Não! Não Vale Tudo! O Regresso à Ética e aos Valores

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

A dicotomia da nossa existência passa sempre por escolhas, desde o escolher uma cor que é branca ou preta, apostar no é ou não é, aparecem sempre como decisões difíceis, já que o mais fácil é escolher o cinzento ou optar pelo talvez. E isto em todos os domínios: por isso aparecem sempre votos brancos e nulos, ou níveis de abstenção elevadíssimos. Nas organizações, por exemplo, quando se pede a avaliação de alguém, reza-se para que a escala seja ímpar, para se canalizar a decisão para o valor intermédio. Por isto tudo, há fortemente instalada a designada cultura do NIM.

Mas este tipo de Cultura não é o maior dos males. Até porque não escolher é uma opção individual e supostamente responsável. O mal maior é quando se atropelam terceiros, em prole exclusivo dos respetivos interesses. Umas vezes por via da arrogância, outras por sentimentos mais recônditos do ser humano, às vezes por disfarce de competências distorcidas, mas mais prejudicial quando se interfere na progressão de pessoas ou em prejuízo do negócio. Há quem privilegie “correr em pista própria”, o que poderá ser vantajoso para o próprio, mas não certamente para o objetivo final de uma equipa ou de uma organização.

Por isso, Não! Não vale tudo! Apesar do que temos assistido ultimamente, nem na guerra vale tudo. E, neste caso, percebemos bem o que sucede quando não respeitamos uma Ética de atuação, ou os Valores fundamentais da existência humana. Se é que a guerra servirá de alguma coisa, é o percebermos o que verdadeiramente acontece quando não se respeitam Ética e Valores, quando são tão só desprezados. Na guerra, há vítimas, independentemente da sua natureza. Na Sociedade e nas Organizações… sim, também existem vítimas e prejuízos significativos. Sendo que, tal como na guerra, se atingem Pessoas.

Não, não vale tudo. O fator de desenvolvimento pessoal faz-se pelo desenvolvimento de competências, e em particular do ponto de vista comportamental. Pelo facto de liderar, não implica obstruir quem me lidera, seja de forma transitória ou permanente. Tenho de aceitar tudo? Certamente que não! Mas este facto conduz-me a puxar o tapete? Não! E voltamos ao NIM. É aqui que o devemos eliminar: a minha escolha, não tem de ser igual à do meu interlocutor. Mas certamente a comunicação facilitará o processo. Em particular se ambos nos comportarmos de forma ética e entendermos a dimensão dos Valores.

A Ética assegura a sobrevivência organizacional, incluindo a sua reputação, traduzindo-se nos resultados de dada ação. No fundo podemos mesmo afirmar que é o comportamento de uma Organização, em particular quando age em conformidade com um conjunto de princípios morais e com as regras aceites no ambiente em que se movimenta, seja na Sociedade, seja numa Organização, seja numa equipa.

Assim, agirmos de forma dúbia, com soluções de reduzida transparência, aniquilarmos a relação com outros, por motivos de interesse individual e, também, fraca lisura de ações comportamentais, conduz, certamente, a um ónus que pode conduzir à destruição de uma Marca. E muitos exemplos existem ao longo dos tempos e, em alguns casos, de forma muito célere.

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