coboradores têm-nos dado esse feedback. Querem sentir que têm alguém preocupado com o desenvolvimento da sua carreira. Por isso, nesta vertente, promovemos também a gestão activa de carreira. Por outro lado, é através destas lideranças operacionais que os nossos valores chegam a todos os níveis da empresa.

Leia a entrevista na íntegra na edição de Abril da Human Resources, nas bancas.

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